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A mística de M. Night Shyamalan segue viva em A Visita

por Diego C. Smirne d.c.smirne@gmail.com É curioso o efeito que o nome M. Night Shyamalan causa quando estampado num cartaz de filme de suspense. Desde o sucesso estrondoso de O Sexto Sentido (The Sixth Sense, 1999), que acabou se tornando um clássico com a frase do garotinho que “vê gente morta”, o misterioso nome do …

A mística de M. Night Shyamalan segue viva em A Visita Leia mais »

por Diego C. Smirne
d.c.smirne@gmail.com

a visita 1É curioso o efeito que o nome M. Night Shyamalan causa quando estampado num cartaz de filme de suspense. Desde o sucesso estrondoso de O Sexto Sentido (The Sixth Sense, 1999), que acabou se tornando um clássico com a frase do garotinho que “vê gente morta”, o misterioso nome do diretor traz uma sensação semelhante à que se tinha quando se anunciava que um longa sobre possessão demoníaca era “baseado em uma história real” – antes de o recurso começar a ser usado em praticamente todas as produções do gênero, a expectativa que gerava costumava ser alta.

Mesmo passados 16 anos do lançamento de sua obra prima, e embora nenhum de seus outros filmes tenha sequer chegado perto do êxito de O Sexto Sentido, seu impacto foi tão grande que Shyamalan segue sendo uma atração, uma esperança para os fãs do suspense. Por outro lado, o estilo found-footage, já quase tão desgastado quanto a tal “história real”, desanima boa parte deles. O que esperar então de A Visita (The Visit, 2015), a nova empreitada do diretor, filmada nesse formato?

Uma mãe solteira (Kathlyn Hahn) está prestes a embarcar num magnífico cruzeiro de uma semana com seu namorado, deixando seus filhos Becca (Olivia DeJonge) e Tyler (Ed Oxenbould) aos cuidados dos avós, que nunca conheceram os netos e não têm relações com a filha há quinze anos. Becca, uma adolescente metida a diretora, enxerga na experiência uma oportunidade de gravar um documentário sobre o primeiro contato com seus avós, descobrindo afinal o que aconteceu entre eles e sua mãe, e quem sabe conseguir uma reconciliação na família; Tyler, seu espirituoso irmão mais novo metido a rapper, enxerga apenas uma chance de se exibir e fazer piadas frente à câmera.

Uma vez na bela casa de campo dos avós, numa cidadezinha do interior da Pensilvânia, tudo parece dentro dos conformes: o avô (Peter McRobbie) e a avó (Deanna Dunagan) são adoráveis e amorosos, a casa é aconchegante, há biscoitos no fim da tarde e 21h30 é hora de ir para a cama. Obviamente, a ordem de não sair do quarto após esse horário não é obedecida pelos netos, e a partir daí as coisas começam a ficar cada vez mais estranhas, à medida que estes descobrem que seus avós estão longe de ser sãos.

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Tyler bastante (des)confortável com os “simpáticos” avós

Sanidade, aliás, não é algo que se encontra neste filme. Além dos avós, a mãe mostra sofrer de problemas de autoestima e confiança e ser instável emocionalmente, e as próprias crianças têm seus traumas, que se agravam conforme passam os dias na casa isolada, mesmo com as constantes gracinhas de Tyler tentando quebrar o gelo. As excelentes atuações de todos os atores contribuem para aumentar a tensão que Shyamalan conduz muito bem, seja com as sombrias tomadas externas dos arredores da casa (pouco comuns em filmes found-footage, mas que podem ser entendidas como parte do documentário de Becca), seja com o roteiro que pouco a pouco introduz elementos como o porão onde os netos não devem entrar, uma cabana misteriosa onde o avô guarda coisas em segredo, um poço que prende o olhar da avó, e a sensação de que a cada dia que passa as crianças correm maior perigo. Aparentemente, após quinze anos sem falar com seus pais, a mãe de Becca e Tyler não sabe muito bem nas mãos de quem deixou seus filhos.

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Becca numa brincadeira apavorante com a vovó

É inegável que Shyamalan sabe construir o clima ideal para um filme de suspense, através da fotografia, dos sustos, das reviravoltas no enredo e de detalhes que se apresentam aos poucos. Até mesmo em Sinais (Signs, 2002), uma das decepções do diretor, pode-se observar suas qualidades, embora o desfecho desaponte. Em A Visita, todas essas características positivas estão presentes, mostrando que nas mãos de um bom diretor, o recurso limitado como o found-footage pode ser bem aproveitado. Mas um dos grandes problemas desse estilo de filmagem, o final, parece inevitável. A Visita termina de uma maneira tão inusitada que dá a impressão de que Shyamalan decidiu justamente fazer uma piada com a técnica que adotou para gravar o filme, ou quis manter a insanidade completa dos personagens da história. Para definir a última cena do filme, melhor que “ruim”, cabe a palavra “estranha”, ou “desnecessária”.

Mesmo assim, excluindo a cena final (que Becca diz ter entrado em seu documentário apenas pela insistência de Tyler), A Visita justifica a reputação de Shyamalan, com uma boa dose de sustos, cenas pavorosas, tensão e angústia muito bem transmitidas. O diretor provavelmente nunca repetirá o sucesso de O Sexto Sentido, mas seu nome seguirá aparecendo nos cartazes para atrair admiradores do suspense para as salas de cinema, pois uma coisa é certa: Shyamalan é ótimo com surpresas.

A Visita estreia quinta-feira, dia 26 de novembro de 2015. Veja o trailer:

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