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Em busca da primeira vitória em Copas, Argentina espera surpreender no grupo D da Copa do Mundo Feminina

Com histórico ruim em suas participações, as hermanas tentam a façanha de avançar e sonhar com o mesmo sucesso da equipe masculina em mundiais

A seleção albiceleste chega para a disputa do seu quarto mundial na Austrália e na Nova Zelândia com a gana de fazer história. Diante de barreiras estruturais — como ocorre praticamente em todas as ligas da América Latina — e um retrospecto ruim, a equipe argentina comandada pelo técnico Germán Portanova tenta, pela primeira vez em sua história, passar pela fase de grupos e chegar ao mata-mata da competição de uma Copa do Mundo.

Histórico ruim e esperança por bons resultados

Tendo em vista a participação da seleção argentina nas principais competições do futebol feminino, pode-se considerar que a melhor participação aconteceu no último mundial, disputado na França, em 2019. Na ocasião, as hermanas se despediram na primeira fase da competição com dois empates contra Japão e Escócia, além de uma derrota para a forte seleção inglesa. 

Ainda que isso possa não parecer uma grande conquista, os adversários devem olhar de forma diferente para o time argentino nesta Copa do Mundo, já que, em outras participações, a equipe foi “saco de pancadas” de seus respectivos grupos. Nas Copas de 2003, nos Estados Unidos e de 2007, na China, a seleção albiceleste não teve chances e perdeu todos os jogos, tendo enfrentado  fortes seleções, como Alemanha, Japão, Inglaterra e Canadá. Para corroborar com as péssimas campanhas, a Argentina também carrega a marca de ter sofrido a segunda maior goleada da história das Copas. A equipe perdeu por 11 a 0 para a seleção alemã, em 2007.

Seleção alemã comemora goleada sobre a Argentina por 11 a 0 em 2007, na China [Imagem: Divulgação/Twitter @goleada_info]

Além disso, a seleção também passou por “maus bocados” quando foi à China para a disputa dos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008. À época, a equipe também foi à passeio para a disputa e voltou para casa com três derrotas e a eliminação na primeira fase.

Outro campeonato que pode ser o termômetro e a inspiração para a Argentina é a Copa América. As hermanas são, até hoje, as únicas a conseguirem derrubar a hegemonia brasileira na competição. Em 2006, quando sediaram o torneio, elas venceram as brasileiras por 2 a 0 e conseguiram a única conquista de sua história. No mundial do ano seguinte, porém,  a seleção brasileira se sagrou vice-campeã, enquanto a  argentina amargou a péssima campanha citada.Em 2023, após três participações com pouco brilho, a expectativa é que a equipe possa surpreender e aparecer na segunda fase da competição. A Argentina divide o grupo G ao lado de África do Sul, Suécia e Itália, e pode conseguir sua primeira vitória em mundiais.

Baixo investimento na liga argentina explica os resultados?

Um dos fatores que corrobora para o péssimo desempenho argentino em mundiais é a falta de organização e de incentivo do principal órgão que gere o futebol feminino no país. Considerando a história do esporte em terras platenses, a principal liga de futebol feminino foi inaugurada em 1991. Porém, apenas em 2019, a AFA (Associación de Fútbol de Argentina) anunciou de maneira oficial, por meio do presidente Claudio Tapia, a profissionalização do futebol femino no país. 

“Quando assumimos, dissemos que iríamos fazer uma gestão inclusiva no futebol, de igualdade de gêneros. Estamos desenvolvendo isso e vamos seguir trabalhando para desenvolver o futebol feminino em todas as cidades”, disse Tapia. “Sinto uma alegria enorme. Seremos uma das primeiras federações com jogadoras profissionais. Quero agradecer a todos os dirigentes por acompanhar esta decisão”, completou.

Porém, esse foi apenas um dos primeiros passos de uma modalidade que, apesar de ser a mais popular do país, ainda engatinha em seu crescimento. Na principal divisão, chamada de Primera A Femenino, poucas equipes seguiram o movimento, San Lorenzo, River Plate, UAI Urquiza e o Boca Juniors profissionalizaram suas equipes e proporcionaram os contratos às suas atletas à época.

Jogadoras do Boca comemoram gol que levou ao título do campeonato argentino no alambrado da Bombonera [Imagem: Divulgação/Twitter @CABJ]

Para que uma equipe possa disputar os torneios, a entidade exige que se tenham pelo menos oito jogadoras profissionais — a AFA pagaria mensalmente uma ajuda de custo equivalente aos oito salários. Esse movimento vem fortalecendo o desenvolvimento do esporte no país e consolidando a liga, que já conta com três divisões. Entretanto, não é preciso ir muito longe para saber que a maior parte das atletas não conseguem se dedicar apenas ao futebol, o que acaba sendo pouco para um país tricampeão da modalidade no masculino.

Em meio a obstáculos como a pandemia de Covid-19, o objetivo da principal organização é subsidiar o desporto. “Criaremos uma copa nacional que será chamada Futebol em Evolução e será similar à Copa da Argentina. Espero que o novo torneio seja o pontapé inicial de um crescimento contínuo”, revelou Tapia.

Elenco pouco conhecido, mas com atletas que chamam a atenção

O time argentino chega para o mundial com poucas atletas badaladas em seu elenco. Como o coletivo vem tentando se destacar nas últimas competições sob o comando de Portanova, ainda há espaço para alguma estrela despontar nesta equipe. O nome que larga na frente e tem a admiração dos adeptos da seleção é o da atacante Yamila Rodriguez. Ela foi a artilheira da última Copa América mesmo com o time argentino não figurando na final do campeonato. Ao lado dela, aparece  a meio-campista Lorena Benítez. Ambas se destacaram nesta temporada atuando pelo Palmeiras.

Outra atleta que recebe uma atenção especial da imprensa argentina para este mundial é a atacante Estefanía Banini. A jogadora, que atualmente defende o Atlético de Madrid, da Espanha, provavelmente disputará o seu último mundial. Ela está na seleção desde 2010 e é quem puxa o sonho de levar a Argentina para as oitavas de final pela primeira vez.

Estefanía Banini (à esquerda) e Yamila Rodriguez (à direita) em jogo da seleção argentina pela Copa América em 2022 [Imagem: Divulgação/Conmebol]  

A principal ausência da seleção albiceleste será a goleira Laurina Oliveros, que sofreu uma fratura na mão esquerda e não vai conseguir se recuperar a tempo da competição. 

Dentre as 23 convocadas por Portanova, nove atuam no futebol argentino, cinco na Europa, três atletas na América do Norte, além de seis atletas no futebol sul-americano, podendo-se destacar as duas atletas do Palmeiras já citadas, além de duas do Santos e uma do Red Bull Bragantino. 

Caminho argentino no Mundial   

Ainda que vislumbre uma boa participação já nesta edição, o mundial para a seleção argentina pode significar uma virada de chave para gerações futuras.  Em um país tricampeão no futebol masculino, agora existe uma revolução na base que visa a um time de alto nível entre as mulheres para os próximos anos. 

Seleção argentina em amistoso [Imagem: Divulgação/Icon Sport]

A estreia da albiceleste será no dia 24 de julho, às 3h (BRT), contra a Itália, no Eden Park, em Auckland. Depois, a Argentina enfrentará a África do Sul, na quinta-feira, dia 27, às 21h (BRT), no Forsyth Barr, em Dunedin. A equipe fecha sua participação na fase de grupos na quarta-feira, dia 2 de agosto, às 4h (BRT), contra a Suécia, no Waikato Stadium, em Hamilton. Todos os jogos da seleção argentina na primeira fase serão realizados em território neozelandês. 

*Imagem de capa: Site: CONMEBOL.com

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