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Instituições beneficentes: uma boa ideia, um mundo de possibilidades

Como pessoas comuns se dedicam ao bem-estar do outro e mostram que ajudar é pura força de vontade Por Jéssica Soler (soler.j.sol@hotmail.com) Contrariando o pensamento de parte da população, ajudar o próximo não implica em possuir dinheiro ou bens financeiros, mas sim em disposição, persistência e muita força de vontade. A sociedade está repleta de …

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Como pessoas comuns se dedicam ao bem-estar do outro e mostram que ajudar é pura força de vontade

Por Jéssica Soler (soler.j.sol@hotmail.com)

Contrariando o pensamento de parte da população, ajudar o próximo não implica em possuir dinheiro ou bens financeiros, mas sim em disposição, persistência e muita força de vontade. A sociedade está repleta de belas histórias e exemplos de vida que demonstram que nem tudo está perdido.

De acordo com dados fornecidos pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), até o ano de 2005, estavam registradas mais de 330 mil instituições com fins não comerciais (Fundações Privadas e Associações sem Fins Lucrativos) no país.

Esse número poderia ser bem maior se na conta fossem incluídas todas as organizações não formalizadas, ou seja, sem registro oficial em cartório. O que se observa, porém, é que muitas das pessoas que desejam ou já pensaram em fazer o bem ao próximo de alguma maneira desistem ainda no início, seja por falta de coragem, tempo ou mesmo por medo de abandonar um projeto pela metade.

Associação, fundação, ONG, instituição?

Em princípio, é necessário apresentar os diferentes tipos de organização de caridade existentes. São inúmeras as nomenclaturas atribuídas a uma união de pessoas que contribui com a sociedade sem aspirar a algo em troca. Por isso, as definições dos significados de cada uma delas são importantes para a compreensão da questão.

As únicas organizações do terceiro setor consideradas pelo Código Civil Brasileiro são associações e fundações. ONGs, institutos, instituições de caridade e demais nomenclaturas são definições comumente utilizadas, mas, inexistentes no Código. Elas são apenas denominações variantes das duas primeiras e, legalmente, exprimem o mesmo conceito.

Associações: o artigo 53 do Código Civil define a associação como uma união de pessoas que se organizem para fins não econômicos. Sua fundação não exige nenhum capital financeiro inicial e é restrito aos membros qualquer benefício ou lucro resultantes das atividades exercidas pela entidade.

Toda associação é gerida por um estatuto, que já deve estar estabelecido no momento da criação. Por isso, antes do registro civil, faz-se necessário que os fundadores atendam à alguns requisitos pré-estabelecidos pelo Código Civil Brasileiro.

Fundações: as fundações privadas são organizações criadas por um instituidor, físico ou jurídico, que destine, obrigatoriamente, certo patrimônio a fim de que se cumpram os objetivos definidos previamente. Não visam fins lucrativos e todas as missões, finalidades e decisões administrativas refletem a vontade do instituidor.

Diferentemente das associações, as fundações são veladas pelo Ministério Público do estado onde se localizam. Nem mesmo seus estatutos podem ser alterados sem que haja autorização do Ministério Público, o que faz com que todo o processo seja ainda mais burocrático.

Organização não jurídica: uma estrutura de organização não jurídica pode ser formada por um pequeno grupo de amigos ou familiares unidos apenas por uma boa ideia e com desejo de ajudar o próximo e fazer o bem.

Quase todas as organizações nascem e atuam por algum tempo sem cadastro jurídico. Enquanto algumas decidem continuar o trabalho da mesma maneira, outras optam por criar um CNPJ, com o objetivo de, de fato, tornar-se uma associação e, consequentemente, conseguir apoio tanto do Governo, quanto de possíveis patrocinadores.

A importância do voluntariado

Quando se trata de associações ou fundações privadas e instituições não jurídicas uma questão bastante recorrente é saber como essas organizações conseguem se desenvolver sem grandes auxílios financeiros. A palavra chave em questão é o voluntariado.

Poucas delas teriam condições suficientes de se sustentarem sem a ajuda dos voluntários. A descrição da ONU sobre este tipo de serviço esclarece que “voluntário é o jovem, adulto ou idoso que, devido a seu interesse pessoal e seu espírito cívico, dedica parte do seu tempo, sem remuneração, a diversas formas de atividades de bem estar social ou outros campos”.

Não há nada mais nobre que doar-se pelo outro. Sair de si e deixar de  enxergar apenas os típicos problemas diários, a que estamos acostumados. Visar o bem do próximo, da comunidade e deixar o egoísmo de lado.

A organização Inti Wasi trabalha com o sistema de voluntários e, justo por isso, consegue levar a diante seus projetos e atividades. Luiz Gustavo Gonçalves, 23 anos, é formado em administração de empresas e já trabalha na ONG há 5 anos. Começou incentivado pela faculdade e continuou mesmo depois de concluído o curso.

Ele frequenta a associação todos os sábados e sempre que organizam algum evento especial, fica à disposição para ajudar. “Para mim é algo magnífico, não tem coisa melhor do que saber que você está ajudando alguém, mesmo que seja com algo pequeno, só de ver o sorriso no rosto dessas pessoas, já é uma satisfação enorme”, completa Gonçalves.

Inti Wasi e o trabalho com os imigrantes

Inti Wasi é o nome da associação fundada e presidida por Carmen de Watson, imigrante peruana que sempre procurou dar o melhor de si para ajudar quem mais necessitasse. A instituição auxilia imigrantes, principalmente latinos, a se estabelecerem no país e readquirirem a dignidade que, porventura, tenham perdido.

Watson reside atualmente no bairro da Bela Vista, região central de São Paulo e já vive no Brasil há mais de 30 anos. A peruana já havia participado da Pastoral do Migrante, mas segundo ela, o trabalho realizado pela Pastoral não abrangia algumas áreas que ela considerava importante. “Eles fazem alguma coisa no sentido de orientação, mas ainda muito limitado. Pensei: está faltando isso aí!”, explicou Watson. Segundo ela, por este motivo decidiu ajudar à sua própria maneira.

Em 2005, resolveu criar a instituição com a participação de amigos. “Eu tinha algumas amigas peruanas e brasileiras, nós nos reuníamos para comer comidas típicas e acabei colocando nelas a ideia de nos organizarmos”, continuou a peruana. No entanto, a imigrante queria ir além e deixar a condição de uma simples reunião de pessoas para formalizar seu trabalho, fato que ocorreu em 2006, quando finalmente a Inti Wasi foi registrada em cartório e recebeu CNPJ.

Visita ao Museu da Língua Portuguesa
Em visita promovida, imigrantes conhecem o Museu da Língua Portuguesa. Foto: Arquivo pessoal/Inti Wasi

A associação atende todos os imigrantes que buscam auxílio. Ela oferece palestras, informações sobre documentações necessárias para o estabelecimento no país, ajuda para que encontrem emprego, auxílio para os que desejarem abrir uma pequena empresa, festas típicas, fortalecimento da cultura, cursos, inclusive de português e qualquer outro tipo de ajuda que necessitarem. No entanto, de acordo com a presidenta, o principal auxílio é a atenção dada aos imigrantes. “A maior ajuda que nós damos é ouvir as pessoas”, finaliza Watson.

O trabalho desta associação ajuda a demonstrar à sociedade que os imigrantes são exemplos de luta pela sobrevivência, pelo sustento das famílias, de força de vontade e espírito batalhador. Ainda hoje, o preconceito é nítido e precisa ser combatido.  “Diferentemente do que muitos pensam, temos muito que aprender com eles, bem como, eles também têm muito que aprender e conhecer sobre o país que escolheram morar”, explica o voluntário Gonçalves.

Palestra sobre imigrantes
Palestra feita em parceria com o Consulado do Peru sobre emprego, direitos e deveres dos imigrantes. Foto: Arquivo pessoal/Inti Wasi

VNA e o auxílio aos moradores da Vila Monumento/Ipiranga

O VNA (Vivendo No Amor) é uma instituição criada, em 2008, por um grupo de jovens da paróquia Nossa Senhora Rainha dos Apóstolos localizada na Vila Monumento, região do Ipiranga, São Paulo. A organização, que não possui CNPJ por opção dos fundadores, auxilia, não apenas os moradores do bairro, mas todos aqueles que precisarem de apoio.

De acordo com Thiago Passone, membro da diretiva do VNA, o projeto visa enxergar a necessidade especifica de cada pessoa da sociedade e resgatar sua dignidade e esperança através de um serviço que seja útil e gratuito. Atualmente, as atividades oferecidas são: curso de inglês, informática, reforço escolar, atendimento médico primário e pediátrico, capoeira, orientação jurídica e serviços de RH. Todos os serviços são gratuitos e compreendem pessoas de todas as idades.

Kits
Kits entregues aos alunos no início dos cursos. Foto: divulgação VNA

Passone explica que a não oficialização do VNA foi uma escolha feita pelos membros, a fim de definir prioridades. “Isso iria nos propiciar gastos, porque teríamos que contratar um contador e, ainda que ele fizesse um desconto, teríamos que pagar uma renda mensal para os serviços dele”, continuou Thiago. Segundo explana, é preferível investir o dinheiro nas atividades da instituição, a gastar com o pagamento de honorários. No entanto, a instituição já conta com estatuto pronto e os fundadores aguardam o momento certo para que possam dar um passo adiante.

Até hoje, o projeto se mantém com contribuições de doadores mensais e esporádicos e com o dinheiro arrecadado em bazares de roupas, que acontecem uma ou duas vezes ao ano. “Isso está pagando os gastos do VNA, então decidimos que não precisaríamos de muito mais dinheiro por enquanto, o que precisamos é de mais serviços”, continua.

Passone explica ainda que o estabelecimento de metas é algo importante, mas que prefere deixar que tudo ocorra no tempo certo. “Já tive momentos que quis quebrar recordes e dominar o mundo no sentido de fazer o bem, mas hoje, se eu conseguir ajudar o bairro Vila Monumento, aqui no Ipiranga, já estou muito feliz”, finaliza.

Apresentação de inglês
Apresentação feita na formatura do curso de inglês. Foto: divulgação VNA

Curso de inglês: este, que é um dos mais procurados pela comunidade, é um curso básico dado por professores voluntários com duração de um ano e com duas aulas por semana. Ao término, os alunos recebem um certificado de conclusão enquanto professores e membros da organização recebem em troca sorrisos e pares de “olhinhos brilhantes” de alegria e entusiasmo.

Informática: com apresentação dos módulos de Windows, Word, Power Point, Excel e Internet, o curso acontece em um período de seis meses, todos os sábados, por duas horas. Passone ilustra que o objetivo é fazer com que os alunos percam o medo e consigam utilizar as ferramentas de modo profissional, a fim resolver problemas do dia-a-dia das empresas.

VNA RH: profissionais auxiliam na montagem de currículos e dão orientação tanto profissional, quanto para entrevistas de emprego.

VNA Jurídico: advogados orientam os moradores em diversas questões jurídicas, desde ações trabalhistas a ações familiares.

Atendimento médico: é feito o atendimento clínico e encaminhamento para profissionais específicos, além do atendimento especializado em pediatria.

Certificado de inglês
Alunos exibem certificados do curso de informática. Foto: divulgação VNA

Reforço escolar: apesar de a disciplina mais procurada pelas crianças do bairro ser a matemática, o reforço pode ser oferecido para português, história, geografia, biologia e qualquer outra matéria que possa interessa-las.

Aula de capoeira
Durante aula de capoeira, alunos demostram habilidades. Foto: divulgação VNA

Capoeira: serviço do VNA feito em parceria com a instituição Abadá Capoeira, presente em mais de 50 países, acontece no saguão da paróquia às terças e quintas-feiras e está disponível para crianças e adultos em dois horários diferentes. Segundo Cristiana, professora da atividade, a capoeira pode tirar crianças das ruas e estimulá-las a deixar o sedentarismo. “Nós trabalhamos com capoeira e sempre tivemos vontade de ter um projeto social, por isso, procuramos um lugar onde pudéssemos reunir pessoas que quisessem fazer capoeira, independente de classe social, e se podem pagar ou não”, contou a professora.

Ajudar é preciso!

Ao contrário do que pensava o filósofo Thomas Hobbes e muitos céticos da sociedade atual, os seres humanos não nascem egoístas e com interesse apenas em seu bem-estar. Tanto o projeto do VNA, quanto a associação Inti Wasi e todos os seus membros e voluntários são belos exemplos de que ajudar o próximo é um ato de amor, que acontece pelo simples desejo de se fazer o bem.

Enxergar além das necessidades particulares é um dom que deve ser regado e partilhado. O mundo precisa de indivíduos não individualistas e que queiram ajudar o próximo, não por obrigação, não pela beleza do ato, não pela sensação de dever cumprido; mas pela gratidão, simples auxílio do outro pelo outro, pela naturalidade da ação do bem, pelo amor.

Para mais informações sobre os projetos citados ao longo da reportagem, visite os sites das instituições e colabore.

Inti Wasi

Tel: (11) 3242-1698

Ou envie email para: inti.wasi@yahoo.com.br

Viver No Amor (VNA)

Envie email para:

Se voluntariar para ajudar no VNA: voluntario@vivernoamor.com.br

Fazer uma doação ou deixar algum comentário: euquero@vivernoamor.com.br

Parceiros

Essa reportagem conta com a parceria de:

Blog da Fundação Gol de Letra – fundação que busca contribuir para a formação cultural e educacional de crianças e jovens para que possam atuar com autonomia na transformação de suas realidades. Contatos: (21) 3895-9001 ou (11) 2206-5520.

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