Após 5 anos de A Freira (The Nun, 2018), maior sucesso de bilheteria da franquia Invocação do Mal, a emblemática força maligna Valak (Bonnie Aarons) volta às telonas. Com premissa semelhante ao seu antecessor, A Freira 2 (The Nun 2, 2023) retoma a história da Irmã Irene (Taissa Farmiga), quando ela é convocada a lidar novamente com o demônio da freira após uma série de incidentes, que incluem o assassinato de um padre na França.
Simultaneamente, o enredo acompanha Maurice (Jonas Bloquet), fazendeiro que havia sido possuído pela força demoníaca na cena final do último capítulo da saga. Quatro anos depois na cronologia fictícia, em 1956, ele passa a trabalhar em um internato francês. No novo ambiente, Valak, que domina Maurice, passa a ser a causadora do caos e prova que não assombra apenas os adultos, com algumas aparições para a estudante Sophie (Katelyn Rose Downey).
Embora repita erros do primeiro filme, é de se admirar o esforço empreendido em pesquisas para A Freira 2. Recheado de referências ao catolicismo e a fatos reais, o filme responde muitas dúvidas levantadas em A Freira, como as intenções de Valak e sua verdadeira identidade. O roteiro também apresenta um maior aprofundamento na história da protagonista Irmã Irene.
Por outro lado, algumas perguntas não são respondidas adequadamente, a exemplo do paradeiro do Padre Burke (Demian Bichir), um dos protagonistas do filme anterior, que aparentemente apenas morreu de cólera. Além disso, surgem outras questões sobre aspectos que não fazem sentido na trama, como o bullying sofrido por Sophie que, além de mal trabalhado, não tem qualquer relevância para a história.
O filme pode ser considerado cansativo por demorar demais a apresentar seu enredo principal e repetir clichês usados frequentemente na franquia. Os previsíveis sustos de Valak – que não têm efeito duradouro e acabam por acostumar o público com seu rosto – estão de volta, o que destrói o potencial da figura macabra e impede a provocação do medo no público, efeito que mais se espera em uma produção de terror. Ainda assim, o longa mostra avanços em relação ao seu antecessor, pois conta com jumpscares bem diferentes uns dos outros, embora contínuos. Isso não aconteceu no primeiro longa e fez com que algumas cenas virassem piada para os espectadores, como os momentos clássicos da “freira andando de skate”.
Apesar de não conseguir manter o sentimento de tensão no público, o som foi utilizado de forma interessante em A Freira 2. Ruídos de passos, objetos arrastados, batidas de portas e os clássicos gritos, quando não empregados exageradamente, são alguns dos elementos que despertam a vontade de continuar a assistir o filme.
Um grande ponto positivo do longa são as atuações bem feitas, como a de Taissa Farmiga, que surpreende mais uma vez com uma interpretação quase sobrenatural. Junto com sua nova parceira de investigação no filme, a irmã Debra (Storm Reid), ela consegue explorar novas faces da narrativa. As crianças também não ficam para trás e conseguem transmitir muitas emoções durante a trama, com destaque para Katelyn Rose Downey.
Normalmente, não seria fácil uma continuação superar um filme de sucesso, mas no caso de A Freira, pelas muitas falhas cometidas, essa missão não parece difícil. A Freira 2 é inegavelmente melhor que o terror de 2018, mas não deixa de ser um filme medíocre. Ainda assim, é possível se divertir ao assistir a trama, que conta com reviravoltas interessantes, algumas delas não explicadas. É o tipo de filme que não se deve pensar muito para conseguir aproveitá-lo. Para os fãs da franquia Invocação do Mal, a curta cena pós-créditos pode ser valiosa e fazer toda a obra valer a pena.
O filme já está em cartaz nos cinemas. Confira o trailer:
*Imagem de capa: Divulgação/ Warner Bros