Os suspenses escritos por Agatha Christie fizeram com que seu nome fosse reconhecido como um dos maiores e mais importantes da literatura. Vendida e conhecida no mundo todo, Assassinato no Expresso Oriente é um de seus livros mais famosos e, neste ano, ganha a segunda adaptação para o cinema.
Os romances da escritora costumam seguir uma mesma fórmula: tudo começa com uma cena inicial,apresentando o detetive e o quanto ele é inteligente. Depois, algumas pessoas se juntam em um determinado lugar (neste caso, um trem) e, um a um, se apresentam – os personagens são sempre o mais caricatos possível. Então, há um crime, e o detetive entre em ação. Os últimos vinte minutos são compostos por diversas reviravoltas, e no fim da história, descobre-se que todos escondem algum segredo e a solução do caso é sempre a mais impensável. Assim é Assassinato no Expresso Oriente (Murder on the Orient Express, 2017).
Hercule Poirot, interpretado por Kenneth Branagh, é um detetive com bigode exagerado que embarca de última hora no trem de seu amigo, “Expresso do Oriente”. Na segunda noite, um dos passageiros é assassinado e uma nevasca interrompe a viagem, fazendo com que o trem saia do trilho. Assim, Poirot não vê outra alternativa, se não desvendar o crime.
A fotografia do filme é excelente: o Expresso é retratado envolto em um ar de magia e há paisagens encantadoras. A cena em que o trem inicia viagem, por exemplo, é belíssima. Ela mostra todas as pessoas acenando de suas casas e as crianças correndo ao lado dos trilhos gritando. Também chama muito a atenção os efeitos especiais: durante o filme há uma avalanche e, com ela,neve cai nos trilhos e o trem quase capota na montanha. Mas, mesmo com esses efeitos, mantém-se a impressão de que tudo se passa no século XX.
Assassinato no Expresso Oriente é um filme gostoso de se ver, típico “sessão da tarde”. A narrativa flui naturalmente, as cores são muito vivas e os personagens bem construídos em todos os sentidos, com figurinos sofisticados, traços corporais distintos, expressões faciais acentuadas e falas características. Esse cuidado na construção de cada um os torna elegantes e sedutores. A posição da câmera também desperta curiosidade: muitas das cenas são filmadas “de cima”, literalmente do teto, e essa construção inusitada cria um efeito excelente.
Seguindo uma receita tradicional, Assassinato no Expresso Oriente não foge muito do que já era esperado. Apesar do final ser sim chocante — isso não se pode negar — o desenrolar da história é previsível e não surpreende aqueles que já conhecem um pouco que seja da escritora.
O filme chegou aos cinemas no dia 30 de novembro. Confira o trailer:
por Mariangela Castro
mariangela.ctr@gmail.com