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‘Enquanto eu não te encontro’: entre encontros e desencontros, o final feliz é só o começo

Romance encanta com leveza narrativa, comicidade e representatividade LGBTQIAP+

Enquanto eu não te encontro (Editora Seguinte, 2021) é o livro de estreia do cantor, escritor e jornalista Pedro Rhuas. Narrado em primeira pessoa, o livro apresenta a história de Lucas, um jovem que se mudou do interior do Rio Grande do Norte para Natal com seu melhor amigo Eric em busca de liberdade, onde esbarra na pessoa que viria a ser o seu grande amor.

Com títulos de capítulos cômicos, divas do pop e memes, Enquanto eu não te encontro é envolto em boas doses de humor que, presentes desde o início da obra, passam uma boa impressão do conteúdo e tornam a leitura divertida e imersiva. A expressividade e a personalidade de Lucas e Eric contribuem com a comicidade na narrativa, além de indicar, conforme o desenrolar da história, leveza e autenticidade dos dois personagens. 

A obra se divide em três momentos. O primeiro encontro (junho de 2015); o desencontro e o segundo encontro (setembro de 2015). Na primeira parte, podemos conhecer o protagonista, sua relação com seu melhor amigo e o prelúdio de alguns conflitos internos. Nesse ponto, na inauguração de uma boate com formato de navio, nomeada Titanic, Lucas conhece Pierre, um francês quase brasileiro cheio de conhecimento, que o conquista com gostos estranhamente parecidos com os seus.

O encontro entre Pierre e Lucas é narrado em detalhes no primeiro momento sem se tornar massivo e entediante. O europeu, além de muito bem idealizado esteticamente e de beirar a perfeição — algo muito visto em romances — é outro personagem bem construído e que apresenta profundidade em suas falas, o que o torna interessante não só ao protagonista, mas ao leitor também. 

Após momentos de conexão entre os dois e uma série de acontecimentos, Lucas e Pierre perdem contato um com outro e inicia-se o segundo momento da história. O desencontro é a parte mais curta do livro, mas ainda assim muito importante. Enquanto Lucas sofre com seu distanciamento de Pierre, o protagonista passa por uma série de reflexões até conseguir seguir em frente. A narrativa é aprofundada com o foco em Ana, amiga que o ajuda emocionalmente, e nos conflitos entre Lucas e Eric, além de introduzir o núcleo familiar do personagem. 

Apesar do clima cabisbaixo do desencontro, o universo parece agir a favor do casal e, inesperadamente, os dois se veem novamente. O terceiro momento da narrativa foca no desenvolvimento do relacionamento de Pierre e Lucas e conta com momentos românticos e bonitos. O final do livro engana quanto ao fechamento da história e do casal, mas a cena extra presente no site dedicado à produção não só consegue encerrar a narrativa satisfatoriamente, como também abre espaço para uma possível e bem-vinda continuação do romance. 

Enquanto eu não te encontro propõe uma experiência incrível de leitura com humor ao mesmo tempo em que toca em assuntos sérios. O desenvolvimento de Lucas em seu processo de autoconhecimento e de amor próprio é bem trabalhado e traz lições importantes aos leitores. A obra traz — em ambientação nordestina — representatividade, autenticidade, comicidade, reflexões e um final feliz — que marca apenas o começo — merecido em uma narrativa LGBTQIAP+. 

“Tem sido um longo caminho. Não digo que a jornada terminou, mas tampouco me surpreende que, nesse momento, mesmo com o futuro incerto adiante, sinto aquilo que busquei, sem saber, durante tanto tempo: o amor-próprio”.

— Enquanto eu não te encontro, pág. 244

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