Izabel Cermelli, Mauro Munhoz e Josélia Aguiar – responsáveis pela Flip 2018 – dão detalhes sobre o evento em coletiva de imprensa. (Foto: Mayumi Yamasaki/Jornalismo Júnior)
A Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) acontecerá neste ano entre os dias 25 e 29 de julho em torno da praça da matriz. A homenageada será Hilda Hilst, mantendo a postura de buscar dar visibilidade a autores não muito conhecidos. A abertura será feita pela atriz Fernanda Montenegro e pela pianista Jocy de Oliveira.
Desta vez, os conceitos norteadores do educativo são: memória, identidade, patrimônio e território. Para os organizadores, todos eles fazem sentido principalmente agora que a candidatura da cidade para Patrimônio Mundial da Humanidade está sendo avaliada. O objetivo central é obter um inventário participativo de Paraty feito pelas crianças.
A curadora Josélia Aguiar explica que as mesas de debate estarão estruturadas ao redor de temas como amor, sexo, morte, Deus, finitude e transcendência. Ela ainda diz que os convidados são “de muita opinião”, assim, assuntos referentes a atual situação do país e questões universais como feminismo, racismo e homofobia certamente aparecerão durante as conversas.
Vale ressaltar que os 33 convidados são multiculturais, sendo 17 mulheres e 16 homens, mantendo o mesmo percentual de negros do ano passado. Haverão escritores — brasileiros e estrangeiros —, mas também fotógrafos, atores, cineastas, compositores, etc. Destaca-se o fato de entre os nomes estarem pessoas conhecidas pelo público — como o cantor Zeca Baleiro e o escritor de “Me chame pelo seu nome”, André Aciman —, bem como artistas de menor visibilidade. Tudo isso trará mais diversidade à programação.
Uma peculiaridade deste ano é o fato de o evento contar com um espaço ao lado da igreja, o qual tem capacidade de 500 lugares, considerada há tempos ideal pelos organizadores. Além disso, haverá o tradicional auditório da praça com 700 lugares para as pessoas acompanharem as mesas de maneira gratuita.
Ademais, a quantidade de casas parceiras — as quais pagam para se instalarem — aumentou de 8 para ao menos 20. Dessa forma, a experiência Flip tem a capacidade de ser expandida, segundo o diretor geral — Mauro Munhoz —, já que a programação delas é feita de forma independente e coletiva. Algumas das casas citadas foram a do Instituto Hilda Hilst e as do Sesc, além do barco da editora Laranja Original.
Acerca do orçamento, Mauro comenta que os recursos destinados à cultura estão diminuindo cada vez mais no Brasil e a Flip foi afetada por isso. Dessa forma, o orçamento está sendo otimizado e os produtores buscam elevar a quantidade de parcerias. Em 2017, gastou-se R$ 5,8 milhões – dos quais R$ 3,7 foi exclusivamente para o custo direto do evento; já neste ano, os gastos serão reduzidos em R$ 500 mil a R$ 1 milhão.
Segundo Josélia, embora a Flip 2018 seja muito íntima, algo que a torna diferente da anterior — a qual se voltava para o mundo de fora —, o espírito da de 2017 será encontrado no evento deste ano. Isso está associado às características de Hilda e aos seus projetos literários.
por Mayumi Yamasaki
mayumiyamasaki@usp.br