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Todos querem Zé do Caixão

Felipe Maia Foi com muito entusiasmo que fui assistir ao novo filme de José Mojica, Encarnação do Demônio. Sou muito fã de filmes de terror, daí já vai metade da minha empolgação. Pra mim, o terror é um dos únicos gêneros no qual o diretor e sua equipe podem descobrir os desejos e medos mais …

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Felipe Maia

Foi com muito entusiasmo que fui assistir ao novo filme de José Mojica, Encarnação do Demônio. Sou muito fã de filmes de terror, daí já vai metade da minha empolgação. Pra mim, o terror é um dos únicos gêneros no qual o diretor e sua equipe podem descobrir os desejos e medos mais reprimidos do espectador e, além disso, criar fantasias assustadoras com discussões do mundo real. A outra parte da minha empolgação advinha do que representava o terror de Mojica nos tempos de hoje. Filmes e franquias como Premonição e Jogos Mortais transformaram um estilo num simples “como matar/morrer de mil maneiras diferentes”. Nessa enxurrada de sangue de mentira, o filme de Mojica é uma audaciosa ida contra a corrente, pois tenta reunir numa só película elementos do terror cinematográfico de todos os tempos.

Na verdade, põe tempo nisso. Mojica teve de esperar 40 anos desde o primeiro roteiro até as telonas. Zé do Caixão, agora, já é um tanto velho. Passou todo esse tempo na cadeia e seu meio não é o antes pacato interior, mas sim a cidade grande. A sua busca é a mesma: uma mulher que possa gerar seu filho perfeito. E nessa empreitada Zé do Caixão pega mais mulher que o José Mayer. A sua única crença, aliás, é a continuidade do sangue. Zé do Caixão não acredita em céu, inferno. Deus, espíritos, Iemanjá, Alá, enfim. Para ele isso não passa de misticismo — e é a única coisa que o assusta.

Talvez também seja somente isso que assuste o espectador. A fita conta em sua maior parte com seqüências asquerosas, daquelas de fazer careta e virar a cara. Algumas poucas metem medo de verdade. Pode-se dizer que nesse ponto a alcunha Bíblia do Terror da América Latina, dada por José Mojica, é grandiosa demais, mas não ficar espantado com a Morte ou com assassinatos brutais com certeza é um mal da geração 90/2000, tamanha a banalização da a que estamos submetidos. No mais a película é bem dosada; ou melhor, é uma dose de terror. O riso acontece nas horas certas, o nonsense é colocado com muito bom senso, a direção de arte não deixa escapar nenhum detalhe e a trilha sonora é grave, soturna — só faltou um psychobilly.

Agora resta ver qual será o caminho trilhado pelo terceiro e última parte da trilogia de Zé do Caixão. A fita já passou quatro décadas na estrada, indo de mão em mão entre produtores e investidores. Encarnação do Demônio já arrancou aplausos e sete prêmios no Festival de Paulínia. No Festival de Veneza será o único filme exclusivamente brasileiro a ser exibido. A estréia nessa sexta, contudo, é quem realmente dirá qual será a rota do filme. Parodiando AC/DC, sem dúvida uma Highway from Hell.

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