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Flamengo consegue gol no fim, mas perde para o Independiente del Valle nos pênaltis e fica com o vice da Recopa Sul-Americana

Time comandado por Vítor Pereira amargou a terceira perda de título na temporada, em três disputas; equipe equatoriana alcança revanche e conquista troféu inédito

A Recopa Sul-Americana, torneio que reúne os campeões dos dois campeonatos mais importantes do futebol sul-americano, a Copa Libertadores e a Copa Sul-Americana, chegou à sua edição de número 30 em 2023 com o duelo entre o Flamengo (vencedor da Libertadores em 2022) e o Independiente del Valle (time equatoriano que venceu a Sul-Americana do mesmo ano). A disputa ocorreu em dois jogos, sendo o primeiro em Guayaquil, na casa do del Valle, e o segundo no Maracanã, no Rio de Janeiro.

Recopa: uma chance de virar a chave 

Os últimos anos têm sido de muitas celebrações para o torcedor rubro-negro, com sucessivas conquistas nacionais e internacionais. Após o triunfo na Libertadores de 2022, contra o Athletico Paranaense, o Flamengo iniciou a temporada com grandes expectativas. Mesmo após a conquista da Copa do Brasil e da Libertadores no ano passado, o treinador Dorival Júnior foi substituído por Vítor Pereira, que estava no Corinthians. Sob o comando do português, o Mengão foi derrotado por 4 a 3 pelo Palmeiras na Supercopa do Brasil e, no Mundial de Clubes, quando esperava enfrentar o Real Madrid na final, caiu na semifinal para o Al-Hilal, da Arábia Saudita. Na decisão de terceiro lugar, sofreu para vencer o Al-Ahly, do Egito, e garantir o bronze. A Recopa era, portanto, a chance de o Flamengo tentar se encontrar em uma temporada que teve perdas no elenco, mas que também trouxe contratações. 

O Independiente del Valle, por sua vez, vem tendo um trabalho consistente no que diz respeito à formação de jogadores em sua base e à instauração de um ideal de futebol dentro do clube. Na Copa do Mundo do Catar 2022, 11 dos 16 convocados da seleção equatoriana foram revelados, tiveram passagem ou jogavam por Los Rayados del Valle. Antes frequentando divisões inferiores do futebol equatoriano, o time de Sangolquí, na Grande Quito, venceu a terceira divisão local em 2007 e a segunda divisão em 2009. Desde que subiu para a Série A do Campeonato Equatoriano, nunca mais caiu de divisão e já conquistou três torneios nacionais. 

Desde 2016, a equipe já chegou a uma final de Libertadores (2016, derrotada pelo Atlético Nacional-COL) e a dois títulos da Sul-Americana (2019, contra o Colón-ARG, e 2022, contra o São Paulo) — a equipe é a maior campeã, com dois títulos, ao lado de Boca Juniors-ARG, Independiente-ARG e Athletico Paranaense. Em 2023, venceu a Supercopa do Equador no primeiro jogo da temporada e, 10 dias depois, encarou o Flamengo pelo jogo de ida da Recopa Sul-Americana, em casa.

Os campeões da América. Torneios como a Recopa permitem que equipes campeãs de torneios de grande porte meçam forças em jogos de início de temporada. Apesar disso, nada de caráter amistoso entre Flamengo e Independiente del Valle! [Fotos: Reprodução/Twitter @LeoJoseReporter e @futbolfl3]

Para além desse retrospecto, os adversários da decisão estavam longe de serem desconhecidos um para o outro. Em 2020, já haviam se enfrentado na final da Recopa Sul-Americana,  confronto que terminou com vitória brasileira por 5 a 2 no agregado, após empate por 2 a 2 fora de casa — àquela altura, o treinador flamenguista ainda era Jorge Jesus. Na Libertadores do mesmo ano, mais dois jogos — e duas goleadas —: 5 a 0 para o del Valle no Equador contra o Flamengo de Domènec Torrent e 4 a 0 para o Mais Querido no Brasil. 

Primeiro jogo: derrota doída, mas compreensível

Perder no estádio Banco Guayaquil, em Quito, a uma altitude de 2 850m, não seria novidade, nem para o Flamengo, nem para equipes brasileiras no geral. Desde 2016, apenas Palmeiras (1 a 0, em 2021, pela Libertadores) e Bragantino (2 a 0, em 2021, pela Sul-Americana), foram capazes de vencer os donos da casa nessas circunstâncias. Atlético Mineiro (2 a 3, em 2016, pela Libertadores, e 1 a 1, em 2022, pela Libertadores), Corinthians (2 a 2, em 2019, pela Sul-Americana), América-MG (0 a 3, em 2022, pela Libertadores), Flamengo, nos confrontos já citados, e Grêmio (1 a 2, em 2021, pela Libertadores) sucumbiram diante dos Rayados fora de casa — o São Paulo foi derrotado pelo del Valle, mas o jogo foi disputado na Argentina. Ainda assim, o Mengão foi ao Equador em busca da vitória.

O que se viu em campo, porém, na noite do último dia 21, foi um domínio do time da casa durante a maior parte do jogo. No primeiro tempo, apesar de os equatorianos terem tido a bola por mais tempo, a dominância se restringiu a isso e o jogo foi equilibrado em termos de chances criadas. O Flamengo criou boas oportunidades, especialmente a partir dos pés de Gabigol — que perdeu chance impressionante —, mas acabou parando no goleiro Moisés Ramírez, da seleção equatoriana. O del Valle, por sua vez, teve bons momentos com Junior Sornoza e Lorenzo Faravelli, nomes conhecidos do futebol brasileiro (Sornoza jogou por Fluminense e Corinthians e foi algoz de Atlético e América Mineiro por duas vezes, enquanto Faravelli fez gols nas derrotas de Corinthians, Grêmio e São Paulo).

Na segunda etapa, o del Valle transformou a maior posse de bola em oportunidades criadas, enquanto o Mengão não conseguia mais ter efetividade nos contra-ataques, embora tenha tido a bola por tanto tempo quanto. Foram 14 finalizações equatorianas contra três brasileiras, sendo cinco contra uma no alvo. Após uma sucessão de ataques perigosos, a insistência do time da casa foi premiada com o gol de Carabajal, de cabeça, a partir de escanteio cobrado por Sornoza, aos 69’. O Flamengo foi praticamente nulo ofensivamente durante todo o período e só melhorou no final, com a entrada de Everton Cebolinha. Joao Ortíz foi expulso do lado equatoriano após atitude violenta contra David Luiz e o jogo acabou em 1 a 0 — placar que poderia ter sido maior, mas que era totalmente reversível para o Flamengo, que tem um time melhor.

Persistente. O zagueiro Mateo Carabajal finalizou três vezes para conseguir fazer o gol solitário do duelo da ida. [Foto: Reprodução/Twitter @Footstats]

A volta: quase não deu! E não deu mesmo.

No jogo da volta, o português Vítor Pereira escalou o mesmo time, ainda que numa formação diferente, mais ofensiva. Do outro lado, o argentino Martín Anselmi promoveu uma única alteração, com a entrada do meia Alcivar no lugar do atacante Kevin Rodríguez. Assim como no primeiro confronto, a primeira etapa foi melhor para os rubro-negros, que começaram bem: em jogadas de cabeça, Pedro obrigou Ramírez a defender, Thiago Maia acertou a trave, Ayrton Lucas jogou no travessão e de Arrascaeta testou para fora. Com os pés, Varela exigiu defesa de Ramírez. O time da Gávea era amplamente superior, mas o primeiro tempo terminou sem gols.

Para quem esperava que o bom momento se mantivesse nos 45 minutos finais, porém, o Flamengo piorou. Apesar da ampla posse de bola, as chances claras diminuíram muito e os contra-ataques do del Valle passaram a ser mais perigosos. Nos acréscimos, a torcida flamenguista já entoava o canto de “Time sem Vergonha” nas arquibancadas do Maracanã.

Mesmo assim, o time não desistia dentro de campo e, apesar do mau futebol apresentado, conseguiu o gol faltando exatamente 30 segundos para o apito final. Gabigol levantou na área, Everton Cebolinha dominou e encontrou Arrascaeta, que tocou para o fundo das redes e empatou o jogo, reacendendo a chama rubro-negra no Rio de Janeiro. A prorrogação foi de pressão flamenguista e de defesa equatoriana, com a melhor chance sendo criada por Matheus Gonçalves, joia de 17 anos da base do Mengão. O jogo iria para os pênaltis! 

Decisivo. O primeiro tento de Giorgian de Arrascaeta na temporada após 10 jogos sem marcar pelo Flamengo não poderia sair em melhor hora. [Foto: Reprodução/Twitter @LeoJoseReporter)

Arrasca: de herói a vilão.

Nas penalidades, de Arrascaeta, o herói do jogo, começou batendo, mas parou no gigantesco Moisés Ramírez. A seguir, Faravelli bateu bem para vencer Santos e abrir o placar para o Flamengo. A partir daquele momento, não houve mais erros: David Luiz, Everton Cebolinha, Gerson e Gabi converteram as cobranças rubro-negras, enquanto Hoyos, Previtali, Schunke e Landázuri acertaram para o Independiente del Valle. Final: 5 a 4 nos pênaltis para os equatorianos, que mostraram o quanto estavam preparados para aquela situação mesmo sofrendo um gol no último lance do jogo. 

Com o título inédito, o Independiente del Valle se tornou o sétimo time campeão da Sul-Americana a derrotar o campeão da Libertadores em uma final de Recopa desde que o confronto passou a ser entre as equipes vencedoras dos dois torneios, em 2003. Cienciano (PER, 2004), Boca Juniors (ARG, 2005 e 2006), LDU (EQU, 2010), River Plate (ARG, 2015) e Defensa y Justicia (ARG, 2021), foram os outros times a alcançarem tal feito.  

De parabéns. A virada do dia 28 de fevereiro para o dia 1º de março, quando o clube de Quito completou 65 anos, não poderia ter sido mais feliz. 

O pós-derrota: nada tão ruim que não possa piorar…

Desde o jogo contra o del Valle, Mengão tem dois jogos disputados — os clássicos contra Vasco e Fluminense — e duas derrotas (0 a 1 e 1 a 2, respectivamente), que fizeram com que a equipe ficasse com o terceiro lugar na Taça Guanabara, primeira fase do Campeonato Carioca e que teve o Flu como campeão. A pressão sobre Vítor Pereira, a diretoria e o elenco do Mais Querido começa a se acirrar nos bastidores e nas manifestações de torcedores .O time tem as semifinais do estadual, contra o Vasco, como um objetivo altíssimo para recuperar a auto-estima e se mostrar pronto para o restante do campeonato. No jogo de ida da outra chave das semis, o Volta Redonda venceu o Fluminense por 2 a 1. 

Ficha técnica:

Flamengo (3-1-4-2): Santos; Fabrício Bruno, David Luiz, Thiago Maia (Gerson, 72’); Arturo Vidal (Everton Cebolinha, 72’); Varela (Matheuzinho, 82’), Éverton Ribeiro (Matheus Gonçalves, 82’), Giorgian de Arrascaeta, Ayrton Lucas (Marinho, 112’); Gabi e Pedro (Mateusão, 112’). T.: Vítor Pereira.

Independiente del Valle (3-4-2-1): Moisés Ramírez; Carabajal, Schunke, García Basso; Martín Fernández (Patrik Mercado, 90’+2), Faravelli, Pellerano (Previtali, 100’), Beder Caicedo (Gustavo Cortez, 99’); Alcivar (Kevin Rodríguez, 63’), Junior Sornoza (Hoyos, 72’); Lautaro Díaz (Landázuri, 72’). T.: Martín Anselmi.

Gols: Giorgian de Arrascaeta (Everton Cebolinha), 90’+6FLA

Pênaltis (4 a 5): 

FLA: Giorgian de Arrascaeta (X), David Luiz (O), Everton Cebolinha (O), Gerson (O) e Gabi (O)

IDV: Faravelli (O), Hoyos (O), Previtali (O), Schunke (O) e Landázuri (O) 

Cartões amarelos: Éverton Ribeiro (39’), Thiago Maia (44’), Arturo Vidal (45’+1), Varela (65’), David Luiz (74’), Mateusão (114’), Gerson (127’, durante os pênaltis) e Gabi (129’, durante os pênaltis) – FLA / Pellerano (14’), Carabajal (45’+1), Alcivar (63’), Faravelli (90’+1), Moisés Ramírez (110’) e Martín Anselmi (banco) – IDV

*Imagem de capa: Reprodução/Twitter @IDV_EC

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