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O Tour da Taça de todos

Nosso repórter visitou o Tour da Taça, ao lado da Arena São Paulo, e conta o que viu Por Matheus Sacramento (matheussacrame@gmail.com) A Copa do Brasil não é de todos. Nunca foi. É óbvio que poucas pessoas terão acesso aos estádios. Está claro que pouco foi feito para deixar um legado social que de fato …

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Nosso repórter visitou o Tour da Taça, ao lado da Arena São Paulo, e conta o que viu

Por Matheus Sacramento (matheussacrame@gmail.com)

A Copa do Brasil não é de todos. Nunca foi. É óbvio que poucas pessoas terão acesso aos estádios. Está claro que pouco foi feito para deixar um legado social que de fato beneficie todos os brasileiros. Mas, nessa “Copa de poucos”, houve ao menos um evento que aproximou os mais pobres da atmosfera deliciosa de um evento mundial: o Tour da Taça.

O Tour em si não tinha nada de muito especial. Nada que pudesse emocionar alguém que vive em meio a protestos anti-Copa e críticas – justas – quanto a sua realização. Exceto por um fator essencial: as pessoas que lá estavam. Crianças e adolescentes, vindas em excursões com suas escolas, a maioria claramente de origem simples. Estavam eufóricos, vibrantes, alegres. Esperavam o momento de ver a taça como se esperassem ver a felicidade concentrada em um objeto.

Ao entrar na primeira sala do tour, um pequeno local retangular no qual seria projetado um vídeo nas quatro paredes, as crianças já exultavam de alegria. Muitos sacavam seus smartphones – sim, todas as classes já possuem essa tecnologia – e tiravam selfies. Era como se mostrassem ao mundo, por meio das redes sociais, que estavam participando da Copa em seu país. “Olha, eu estou aqui, estou participando também! Veja como estou feliz!”.

A segunda sala projetava uma contagem regressiva. As crianças, aos berros, acompanhavam: cinco, quatro, três, dois, um, AÊÊÊ!!! Seguia-se um vídeo com momentos marcantes de Copas anteriores. Mesmo sem ter vivido ou conhecido a história, era impressionante como elas reagiam às imagens. No começo, comemoraram timidamente o gol de Pelé contra a Suécia, em 58. Aos poucos, foram se soltando. Gritaram gol com emoção ao ver Carlos Alberto TorresA taça exposta ao lado da Arena de São Paulo, onde o primeiro jogo será realizado. Foto: Otávio Nadaleto fuzilar o goleiro da Squadra Azzurra de 70. Ficaram em impressionante silêncio quando Paolo Rossi eliminou o Brasil de 82. Acompanhavam com um quê de inveja ao ver o gol com la mano de Diós e o gol mais bonito da história das Copas, ambos marcados por Maradona em 86. Até que soltaram o grito da garganta com força ao ver imagens de 2002, de Ronaldo Fenômeno superando Oliver Kahn, quando muitas delas ainda deviam ser bebês. Por mais que fossem simplesmente alguns instantes, por mais que fossem apenas imagens antigas, elas estavam vivendo o evento. Intensamente. Após Cafu levantar a taça, o vídeo dizia que os verdadeiros campeões não eram os jogadores. Mostraram-se imagens de moleques batendo bola, descalços, nas favelas, nos terrões. Aqueles eram os verdadeiros campeões, os verdadeiros jogadores. A Copa era de todos! É claro que essa fantasia ficou só no vídeo, não se realizou, o Mundial de 2014 oi um fiasco em preparação e organização. Porém ali, naquele momento, a Copa era de todos, todos felizes e hipnotizados. Ouvia-se a música da Coca-Cola: “Vamos cantar felicidade; é a Copa de todo mundo”.

Após a emocionante segunda sala, chegava-se um ambiente de jogos, com pebolim, games interativos de dança, chute e corrida. Não é preciso ser um gênio para prever que as crianças fizeram a festa. Jogaram tudo que puderam. Ainda nessa sala, havia uma exposição com as bolas de diferentes copas: a Brazuca, a Jabulani, a Teamgeist, a Fevernova, etc.

Por fim, a hora mais esperada: ver a taça da Copa do Mundo. Infelizmente, esse momento deixou um pouquinho a desejar. O contato com o troféu era um tanto artificial. Ele estava longe, em uma vitrine embutida na parede. Ninguém poderia tirar foto com o próprio celular, a única foto permitida era a oficial, que era revelada e entregue na saída. Havia pouco tempo para curtir a ocasião. Ainda assim, era o troféu, não era de se desprezar.

Se a Copa do Brasil será para poucos, pelo menos essas crianças (e alguns adultos, por que não?) conseguiram participar minimamente do evento. Será algo que elas lembrarão com carinho para o resto da vida. “Eu estive lá, eu vi a taça!”.

PS: Vale lembrar que o tour foi inteiramente pago com dinheiro privado, da Coca-Cola.

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