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‘Another Crab’s Treasure’: um mar de apostas e críticas

Lançamento da Aggro Crab traz nova proposta ao gênero Soulslike, com estética mais descontraída e enredo crítico
Capa do jogo Another Crab's Treasure
Por Gustavo Radaelli (gustavohmr10@usp.br)

No último dia 25, estreou Another Crab’s Treasure (Aggro Crab, 2024). O novo jogo segue o estilo de Dark Souls (FromSoftware, 2011) e conta com gráficos cartunizados e enredo sobre a preservação dos mares. Para instigar seus jogadores, o game aposta em um combate desafiador e um plano de fundo crítico e criativo.

Lançado durante a mesma semana de comemoração do Dia da Terra, o segundo título da Aggro Crab, empresa de jogos indies de Washington, é mais uma aposta recente de Soulslike. Embora o estilo tenha fama pelas produções da FromSoftware, Another Crab’s Treasure também conquistou o público e os fãs do gênero. 

O gênero Soulslike

Games Souslike são compostos de uma alta dificuldade na progressão do jogo. Os inimigos, mesmos os mais comuns e irrelevantes, apresentam uma enorme força e podem, facilmente, dar muito trabalho para o personagem principal. Essas criaturas também têm a capacidade de renascer após o save ou morte do jogador, e acredite, morrer nesses jogos é algo bastante comum. Os jogos também contam com elementos de RPG, como atributos e itens conquistados pelo mapa, além de inúmeros chefes marcantes e complicados de se enfrentar.

Soulslike significa, em tradução livre, “tipo o Souls”. O nome surge após o lançamento do primeiro game do estilo, Demon’s Souls (FromSoftware, 2009). O jogo é tematizado num cenário medieval e acompanha a jornada de um guerreiro destinado a salvar o reino de Boletaria.

Imagem de Demons Souls que mostra a estética dark típica de Soulslike que é diferente em Another Crab's Treasure
Tower Knight, icônico boss de Demon Souls e guardião do Palácio de Botelaria [Imagem: Reprodução/ X/ @macromicrodaily]

Desde então, a empresa repetiu a fórmula diversas vezes e obteve muito sucesso. Títulos como a famosa franquia Dark Souls, Bloodborne (2015), Sekiro: Shadows Die Twice (2019) e Elder Ring (2022), todos produzidos pela FromSoftware, marcaram o mundo dos games e acumularam fãs e premiações durante as últimas décadas.

Apesar do quase monopólio do estilo pela desenvolvedora japonesa, recentemente, algumas empresas indies desafiaram o mercado ao lançar novos jogos inspirados, tão bons quantos os originais e de enorme destaque, como Lies of P (Round8 Studio, 2023), indicada às categorias de Melhor RPG e Melhor Direção de Arte no Game Awards de 2023.

Crustáceos Bons de Briga

No mesmo desafio de conquistar espaço no gênero, Another Crab’s Treasure surge como uma grande aposta para diversificar os cenários e os enredos do estilo, distanciando-se da temática mais pesada e dark, para aproximar-se de um estilo mais leve e descontraído.

O personagem principal, um carangueijo, de Another Crab's Treasure segura uma vitalga
Krill segurando uma vitalga, item utilizado para recuperar vida durante as batalhas [Imagem: Reprodução/ X/ @rockpapershot]

O jogo inicia-se com uma cutscene de introdução ao universo. Na cena, o lixo e microplástico dos seres humanos invade a vida marinha e altera seus costumes. É no meio dessa intoxicação que, lá no fundo do mar, caranguejos desenvolvem uma economia capitalista pautada no comércio do entulho encontrado nas profundezas. Já em uma pequena e cercada piscina de ilhas na superfície, o Krill, protagonista da espécie caranguejo-eremita, vive uma vida tranquila em sua linda concha, sem se importar com o caos que está o dia-a-dia dos outros no além-mar.

O sossego do protagonista só se encerra quando ele tem sua concha roubada pelo Tubarão Agiota e se vê forçado a encarar a realidade que tanto se recusava a enxergar. É assim que começa a aventura, com inúmeras críticas à atual sociedade, ao sistema econômico e à poluição, além de um protagonista ingênuo que representa a classe média capitalista.

Novamente o protagonista de Another Crab's Treasure
Krill fantasiado de Seu Sirigueijo, emblemático personagem de Bob Esponja (1999 – Presente) [Imagem: Reprodução/ X/ @StecTim]

O enredo já é o suficiente para deixar o jogo interessante, mas a gameplay também é fantástica. Os gráficos cartunescos são bem desenvolvidos e acompanham a proposta de mais aventura que o game propõe, em comparação com outros títulos do gênero, e as batalhas são frenéticas e divertidas. Algumas novas mecânicas revelam-se uma grande aquisição para o estilo, em destaque para o sistema de conchas, que utiliza, com maior frequência, os escudos típicos dos jogos Souslike. No game, o escudo assume a forma de lixo, e Krill o usa como uma concha para se proteger de ataques. Embora seja facilmente quebrável, é possível trocar a concha por outros inúmeros entulhos espalhados pelo mapa.

Apesar de Another Crab’s Treasure ser um ótimo jogo em que vale a pena passar horas de tentativas e estresse para zerar, não é um game perfeito. Seus maiores problemas envolvem a música, muitas vezes as melodias são pouco atrativas e não se adequam totalmente aos cenários visitados. Há poucas exceções de trilhas sonoras apropriadas, como é o caso de algumas presentes nas boss fights. Outro problema do jogo é a sua facilidade, elemento evitado nos Souslike. Isso ocorre devido à remoção da stamina no jogo, mecânica que limita as ações do jogador por cansar seu personagem. Essa mudança permite que o Krill realize inúmeros ataques em sequência e movimente-se tranquilamente pelo mapa, podendo ignorar com facilidade os inimigos espalhados pelo além-mar.

O novo lançamento da Aggro Crab foi um grande sucesso já nos primeiros dias, quando atingiu a nota 79 pela crítica especializada no Metacritic e recebeu uma grande aceitação do público. Another Crab’s Treasure está disponível para PC, Xbox Series, Playstation 5 e Nintendo Switch e é uma recomendação para quem busca aventura misturada com humor e crítica social.

*Imagem de capa: Reprodução/ X/ @rafael_logout

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