Túlio Bucchioni
Para muitos críticos de cinema talvez a obra-prima do diretor norte-americano Martin Scorcese, Touro Indomável permanece como referência entre os filmes de boxe e, consensualmente, como um dos clássicos dos anos oitenta. O longa conta a história do pugilista peso-médio Jake La Motta, filho de imigrantes italianos e conhecido como “The Bronx Bull”(o touro do Bronx), vivido magnificamente bem pelo ator Robert DeNiro – idealizador do projeto e principal responsável por convencer Scorcese a aceitar dirigir o filme.
Focando na rápida ascenção e queda de La Motta, talvez o grande mérito do filme seja relembrar ao espectador que, muitas vezes, o maior inimigo que possuímos pode ser nós mesmos. A força destrutiva com que o pugilista encara seus adversários transborda para fora dos ringues e atinge sua vida pessoal da mesma maneira drástica e quase que involuntária com que o protagonista vence suas lutas. Para encarnar La Motta em sua última fase no filme, DeNiro foi capaz de engordar quase 30 kg, uma transformação até então inédita no cinema, que somada ao seu empenho entusiasmado na produção e interpretação magnífica do protagonista, lhe rendeu o Oscar de melhor ator.
Touro Indomável é rodado em preto e branco e propositalmente os únicos trechos coloridos do filme aparecem durante a exibição dos filmes caseiros de 16 mm ao longo da narrativa. A trilha sonora é um grande marco do filme, assim como o roteiro de Paul Schrader que, apesar de focar principalmente nas cenas mais violentas, traduz muito bem a percepção que La Motta tem da realidade. Se por um lado talvez seja difícil se identificar com o turbulento protagonista, em contrapartida é praticamente inevitável não se emocionar com a interpretação eletrizante que DeNiro imprime ao filme.