Bruna Buzzo
Canções de amor (Les Chansons d’amour) é um desses filmes para ver e se apaixonar. Bonito e delicado, seus personagens e sua trilha sonora encantam os olhos e ouvidos dos espectadores de ambos os sexos: de um lado, Ismael (Louis Garrel) canta sua amada e sua posterior tristeza, do outro, Julie (Ludivine Sagnier) encanta os meninos com seus belos cabelos loiros e uma beleza fora do padrão, cativante.
Aqui encontramos um belo exemplo de filme que podemos escolher assistir (ou não) apenas pelo título. Musical, Canções fala do amor em suas mais variadas formas e estágios, percorrendo todas as fases por que passam os relacionamentos. O casal central, formado pelos dois jovens atores franceses, tem um relacionamento moderno, por assim dizer, que envolve uma ampla amizade, pequenas brigas, um estranho relacionamento a três (com Alice, interpretada por Clotinde Hesme) e algumas doses de ciúmes.
Ao longo do filme, percebemos que o que poderia ser apenas um namoro fadado ao término é, na realidade, um belo e conturbado amor, ameaçado pelos ciúmes que o triângulo amoroso trouxe à Julie. Presente como um traço marcante na obra do diretor Christophe Honoré (Em Paris), a família de Julie é retratada de forma real e palpável, como uma família comum da capital francesa. As personagens que a compõem são analisadas sob o ponto de vista das complicadas relações familiares e este quadro mais geral nos ajuda a compreender melhor a relação do casal protagonista.
Vítimas do que se poderia chamar de uma ingratidão da natureza, os dois amantes se separam e aqui o filme passa a nos mostrar um lado mais escondido (ou camuflado) das relações humanas. As canções têm ritmos e melodias suaves, que nos permitem amar e sofrer junto com as personagens, e, por ventura, dar algumas risadas de cenas inesperadas. As cores lembram Picasso: o colorido da felicidade, o azul da melancolia.