por Ana Luísa Fernandes
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A comédia francesa Attila Marcel, que estreia nos cinemas no dia 25/09, é um filme muito delicado e harmonioso. O longa conta a história de Paul (Guillaume Gouix), um pianista nos seus 30 anos que vive com duas tias. Paul não fala uma só palavra, pois quando tinha apenas dois anos de idade viu os pais morrerem na sua frente. Ele guarda fotos e lembranças da mãe, mas parece nutrir um rancor pelo pai Attila Marcel, que dá nome ao filme.
Tudo muda quando Paul conhece uma vizinha, Madame Proust (Anne Le Ny), que diz poder ajuda-lo a reencontrar sua mãe. O que Madame Proust faz na verdade é um chá capaz resgatar as memórias mais profundas, até mesmo aquelas de fatos ocorridos quando Paul era só um bebê. Ele vê a doçura de sua mãe, as tias sempre preocupadas e o pai, uma incógnita. Mas é só a partir dessas lembranças que Paul começa a encaixar as peças de sua vida e tentar se libertar das amarras que ele mesmo e as tias impunham.
Uma das melhores formas de se resgatar uma memória é com música, e essa cumpre um papel importante no filme, principalmente na voz doce da jovem Anita (Fanny Touron), mãe de Paul. Além das músicas suaves, a atuação de Guillaume Gouix chama a atenção: ele consegue passar através do personagem Paul muita emoção através dos olhos. Ele também fez o papel de Attila Marcel, o pai misterioso.
O longa é o primeiro filme em live-action (com atores reais) do diretor Sylvain Chomet, mais famoso pelo filme As Bicicletas de Belleville (The Triplets of Belleville, 2002), que concorreu ao Oscar de melhor animação e melhor canção em 2003.
Attila Marcel é um filme simples e carismático, o visual não tem nada de muito extravagante ou especial. O roteiro inusitado é trabalhado com tanta fluidez pelos atores que a história começa a tomar corpo na sua frente, e quando você menos espera ela parece perfeitamente plausível. Um filme carregado de emoções, com um toque especial que só a suavidade da língua francesa poderia dar.