Megan (Shay Mitchell) é uma jovem que começa a trabalhar em um necrotério. Após a chegada do cadáver de Hannah Grace (Kirby Johnson), supostamente morta após um exorcismo que deu errado, fenômenos muito estranhos passam a acontecer, levando a crer que a entidade demoníaca ainda possui poder sobre o corpo. A premissa é muito interessante, e de certa forma, nova no cenário de filmes com essa temática. O grande problema é a forma básica e trivial com que essa ideia é desenvolvida.
A cena inicial talvez seja a que cause mais medo e agonia de todo o longa. É uma boa introdução à história. O exorcismo de Hannah utiliza recursos como jumpscares de forma inteligente e moderada, além de causar grande desconforto no espectador. Infelizmente, sequências como essa acabam por aqui. Logo em seguida, Cadáver (The Possession of Hannah Grace, 2018) introduz a protagonista e tudo se torna lento e arrastado.
Shay Mitchell se esforça, mas não consegue gerar empatia ao ponto de quem assiste se preocupar com os seus dramas e dilemas. O roteiro até tenta dar profundidade à personagem, mas explora de forma rasa um trauma que sofreu quando trabalhava como policial e tudo que esse problema desencadeou em sua vida. Quando a atriz principal não é carismática, é muito mais difícil se envolver na história e acompanhar a trama torcendo para que sua personagem fique bem no final.
Grande parte do clima tenso é gerado graças à fotografia. A ambientação do necrotério é rodeada de tons acinzentados e iluminações fortes. Por ser subterrâneo, o local é claustrofóbico e consegue de forma eficaz trazer a áurea de todo o filme. Os efeitos gráficos do corpo de Hannah convencem no começo, porém vão ficando cada vez mais artificiais ao passo que a narrativa caminha.
O roteiro é simples e subestima o espectador. Muitas momentos em que as cenas deveriam falar por si só são verbalizadas por falas desnecessárias dos personagens. Esse problema fica muito evidente quando o personagem do pai de Hannah, interpretado por Louis Herthum, basicamente explica toda a trama para Megan dizendo coisas que já estavam claramente evidentes.
Encaminhando-se para o desfecho, o filme apresenta alguns furos e deixa de explicar certos pontos que ficam jogados e que são muito necessários. Muito provavelmente, foi um recurso utilizado como convenção para que tudo terminasse de determinada maneira. O final, literalmente, foi um grande momento de Deus Ex Machina.
Cadáver tenta trazer ideias novas para os filmes clássicos de exorcismo mas falha na execução e no desenvolvimento. Com poucos momentos realmente assustadores, o filme acaba se perdendo ao longo da história utilizando-se mais de jumpscares do que de cenas realmente aterrorizantes.
O filme estreia no dia 29 de novembro. Confira o trailer abaixo:
por Marcelo Canquerino
marcelocanquerino@gmail.com