Uma história de superação tocante, que aborda questões como o relacionamento conturbado entre pai e filho mas também fala de sonhos e realizações. Eu só posso imaginar (I can only imagine, 2018) conta a história de Bart Millard (J. Michael Finley), um garoto que cresceu em uma família com um pai violento e que, apesar das adversidades, encontrou na música um refúgio.
Baseado na história por trás da música que leva o nome do longa, da banda cristã MercyMe, o enredo tem como foco a difícil relação entre Bart e seu pai, Arthur (Dennis Quaid). A construção dessa relação é bem executada, sendo mostrada desde a infância do garoto, quando sua mãe decide fugir de casa por sofrer violência doméstica, até a juventude e a vida adulta.
O filme consegue retratar muito bem a relação abusiva entre pai e filho, com cenas que envolvem tanto violência física como psicológica. Bart é um garoto que cresce nesse ambiente e desenvolve problemas de confiança em função disso. Quando decide fugir de casa, devido a situação insustentável em que se encontrava, os acontecimentos de seu passado ainda ecoam em sua vida. Ele acaba se tornando parte de uma banda e, através da música, vai atrás do sucesso.
A abordagem do impacto negativo causado por seu pai fica muito evidente quando ele já está na banda e enfrenta problemas por não conseguir alcançar seus objetivos. Arthur sempre falava para Bart que música não pagava as contas, que sonhos são uma besteira.
Em contraponto a isso, o momento em que Arthur passa por uma fase que muda completamente sua vida não é bem explorado. Esse ponto de virada na história, que tem uma importância crucial para o enredo, acontece muito rápido e acaba não ganhando profundidade e destaque necessários. A transformação pela qual o pai de Bart passa é pouco mostrada, e toda a relação dele com Deus e com o filho é muito repentina. Esse problema no roteiro pode ser exemplificado em uma cena na qual Bart volta para casa com o objetivo de conversar com o seu pai, e Arthur age como se simplesmente nada tivesse acontecido.
No que diz respeito à caracterização dos personagens, vale ressaltar a participação de Dennis Quaid que está excepcional no papel, entregando uma ótima atuação de um pai violento que não tem nenhuma perspectiva de mudança. Ele consegue causar um misto de sensações em quem assiste, como por exemplo medo e raiva. Já J. Michael Finley consegue emocionar nas cenas que envolvem música, que inclusive são muito bem filmadas. Apenas quem deixa a desejar é Shannon (Madeline Carroll), namorada de Bart, que não tem praticamente nenhuma utilidade na trama.
Apesar de algumas pequenas falhas, Eu só posso imaginar é uma típica história cativante e com potencial de agradar e emocionar diversos públicos.
O filme chega aos cinemas no dia 31 de maio. Confira o trailer no link abaixo:
por Marcelo Canquerino
marcelocanquerino@gmail.com