Christabel (2018) é um filme de Alex Levy-Heller baseado num poema inglês homônimo do século XVIII. Durante os últimos anos, ele está sendo fortemente premiado em festivais ao redor do globo e agora, dia 25 de fevereiro, acontece a estreia para o grande público.
A trama acontece a partir do momento que a protagonista, Christabel (Milla Fernandez), encontra Geraldine (Lorena Castanheira) acuada e pedindo socorro. Ela logo convida essa desconhecida para sua casa e passa a cuidar dela esperando sua recuperação. Geraldine é uma mulher tão sedutora quanto misteriosa, e assim conquista tanto Christabel quanto o seu pai viúvo (Julio Adrião). Ela chega quebrando a calmaria da família, com sua atitude livre e intensa, aflorando memórias e pensamentos inesperados nos dois.
O longa é exemplar na construção da tensão. Existem todos os indícios para mostrar o quão perigosa é Geraldine para uma inocente Christabel, mas nada prova de fato que ela seja e, assim, o espectador fica ansioso para saber o desenrolar da história. Existem, por vezes, momentos quase hitchcockianos em que nós sabemos que a bomba está na mesa, mas as personagens não: é claro como Christabel está se encantando por Geraldine e nós, como público, assistimos a isso sem poder interferir, sem saber como a relação delas vai progredir.
O que é certo é que a influência de Geraldine transforma a protagonista. A própria atriz Lorena Castanheira comenta: “ela [Geraldine] mostra à limitada Christabel, que vive num ovo, que a vida pode ser bem mais que isso”. A jovem até então tinha pouco, ou quase nenhum, contato com o feminino. Ela sonha em casar com o noivo de uma relação desgastada e ter filhos. E Geraldine é livre, sem amarras com nada ou ninguém, de certo modo, esta vai corrompendo Christabel, mas não se sabe se essa corrupção vai ter um impacto positivo ou negativo para ela.
Tecnicamente, o filme Christabel se sobressai por retratar muito bem um ambiente rural e, ao mesmo tempo, contribuir para o clima fantasioso da obra. O uso de cenas estáticas retratam uma calmaria do local e o uso da luz de lampiões alternando com a luz elétrica contribui para tornar as cenas mais românticas ou misteriosas dependendo do contexto.
Contudo, o destaque principal vai para o elenco. Milla Fernandez, que assume o papel-título em seu trabalho de estréia, é um dos maiores achados e sua transformação ao longo do enredo fica nítida em sua performance. Tanto ela quanto seu pai, interpretado por Julio Adrião, têm momentos de verdadeiros monólogos, em que, sem cortes, contam histórias sozinhos, e ambos o fazem com a fluidez necessária para tornar a cena interessante, praticamente sem intervenções estéticas.
No mais, Christabel traz para o cinema brasileiro uma temática atual e interessante, assim como se utiliza de um gênero muito pouco utilizado que é o da fantasia. É possível sentir tensão, romance e realidade em duas horas de filme e ainda sair refletindo do cinema.
O longa tem data de estreia prevista para 25 de fevereiro no Brasil. Confira o trailer:
*Imagem de capa: reprodução/Alelo Filmes