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Os Parças: mais do mesmo

Roteiro mal construído, atuação duvidosa, piadas péssimas e uma trilha sonora que torna as cenas ainda piores. Essas são as características que ficam em mente após assistir Os Parças (2017). Com direção de Halder Gomes e a participação do youtuber Whindersson Nunes, o filme parece tentar se aproximar do público brasileiro tanto jovem quanto adulto, …

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Roteiro mal construído, atuação duvidosa, piadas péssimas e uma trilha sonora que torna as cenas ainda piores. Essas são as características que ficam em mente após assistir Os Parças (2017). Com direção de Halder Gomes e a participação do youtuber Whindersson Nunes, o filme parece tentar se aproximar do público brasileiro tanto jovem quanto adulto, mas acaba por se perder em sua construção e oferecer mais da clássica comédia estereotipada.

O longa se inicia com um acidente pouco convincente que leva um locutor de loja de varejo (Tom Cavalcante) e dois trambiqueiros de rua (Tirullipa e Whindersson Nunes) a entrarem em uma agência de organização de festas recém-inaugurada. Para não serem entregues à polícia, os três ajudam um técnico de informática (Bruno de Luca) a organizarem uma festa de casamento para a filha do maior contrabandista da 25 de março.

O enredo tem como foco os quatro colegas tentando enganar a família do contrabandista e organizar uma festa de grande porte com pouco dinheiro e com a ajuda apenas das pessoas e os produtos da 25 de março. Em diversos momentos, porém, o filme se apressa ao tentar incluir várias cenas diferentes – como na sucessão de acontecimentos que resultam na reunião dos personagens -, e acaba por pecar na construção de cada uma e das conexões entre elas. A única cena sentimental do filme, por exemplo, tem início em meio a uma situação cômica e deixa o espectador confuso quanto ao quê encadeou a emoção e saudosismo nos personagens principais.

Outro tema pouco desenvolvido é o romance entre dois personagens. Os momentos em que há uma relação breve entre os dois deixam a impressão de que aquilo foi construído de maneira superficial – visto que o casal mal se conhece quando começam as cenas românticas – apenas para completar o clichê, quando na verdade o filme funcionaria muito bem sem o romance.

A atuação dos protagonistas também deixa um pouco a desejar. Devido ao fato dos três comediantes ainda estarem iniciando sua carreira no cinema, é possível reconhecer o esforço dos atores, mas ainda será necessária prática para fazer o público rir em um longa-metragem. A comédia típica de esquetes e vídeos curtos do YouYube funciona bem para suas respectivas plataformas, mas o humor contínuo exigido em um filme se torna um desafio para esses atores.

Outro aspecto que não funciona e contribui para que o espectador fique indiferente perante a comédia são as piadas e as situações que deveriam ser cômicas. Além de apresentar piadas prontas que podem ser encontradas em qualquer programa de TV humorístico, há uma tentativa de incluir referências atuais como forma de se aproximar do público, mas acaba falhando nesse quesito também. Muitas das piadas e cenas ainda estão recheadas de machismo e objetificação da mulher.

Essa é uma questão que permeia o filme do início ao fim ao ponto de incomodar e até ofender. O assédio verbal é naturalizado na fala do locutor de loja, todas as personagens femininas que entram em cena são sexualizadas e a noiva – e também personagem feminina principal – não apresenta muita personalidade, iniciativa e se mostra passiva em muitos momentos, visto que quase todas as decisões em sua vida são tomadas pelos homens que a cercam.

A trilha sonora representa a cereja do bolo para a construção clichê do filme. Tanto as músicas de fundo quanto os efeitos sonoros cartunescos tentam construir o clima humorístico – já que as piadas não conseguem cumprir o papel –, mas acaba tornando o filme infantil.

 

Os Parças estreia dia 30/11. Assista ao trailer abaixo:

https://www.youtube.com/watch?v=dxZG_Atm29Y

por Maria Clara Rossini
mariaclararossini@usp.br

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