Jornalismo Júnior

Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors
Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors

Exposição ‘Frans Post: o primeiro olhar’: Conhecimento sobre o pintor continua sob a primeira impressão

Pouca informação escrita e falta de quadros marcaram o local que possuía grande potencial

O Farol Santander e o Instituto Ricardo Brennand foram os responsáveis por produzir a exposição “Frans Post: o primeiro olhar”. Ela se encontrava no 22º andar do edifício característico do centro da cidade de São Paulo. O ingresso custava 35 reais (inteira) e a atração ficou exposta de 21 de julho a 24 de setembro.

Retrato de Frans Post pintado por Frans Hals. [Imagem: Reprodução/ Worcester Art Museum]

As pinturas de Frans Post são, provavelmente, as mais renomadas ao pensar nas paisagens do Brasil Colonial. O pintor holandês é conhecido como o primeiro europeu a pintar paisagens estáticas — os famosos retratos — da biodiversidade e do dia a dia do Brasil dominado pela Holanda. À época, o território brasileiro, originalmente conquistado por Portugal, estava sob o domínio holandês na figura de Johan Maurits van Nassau-Siegen, nomeado como Maurício de Nassau.

As fases de Post

Por mais que os retratos sejam aparentemente mais fiéis à paisagem brasileira, sem muitos elementos exóticos, isso pode ser melhor analisado dividindo as obras de Frans Post em fases, como o realizado pelos curadores da exposição:

A primeira fase foi entre 1637 e 1644, quando ele pintou 18 telas em solo brasileiro. Já a segunda, de 1645 a 1660, o pintor já havia retornado à Europa e suas pinturas começaram a apresentar elementos exóticos. A terceira fase, datada de 1661 a 1669, foi considerada a mais comercial de Post e, a quarta, teve a perda do detalhismo como característica, consequência do alcoolismo e de tremedeiras.

Nesta pintura, podemos ver a introdução de um porco-espinho, um jacaré, melancias e uma bromélia, todos juntos. [Imagem: Acervo Pessoal/ Alessandra Ueno]

A exposição

Ao entrar na exposição, o espaço parece pequeno: à esquerda há uma sala onde diversas falas dos curadores e responsáveis pela exposição são reproduzidas por um projetor. Mais à frente, há uma linha do tempo, dos dois lados do andar, com reproduções dos quadros exibidas em estruturas similares a displays, como na imagem abaixo.

Os únicos quadros presentes são as reproduções no formato “backlight”. [Imagem: Acervo Pessoal/ Alessandra Ueno]

Por mais que a parceria seja com o Instituto que detém o maior acervo particular de obras originais de Post, a escolha foi deixá-las guardadas. A colocação da equipe curatorial, no release da exposição, foi: “Esta mostra se apresenta de uma forma criativa e dinâmica para levar ao visitante a maior coleção de pinturas de Frans Post, que pertence ao Instituto Ricardo Brennand e que agora, por meio da tecnologia, podem ser itinerantes, preservando a coleção original”. A falta de quadros propriamente ditos torna a experiência um pouco insuficiente. A estrutura de backlights parece pequena quando comparada ao posto de primeiro artista a pintar panoramas das Américas e, ainda levando em consideração, até a figura quase “anônima” de Post para o público comum. 

“A gente aproxima as pessoas do que a exposição traz. Introduz o tema, a história do pintor. Pelo estilo de público do Farol Santander, acho que algumas pessoas já conheciam, mas muitas não sabiam quem ele era. Como mediador, nós trazemos o contexto histórico também, então é bem legal para as pessoas lembrarem e descobrirem essas coisas.”

Daniela, uma das mediadoras da exposição

O papel do mediador foi fundamental na mostra, porque eram poucas informações disponíveis para serem lidas pelos visitantes: em cada display, estava apenas o nome do quadro e quem pintou; no exemplar digital interativo e no original do livro Rerum per Octennium in Brasília (1647), não havia nenhuma explicação e o mesmo valia para a miniatura do navio Zutphen — que pertenceu à frota que trouxe Maurício de Nassau para o Brasil.

A miniatura é feita de madeira com detalhes em tecido, mas não havia qualquer detalhe sobre a história daquilo que ela representava. [Imagem: Acervo Pessoal/ Alessandra Ueno]

Os destaques da exposição ficaram para as obras comparativas e para o espaço imersivo. No fundo do andar, encontravam-se quatro grandes imagens: duas eram quadros de Post e as outras duas, fotografias atuais dos lugares pintados. “Achei bem bacana a história dele ligada com a história do Brasil, principalmente com o Nordeste“ — contam Carlos e Ana Freitas, dois visitantes — “Nós somos do Ceará e ele está bem ligado a Pernambuco, que é do nosso lado. Por um acaso, a gente passou parte da nossa primeira viagem em paisagens que ele retratou e aí deu um insight de lugares que já fomos“.

Comparação de um quadro de Post com o local real. [Imagem: Acervo Pessoal/ Alessandra Ueno]

Bem no centro do andar, encontrava-se um local imersivo. No chão e nas paredes, eram refletidas as paisagens pintadas pelo holandês: os personagens ganhavam vida, as folhagens se movimentavam, o que era 2D transformava-se numa experiência sensitiva. Foram diversas telas e a mesclagem desse tipo de tecnologia com o formato mais tradicional é extremamente benéfico, segundo Daniela: “Existem muitas exposições imersivas atualmente e, às vezes, elas perdem o caráter educativo, ficam mais ‘instagramáveis’. O formato imersivo da do Frans Post era para difundir o conhecimento da obra e da vida dele, associando com a linha do tempo presente”.

Para a mediadora, a experiência imersiva acompanha as fases da obra do pintor e, por isso, não é deslocada das informações. Ela ainda acrescenta que a expografia — que é a montagem do projeto expositivo, a arquitetura da exposição — conseguiu encontrar um equilíbrio entre a questão do entretenimento e da informação excessiva.

Por mais que a exposição não se aprofunde nas obras com mais detalhes e reserve apenas uma linha cronológica para o pintor em si, é importante trazer nomes como o de Frans Post  a locais de maior acessibilidade.

“Ele é o tipo de pintor que a gente conhece sem saber que conhece. Sabe aquelas pinturas dos livros de História que retratam o Brasil Colonial? Então, várias são dele. A gente não associa o nome à pessoa. A gente associava mais como fotografia, porque o trabalho era muito de registro e a gente não pensava nelas como obra de arte.” 

Daniela

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima