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Do minimalista ao exuberante – uma viagem ao tempo de Elis e Tom

Documentário ‘Elis & Tom - Só tinha de ser com você’ mostra o processo e as dificuldades na criação do álbum homônimo

A produção Elis & Tom – Só tinha de ser com você (2023), dirigida por Roberto de Oliveira e Jom Tob Azulay, conta com imagens inéditas documentadas durante as gravações de um dos álbuns mais icônicos da carreira de Elis Regina e Tom Jobim.

O documentário retrata os bastidores do processo de criação das canções do álbum Só tinha de ser com você, gravado em 1974 na cidade de Los Angeles e produzido por Aloysio de Oliveira. A produção relembra as trajetórias de Elis e Tom na música, documentando também a atuação dos artistas antes da decisão de fazerem um álbum. 

O longa conta com relatos e impressões de membros da equipe envolvida no  desenvolvimento do projeto, como o próprio Roberto de Oliveira, César Camargo Mariano, arranjador musical e ex-marido de Elis, e até mesmo Humberto Gatica, o engenheiro de som que colaborou na construção do álbum. 

Tom: o minimalista

Inicialmente, o enredo apresenta um maior enfoque na trajetória de Tom antes do lançamento do álbum – no ato “Tom: o antes”– , glorificando a consolidação da carreira internacional do artista durante a década de 1960. A parceria de Jobim com Frank Sinatra em 1967 é retratada como um grande marco, elevando o brasileiro ao patamar de artista a nível mundial. 

O perfeccionismo de Tom na construção de seus arranjos musicais é enfatizado durante todo o longa, inclusive como uma das grandes razões motivadoras de conflitos e tensões durante a produção do álbum conjunto. Ele é descrito como um “gênio casual” de estilo minimalista na composição de suas obras, ponto contrastante com a figura emblemática de Elis Regina. 

Elis e o exuberante

A potência de Elis como uma artista completa e considerada “perfeita em tudo” não deixa de ser documentada na produção, ainda que as dificuldades no estabelecimento de uma carreira internacional sejam bastante enfatizadas, a partir de diferentes pontos de vista. O mau momento no qual sua carreira se encontrava é apontado como um dos principais motivos que levaram à sua junção com Tom, ainda que tivessem estilos totalmente diferentes, já que Elis navegava por diferentes gêneros musicais.

Suas performances altamente artísticas e interpretadas como “exuberantes” não condiziam com o estilo mais “sóbrio” de Jobim, o que levou a uma série de conturbações no desenvolvimento do disco – considerado até hoje um dos maiores sucessos da música brasileira. 

O “amor musical” entre os dois grandes nomes da música brasileira. [Imagem: Divulgação/ Rinoceronte Filmes]

Só podia ser com eles

O papel do documentário em retratar também os pontos baixos envolvidos na criação de um dos maiores discos do país é executado com maestria e imparcialidade. Os relatos coletados dos colaboradores do projeto são muito bem posicionados no decorrer da montagem, revelando os atritos e dificuldades enfrentadas no processo. 

Roberto de Oliveira conta que a intenção inicial era de se produzir um disco de Elis com a participação de Tom, mas que a forte presença do “universo jobiniano” impossibilitou tal execução. O caráter incisivo e a implicância de Jobim com o pianista e arranjador César Camargo Mariano, marido de Elis na época, tensionavam as relações no ambiente de trabalho. Em depoimentos atuais dados ao documentário, Mariano conta sobre a experiência e os desentendimentos com  o cantor. 

Um ponto negativo é o fato de o documentário não construir uma narrativa acerca da dimensão e dos impactos do álbum para a sociedade e música brasileiras, focando majoritariamente no processo dentro dos estúdios de gravação e pouco na reverberação obtida.

O documentário retrata diversos momentos das gravações de Águas de Março. [Imagem: Divulgação/ Rinoceronte Filmes]

A divulgação de imagens inéditas de dois dos maiores artistas da história da MPB — quase 50 anos após o lançamento do álbum – é, de fato, emocionante e cativa a atenção do público, permitindo inclusive uma maior aproximação entre o público e a Elis e o Tom de verdade, cotidianos. Apesar de algumas faltas, o documentário cumpre bem a proposta de retomar a memória de ambos e se destaca pelo retrato da realidade vivida durante a produção de uma obra amplamente conhecida como “Elis & Tom”, especialmente pelo grande destaque dado à produção da música Águas de Março, considerada uma das canções mais icônicas do país. 

O filme já está em cartaz nos cinemas. Confira o trailer:

*Imagem de capa: Divulgação/Rinoceronte Filmes

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