O encontro entre o milionário solitário Edward Lewis e a prostituta Vivian Ward gerou uma inesquecível história de amor que está em cartaz em São Paulo, no palco do Teatro Santander, de 01 de setembro a 17 de dezembro. No cinema, o casal foi interpretado por Richard Gere e a iniciante Julia Roberts, que consagrou seu nome como atriz com o protagonismo no longa; no teatro, quem dá vida ao empresário é o ator Jarbas Homem de Mello e o papel de Vivian é da atriz e cantora Thais Piza.
Da Broadway para o Brasil
A primeira adaptação teatral de Uma Linda Mulher (Pretty Woman, 1990) ganhou os palcos em 2018, com texto de Garry Marshall e J. F. Lawton. As músicas foram assinadas por Bryan Adams — cantor, compositor e produtor musical conhecido por sucessos como Summer of ’69, Heaven e (Everything I Do) I Do It for You —, em colaboração com Jim Vallance. A estreia foi em Chicago, mas a produção rapidamente chegou à Broadway, em Nova York.
Depois da Broadway, o musical passou por diversas cidades: Hamburgo (Alemanha), Londres (Inglaterra), Milão (Itália) e Barcelona (Espanha). Nos Estados Unidos, a apresentação foi em uma turnê que chegou a 32 cidades. Agora, uma nova turnê passará pelo Reino Unido e Irlanda, a partir de outubro deste ano.
No Brasil, a adaptação é dirigida artisticamente por Fred Hanson, com direção musical de Jorge de Godoy, coreografia de Kátia Barros e produção geral de Stephanie Mayorkis. De acordo com o diretor Fred Hanson, que admite nunca ter assistido à versão da Broadway, o processo criativo da versão brasileira começou com a análise do texto e das músicas, com o objetivo principal de fornecer ao público um espetáculo com energia e emoção.
Para além dos muitos desafios em adaptar uma obra cinematográfica — filmada em amplos espaços — para o teatro — com apenas um palco —, a produção conseguiu transportar a essência do filme através da conexão com a caracterização dos atores, as músicas escolhidas e os incríveis cenários feitos do zero unicamente para a apresentação. Durante todo o espetáculo, há 41 mudanças de cenário que, como conta Hanson, foram pensadas estrategicamente: “Tivemos cuidado para não deixar os cenários pesados e demorar muito no momento das trocas.”
A atmosfera criada no palco ganha reforço com o jogo de iluminação escolhido. Durante as cenas mais vivas, as luzes são coloridas e cheias de movimento. Já nos momentos em que os personagens fazem reflexões íntimas e emocionais, as luzes são sutis e direcionadas apenas para o intérprete.
Quanto aos visuais dos atores, o figurinista Fabio Namatame explica que seu principal objetivo era preservar as peças icônicas, com pequenas modificações para transformar os looks em algo mais atrativo para o palco. As cores fortes, tão marcantes nos anos 80 e 90, continuam presentes. A caracterização de Kit de Luca, amiga de Vivian, interpretada no musical por Andrezza Massei, foi a única que passou por uma mudança drástica — as saias curtinhas deram lugar às calças jeans e peças voltadas ao rock ‘n’ roll — e pode ser percebida pelo público com facilidade, mas não atrapalha em nada a conexão dessa versão da personagem com a interpretação dos cinemas.
O essencial de um musical
O diretor musical, Jorge Godoy, revela que a adaptação foi um grande desafio pela diversidade de estilos musicais presentes nos 150 minutos da apresentação. Alguns dos gêneros incorporados são o pop rock, hip hop e a ópera, que, apesar de distintos, foram trabalhados para funcionar em harmonia. Pretty Woman, a canção marcante de Roy Orbison, também faz parte da versão brasileira, além de uma orquestra de dez músicos que executa ao vivo toda a trilha sonora, incluindo a clássica música do filme.
A escolha dos intérpretes garantiu que o musical alcançasse um patamar mais alto. Com um elenco de 23 atores já consagrados no teatro musical, as cenas cantadas são lindas e contagiantes. Thais Piza, com uma antiga e ampla carreira musical, apresenta ao público uma Vivian mais confiante e empoderada. Com uma voz já íntima da música, Thais performa as canções da personagem com vivacidade e cada cena transforma-se em um lindo show. A interpretação de Jarbas Homem de Mello também surpreende e, com a experiência do ator, as canções que revelam o íntimo do coração de Edward apresentam uma dramaticidade única e essencial para a construção do personagem.
Outra escolha que foi um ganho inestimável à produção é César Mello, que interpreta dois papéis: o inesquecível Homem Feliz, que abre e fecha a versão cinematográfica com otimismo, e o Sr. Thompson, gerente do famoso hotel em que Edward está hospedado. Como Homem Feliz, César torna-se a atração principal do palco e conquista com a música e a dança. A sensação de alegria que ele consegue gerar através da arte é genuína e transporta o espectador para dentro da cena com muita facilidade.
A coreografia de Kátia Barros explora as diversas vertentes musicais presentes no espetáculo e constrói uma ponte entre a música e a atuação, além de integrar com naturalidade os atores aos cenários no palco.
Para o diretor artístico, o Teatro Santander foi escolhido para receber o musical pela intimidade proporcionada entre público e palco, o que é um importante diferencial em um espetáculo de duas horas e meia.
Uma Linda Mulher – O Musical ficará em São Paulo até o dia 17 de dezembro, com exibições às quintas-feiras e sextas-feiras, às 20h, e aos sábados e domingos, às 16h e 20h. A história continua apaixonante e a magia que apenas um musical gera deixa a experiência ainda mais divertida. Vale a pena conferir!
*Imagem de capa: Divulgação