Ana Clara Milanese Farah, de longos cabelos ruivos e olhos castanho-claro, é a personificação do sonho de muitas meninas. Com 18 anos, é modelo há cinco deles. “Hoje em dia, desde meninas nós vemos passar supermodelos na TV, então acho que, para aquelas que se encantam, começa aí o sonho. Com o passar do tempo, conforme cresci, comecei a receber algumas propostas, por ser bem alta, então resolvi tentar”, conta. Ana Clara começou na carreira com 13 anos, quando entrou em contato com várias agências e bookers, o profissional que cuida da modelo dentro da agência, fez um book e passou a participar de testes.
Enquanto modelo, Ana Clara explica que algumas dificuldades acompanham a carreira. “Essa pressão da ‘busca pela perfeição’, aliada à competitividade entre os colegas de profissão pode ser bem séria.” A modelo iniciante pode sofrer para arrumar os chamados “jobs”, já que as exigências dos clientes se intensificam quando o mercado está muito cheio e o número de opções de profissionais é grande.
Além disso, esta profissional também enfrenta muito trabalho, e assim, a parte glamurosa da indústria fashion, bastante divulgada como inerente à vida da modelo, pode se tornar algo distante. “Lembro-me que no começo não fazia muitos trabalhos de passarela, então na maior parte do tempo fazia sessões de fotos intermináveis, fotografando uns 70 looks em 2 horas pra receber cerca de 200 reais”, conta Ana Clara. E completa, “Outra coisa que acontece muito é ter que usar sapatos ou roupas de números que não são o seu. Eu calço 38, e lembro-me de ter que fazer um desfile em que todos os sapatos eram 36.”
Isabela Oliveira também começou na carreira aos 13 anos, participando de concursos, porém, foi apenas em 2015, ao modelar em um desfile da Carmen Steffens, que percebeu sua paixão por ser modelo. Em abril se tornou Miss São Paulo Top Universo 2016, o que, para ela, foi o ponto alto da carreira. Sobre a competitividade da indústria, conta que no início passou por dificuldades para conseguir trabalhos e para obter a confiança necessária para ser contratada. “Iniciantes não costumam ter um portfólio extravagante”, explica.
Outro ponto que acompanha a indústria da moda é o padrão de beleza instaurado na nossa sociedade, que preza por mulheres magras e altas. Este padrão foi tão propagado ao longo dos anos que já se tornou o esteriótipo da modelo, e são inúmeros os casos de meninas, modelos ou não, que desenvolveram transtornos alimentares para se enquadrar nele. Porém, atualmente, várias mudanças têm sido realizadas no mercado fashion, tornando-o menos rigoroso e perigoso para a saúde das modelos. “Penso que você tem que ser você mesma e se sentir a vontade com seu corpo, caso contrario não faz sentido seguir com dietas ou exercícios para manter um corpo que seja “aceito” pela indústria.”, diz Isabela. O crescimento de modelos plus-size no ramo da moda é uma prova de mudanças no mercado.
Isabella Mezzadri, que já havia trabalhado como modelo anteriormente, e voltou à carreira no último ano, faz trabalhos principalmente comerciais, ou seja, fotos e campanhas para marcas. Ela conta que este viés da indústria fashion é um dos menos rígidos no quesito dos padrões. Porém, apesar das muitas diferenças perceptíveis, algumas modelos ainda sofrem com o esteriótipo. “Por ser modelo comercial não preciso ter esse padrão super magro de corpo, e nem queria ter, mas isso existe sim nas modelos “fashion” e fico bem triste de ver meninas que já são super magras falando que não conseguiram pegar desfile no Fashion Week porque precisam emagrecer mais. Tem certas agências de modelos que só aceitam meninas bem magras.”, explica.
Além disso, outro fato importante é a duração da carreira da modelo. Em sua maioria, as modelos iniciam muito cedo nos trabalhos, pois em poucos anos eles podem se encerrar. Algumas profissionais se decidem por investir na modelagem, mesmo com a questão da longevidade da carreira, como conta Isabela Oliveira. “Acredito que não é apenas a beleza, mas a atitude que faz uma modelo ser reconhecida e ter um futuro promissor nesse tipo de carreira,” diz. Outras, porém, preferem se envolver em outros ramos que tem relação com a carreira, como moda ou atuação. “É preciso considerar que as propagandas sempre precisarão de pessoas de todas as idades atuando bem, por isso a idade não é um empecilho para modelos comerciais. E vejo também que a maioria dos modelos aproveita que está ganhando bem pra juntar e investir dinheiro para que isso não seja um problema mais pra frente.”, afirma Isabella Mezzadri.
Esta carreira, como diversas outras, tem seus pontos negativos e positivos, e, apesar de algumas questões importantes que acompanham a indústria fashion e a vida da modelo, ela continua a ser uma das mais sonhadas por meninas e meninos por ser promissora e envolver-se com moda, beleza, glamour e fama.
Para Ana Clara Milanese, a melhor parte da carreira é o contato com a moda. Já Isabela Oliveira relata que “é o glamour que isso traz, os eventos, as pessoas fantásticas que você conhece e, no meu caso, a satisfação pessoal de realizar um sonho.”
Isabella Mezzadri, por sua vez, cita a flexibilidade da rotina, as pessoas maravilhosas que pôde conhecer, a vida dinâmica, o bom salário e as viagens. “Conheço meninas que já viajaram o mundo trabalhando e isso traz muita experiência, além de conseguirem conhecer vários lugares maravilhosos.”, conta. “É um trabalho que só tem me trazido alegria.”
Por Victória Martins
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