Jornalismo Júnior

Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors
Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors

Surpresas e nó na língua

Mariana Franco O filme Do Outro Lado (Auf Der Anderen Seite), do diretor Fatih Akin (Contra a Parede e Atravessando a Ponte – O Som de Istambul) começa de maneira a esperarmos uma história, apesar de interessante, um tanto comum. A grande sacada é que inesperadamente a história toma outros rumos, saindo da narração linear …

Surpresas e nó na língua Leia mais »

Mariana Franco

O filme Do Outro Lado (Auf Der Anderen Seite), do diretor Fatih Akin (Contra a Parede e Atravessando a Ponte – O Som de Istambul) começa de maneira a esperarmos uma história, apesar de interessante, um tanto comum. A grande sacada é que inesperadamente a história toma outros rumos, saindo da narração linear pela esfera de uma das personagens, e ganhando novos conflitos e focos de interesse. Não é exagero dizer que o filme, vencedor por melhor roteiro em Cannes 2007 e no European Film Awards 2007 (entre outros), é surpreendente.

O jovem professor Nejat (Baki Davrak) não aprova o relacionamento do pai viúvo com a prostituta Yeter (Nursel Koese), mas simpatiza com ela ao descobrir que envia dinheiro para a Turquia a fim de pagar os estudos da filha, Ayten (Nurgül Yesilçav). A morte súbita de Yeter afasta pai e filho e faz com que Nejat vá para Istambul, decidido a encontrar Ayten e custear-lhe os estudos. A jovem, porém, é ativista política e foge para a Alemanha. A partir daí quebra-se a linearidade da história e o foco muda para a jovem Ayten.

O filme tem coincidências e desencontros daqueles que só acontecem no cinema, à beira do clichê; e várias cenas análogas, que nos dão a impressão de ter dejá-vus durante a sessão (e estes parecem quase ironia da direção com as personagens). Mais que desencontros e ironias, entretanto, o filme toca no fundo em questões extremamente sensíveis, de relações entre pais e filhos, brigas e reconciliações, amadurecimento, crescimento, amor e perda de pessoas queridas. Tudo isso em contraste com uma abordagem dura e seca, de pedra e areia, como as paisagens da Turquia que emolduram a ação. A câmera é na maior parte do tempo fixa e distante, retratando os conflitos e as emoções de longe, como um observador externo.

Com os diálogos desenrolando-se em alemão e turco, a impressão para os ouvidos é de um verdadeiro estranhamento, contribuindo ainda mais para tirar o filme do lugar-comum. Destaque curioso para a cena em que aparece um freezer de sorvetes idêntico aos da Kibon, mas com a marca (turca?) Algida.

Estréia: 04 de julho de 2008

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima