Bruna Buzzo
Violência Gratuita (Funny Games U.S.) é um título bem escolhido. O filme que estreou nos cinemas esta semana é uma refilmagem norte-americana de um longa de 1998, do mesmo diretor e com o mesmo título, só que falado em alemão, francês e italiano. Os diálogos do roteiro são os mesmos, os elementos cenográficos são os mesmos e a sensação que o(s) filme(s) passa(m) é desnecessária.
Na história, dois jovens perturbados, Paul e Peter (respectivamente, Michael Pitt e Brady Corbet), invadem casas de campo de famílias ricas e promovem cenas brutais apenas por mera diversão. A junção do título original com a versão brasileira traduz bem o que é este filme: jogos divertidos para os protagonistas agressores que resultam em uma violência gratuita (tanto para o público quanto para as vítimas). E o espectador pode preferir evitar ou dispensar estas sensações no meio da sessão.
As vítimas centrais do filme são a família formada por George (Tim Roth), Ann (Naomi Watts) e Georgie (Devon Gearhart), que serve de exemplo para o problema que os dois jovens conseguem provocar partindo de um simples pedido de empréstimo de ovos. Desde o começo, o espectador percebe que há algo errado com a situação e com a roupa branca dos dois rapazes.
As cores usadas pela direção de arte neste filme fazem diversas referências ao clássico de Stanley Kubrick, Laranja Mecânica, e sua trilha sonora contribui para dar o tom de desespero da família. A angústia com que este filme o fará sair da sala de cinema, no entanto, não chega nem aos pés das reflexões que Alex nos trás no filme de Kubrick e não há nada que se compare à Singing in the Rain na voz de Malcolm McDowell. As agressões aqui são desnecessárias e o final previsível (ou a boa educação dos vilões) não é algo que nos faz sorrir.