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‘Escola de Quebrada’ mostra o lado alegre e juvenil das favelas de SP

FILME FICCIONAL DE KONDZILLA E PARAMOUNT+ RETRATA A FAVELA DA ZONA LESTE DE SÃO PAULO COM COMÉDIA E DIVERSÃO

No dia 3 de março, a Paramount+, em parceria com a produtora de clipes Kondzilla, lança em sua plataforma o filme Escola de Quebrada (2023), que retrata a vida de Luan (Mauricio Sasi), David (Lucas Righi) e Rayane (Bea Oliveira) em uma escola pública da Zona Leste de São Paulo. A partir do longa, cria-se um universo com representações da quebrada, como as gírias, roupas, tênis, acessórios de ostentação e outros elementos que trazem identificação aos paulistanos que moram na periferia.

Na trama, Luan e seus amigos acabam de entrar no Ensino Médio e querem se destacar entre as pessoas da escola. O maior desafio do garoto é chamar a atenção de sua paixão platônica, Camila (Laura Castro), que faz parte do grupo das mandrakes. Nessa busca pela atenção de Camila, Luan acaba criando conflitos com dois grupos rivais da escola, os “engraçadões” e os “mil grau”, e coloca em risco o campeonato de interclasse. Luan, David e Rayane, então, devem unir a escola na tentativa de salvar o evento mais esperado do ano pelos alunos.

Escola de Quebrada é o 1º longa metragem da produtora Kondzilla. [Imagem: Divulgação/Paramount+]

O filme se baseia na experiência de Kaique Alves, criador e diretor do filme, durante sua adolescência na periferia. O longa mostra uma similaridade com a série estadunidense Todo Mundo Odeia o Chris (2005-2009) ao retratar um grupo de amigos excluídos tentando se encaixar entre os mais populares da escola. A convivência familiar com os atores Pathy Dejesus e Rogério Brito, que interpretam os pais de Luan, também se assemelha à série americana, que traz a mãe superprotetora Rochelle (Tichina Arnold) e o pai trabalhador Julius (Terry Crews).

A proposta de Escola de Quebrada é interessante e traz leveza ao retratar a vida na favela, que é sempre muito estereotipada no audiovisual. Durante a coletiva de imprensa do longa, que aconteceu no mesmo dia do lançamento, a atriz Laura Castro mencionou uma frase citada durante a preparação do elenco nas gravações: “É um filme de quebrada sem ter uma gota de sangue derramada”. A produção  utilizou, para o filme, muitas cores vivas, gírias juvenis e outros elementos que levaram os olhares do público para esse lado mais alegre e divertido da periferia.

Os personagens do filme criam um ambiente de diversão e descontração no meio da garotada. [Imagem: Divulgação/Paramount+]

Pathy Dejesus e Laura Castro sentiram a responsabilidade de representarem mulheres pretas no filme e de fugirem de estereótipos colocados sobre a periferia, como o de que toda família da favela é desestruturada, mito desmentido pela trama. Além de surgirem vários flashbacks dos seus tempos de escola durante as gravações, Pathy comentou que, com o olhar de mãe, imaginava como poderia passar a sua experiência da escola ao filho, Rakim, quando estivesse na idade da adolescência. Já Laura mencionou de forma carismática que era CDF na escola e atuar como Camila no filme fez com que alguns aspectos de sua infância fossem “corrigidos”.

As cenas imaginárias de Luan com Camila são fantásticas e arrancam gargalhadas dos espectadores. [Imagem: Divulgação/Paramount+]

A produtora foi questionada quanto ao espaço retratado, uma favela de São Paulo. Kondzilla ressaltou a importância de trazer o olhar para São Paulo e colaborar com a sua cultura de periferia. Na maioria das situações, as favelas do Rio de Janeiro são referências, mas Kondzilla sentiu que era necessário trazer mais representatividade para as comunidades de São Paulo, incluindo gírias regionais e outros aspectos que identificassem as favelas paulistas.

Durante a coletiva, o criador Kaique Alves comenta que um dos personagens do filme, o Sangue Bom (Helião), tio de Luan, foi inspirado em seu tio na vida real, envolvido na Chacina do Carandiru. Kaique menciona que seu tio sempre foi uma figura que o orientava para os bons e promissores caminhos da vida, criando esperança no sobrinho e contrariando o pensamento determinista de que ninguém da favela poderia ter sucesso.

Mauricio Sasi ressalta que o filme é diferente por retratar a realidade além do racismo, que é um tema constantemente ligado às pessoas pretas. Ele comenta que pretos podem falar sobre outros aspectos que não esse lado complexo da sociedade. Assim, o filme cumpre com a proposta de explorar a convivência na favela de forma divertida e engraçada.

O conflito entre os “engraçadões” e os “mil grau” por causa de Luan é marcante na trama e retrata as rixas entre grupos de amigos das escolas. [Imagem: Divulgação/Paramount+]

Kondzilla espera que haja mais visibilidade nessas temáticas para que mais produções de filmes nessa abordagem ocorram, seja uma continuação deste filme ou não. Alcançar os outros países que possuem uma cultura parecida e que falam a língua portuguesa, especialmente na África, é um dos objetivos da produtora, a fim de envolver os espectadores com a representação de suas comunidades no longa-metragem. 

Escola de Quebrada não retrata a favela do jeito como é comentado nos noticiários, tampouco há uma total transparência sobre a realidade de quem vive nas comunidades. No entanto, a proposta alegre e cômica do filme traz um entretenimento leve que envolve a todos de forma orgânica e divertida, levando uma gama diversa de histórias e realidades das favelas de São Paulo.

Mauricio Sasi se inspira no personagem Chris, de Todo Mundo Odeia o Chris, para interpretar Luan em Escola de Quebrada. [Imagem: Divulgação/Paramount+]

O filme já está disponível no Paramount+. Confira o trailer:

*Imagem de capa: Divulgação/Paramount+

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