Por Maria Clara Ramos (mariaclarasr@usp.br)
No último domingo (03), aconteceu o Grande Prêmio de São Paulo da Fórmula 1, no Circuito de Interlagos. Além das fortes chuvas e de um inesperado pódio duplo da equipe Alpine, a presença de torcedores argentinos foi marcante na etapa paulistana do campeonato mundial.
Milhares de fãs vieram do país latino-americano para acompanhar de perto a corrida de grandes nomes do esporte, como o heptacampeão Lewis Hamilton e o fenômeno holandês Max Verstappen. Porém, o clima de festa dos argentinos foi motivado especialmente pela presença de um jovem piloto de apenas seis corridas de Fórmula 1 em sua carreira: Franco Colapinto.
O anúncio de que Colapinto pilotaria o carro 43 da Williams, equipe inglesa dona de nove títulos mundiais, veio em agosto de 2024. A contratação no meio da temporada aconteceu após a demissão do norte-americano Logan Sargeant, que perdeu sua vaga na Fórmula 1 após demonstrar um desempenho abaixo do esperado.
Franco iniciou 2024 como membro da Academia de Pilotos da Williams e titular da MP Motorsport na Fórmula 2, categoria de base do automobilismo. Em julho, participou de uma sessão de Treino Livre pela equipe inglesa durante a etapa de Silverstone, feito que marcou a primeira vez de um argentino em um fim de semana da Fórmula 1 desde 2001.
“Eu adoraria ter tido alguém do meu país por quem torcer quando era mais novo”, disse Colapinto em entrevista para o portal oficial da Fórmula 1 [Reprodução/Instagram/@francocolapinto]
Sua primeira corrida como piloto oficial da Williams aconteceu em 1º de setembro, no famoso Circuito de Monza, onde é disputado o Grande Prêmio da Itália. Desde sua estreia na F1, Colapinto terminou cinco etapas entre os 12 primeiros colocados e superou seu companheiro de equipe, Alex Albon, em três das últimas quatro rodadas. Seu melhor resultado foi o 8º lugar no Grande Prêmio do Azerbaijão, em que marcou quatro pontos.
Em Interlagos, bandeiras da Argentina, camisetas e bonés estampados com o número 43 e cartazes com mensagens destinadas a Franco estavam por toda a parte. Canções em espanhol tomaram conta das ruas ao redor do autódromo, e cada passagem do piloto argentino pelas arquibancadas era comemorada como um gol.
Camisas da Seleção Argentina de Futebol também se destacavam no mar de torcedores em Interlagos [Acervo Pessoal/Maria Clara Ramos]
Apesar das altas expectativas da torcida, o fim de semana de Colapinto deixou a desejar. O atleta não fez uma boa classificação, e abandonou a corrida após chocar-se com o muro em meio à forte chuva que atingiu o circuito. Nas redes sociais, o argentino agradeceu o imenso apoio dos torcedores.
“Vocês não param de surpreender o mundo”, publicou Colapinto em mensagem a seus fãs [Reprodução/Instagram/@francocolapinto]
A história da Argentina na Fórmula 1 data de 1950, quando foi disputada a primeira corrida de um campeonato da categoria — o Grande Prêmio da Inglaterra, no Circuito de Silverstone. Entre os 22 participantes estava Juan Manuel Fangio, argentino considerado um dos maiores automobilistas de todos os tempos.
Em sua carreira, Fangio conquistou 35 pódios e chegou em primeiro lugar 24 vezes. O argentino possui a maior porcentagem de vitórias em GPs oficiais da Fórmula 1: 47%. Venceu cinco dos oito campeonatos mundiais que disputou e foi o único piloto na história a ser campeão por quatro equipes diferentes (Alfa Romeo, Mercedes, Ferrari e Maserati).
A lenda argentina tinha uma relação de amizade e admiração mútua com Ayrton Senna [Reprodução/Instagram/@momentof1_]
Até o momento, Franco Colapinto não possui um assento confirmado para a temporada de 2025 da Fórmula 1. Para o ano que vem, a Williams possui um contrato com o espanhol Carlos Sainz, que será substituído por Lewis Hamilton na Ferrari no fim de 2024.
A única vaga ainda não preenchida para o grid do próximo ano pertence à equipe RB, que é parte do grupo Red Bull. Na última sexta-feira (01), o Chefe de Equipe da Red Bull Racing, Christian Horner, foi visto nas instalações da Williams em Interlagos, e especulações sobre um possível contrato entre o argentino e a equipe austríaca ganharam força.
Imagem de capa: Reprodução/X/@cienporcienarg