Por Camilla Freitas e Rafael Paiva
Entre grandes perdas, títulos e até escândalo de corrupção, o ano de 2017 foi marcado por grandes emoções no esporte. Confira os grandes acontecimentos do ano elencados pelo Arquibancada!
Ano do Corinthians
Com um primeiro turno invicto, algo inédito na campanha de pontos corridos do Brasileirão, o Corinthians conseguiu garantir o título do campeonato mesmo fazendo uma campanha digna de time rebaixado em grande parte do segundo turno (terminou em 12º, com um aproveitamento de 43,9%). A equipe do ex-interino Fábio Carille pôde gritar “É Campeão!” com duas rodadas de antecedência.
Ao garantir a liderança na quinta rodada, o time não a deixou escapar. Seguido de perto por Grêmio, Palmeiras, Santos e Flamengo, o Corinthians viu o posto verdadeiramente ameaçado apenas uma vez, por seu maior rival. Ao derrotá-lo no último Dérbi por 3 a 2, todavia, o alvinegro espantou de vez o perigo.
Com o sétimo título garantido, para muitos jornalistas e especialistas de futebol, o time de Itaquera é o maior ganhador de títulos brasileiros. No entanto, de acordo com a CBF (Confederação Brasileira de Futebol), é o rival Palmeiras o maior campeão, com nove títulos. Atrás aparecem o Santos, com oito títulos, e, enfim, o Corinthians.
Graças à conquista, o time de Romero, Cássio, Rodriguinho, Guilherme Arana e outros jogadores dados como “desacreditados” (assim como o próprio técnico, última escolha da diretoria para assumir o cargo), consagrou-se como o campeão brasileiro do século, superando o também rival São Paulo. A equipe do Morumbi, que ganhou três títulos nacionais seguidos em 2006, 2007 e 2008, não foi párea para os corintianos, que garantiram três conquistas nesta década (2011, 2015 e 2017) e mais um título em 2005.
Considerado, por parte da imprensa, a quarta força do futebol paulista no começo da temporada, o time de Carille garantiu, ainda, o Campeonato Paulista em cima da Ponte Preta. É importante destacar que há 40 anos, contra a mesma “Macaca”, a agremiação paulistana saiu da fila de 23 anos sem títulos.
Maior campeão da Copa do Brasil
Em dois jogos bastante disputados contra o Flamengo (no primeiro, um empate de 1 a 1 no Rio e, no segundo, um empate sem gols), o Cruzeiro tornou-se campeão da Copa do Brasil em 2017. Com o gol qualificado fora de casa, o time de Minas garantiu seu quinto título, igualando-se, assim, ao Grêmio como o maior campeão da competição.
A CBF anunciou, também, que, na temporada 2018, a Copa do Brasil pagará quase 70 milhões de reais ao campeão que disputar o torneio desde a primeira fase (isso não ocorrerá com os times brasileiros que disputarão a Libertadores, caso do Cruzeiro). Com essa premiação, a Copa do Brasil será o campeonato que terá maior bonificação no país e na América do Sul.
Lava-Jato chega ao esporte
Em 5 de outubro, a Polícia Federal prendeu Carlos Arthur Nuzman, presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), na operação Unfair Play, que investigava possíveis compras de votos para a escolha do Rio como sede das Olimpíadas de 2016. Nuzman foi acusado por intermediar o pagamento de propina no processo. Após a acusação, ele renunciou ao cargo. No entanto, no dia 19 do mesmo mês, foi determinada sua soltura e agora está proibido de deixar o Rio de Janeiro.
Além do presidente do COB, também são acusados de envolvimento no esquema o ex-diretor da entidade, Leonardo Gryner, o empresário Arthur Soares e o ex-governador do estado, Sérgio Cabral.
Itália em casa
Desde 1958, a seleção italiana não ficava fora de uma Copa do Mundo. Após ter perdido o jogo de ida, na repescagem das seleções europeias, por 1 a 0, a Azzurra não conseguiu vencer os suecos no San Siro, em Milão. O empate sem gols acabou determinando a classificação da Suécia.
Única campeã mundial que não estará em 2018, a Itália não teve um bom desempenho no grupo G, que contava com Espanha, Albânia, Israel, Macedônia e Liechtenstein, ficando em segundo lugar com 23 pontos, cinco a menos que a classificada Espanha. Após a partida, o goleiro Buffon, de 39 anos, anunciou sua despedida da Seleção. Se fosse à Copa, o goleiro, que disputou cinco Copas do Mundo (1998, 2002, 2006, 2010 e 2014), estaria quebrando um recorde em aparições na competição.
Aposentadoria dos boleiros
O ano de 2017 marcou a despedida de vários craques do futebol no Brasil e no mundo. Kaká, Lugano, Maxwell e Zé Roberto foram alguns dos jogadores que penduraram as chuteiras neste ano. Os dois primeiros, ídolos do São Paulo Futebol Clube, tinham, respectivamente, 35 e 37 anos. Kaká ainda foi cogitado como possível contratação do time paulista para a temporada de 2018, mas preferiu encerrar a carreira dos gramados ー ao que tudo indica, não no futebol.
Lugano, por sua vez, despediu-se com uma enorme festa da torcida no Morumbi e saiu do Tricolor como um grande ídolo, com direito a filme lançado pelo clube. Zé Roberto, mantendo o bom estado físico, levou sua carreira no futebol até os 43 anos e saiu de cena pelo Palmeiras. Já Maxwell, revelado pelo Cruzeiro, encerrou a carreira pouco conhecido no Brasil, mas reverenciado em sua despedida no Paris Saint-Germain.
Além dos craques citados acima, em 2017, outros jogadores deixaram os gramados, como foi o caso do maior ídolo da história da Roma, Francesco Totti. Em um discurso emocionante no estádio Olímpico de Roma, o jogador de 40 anos anunciou, aos prantos, sua despedida.
Outro jogador que também teve uma despedida emocionante foi Andrea Pirlo, de 38 anos. Desde outubro, o ex-atleta do New York City já havia anunciado que esse seria seu último ano no futebol, o que não fez com que a despedida do ídolo italiano fosse menos sentida pelos amantes do esporte.
A lista cresce com os espanhóis campeões do mundo em 2010 Xabi Alonso e Xavi Hernández, de 37 e 36 anos, respectivamente, Frank Lampard, de 39 anos, que, assim como Pirlo, se aposentou no time de Nova York, e o lateral direito Philipp Lahm, o qual, aos 34 anos, se despediu no Bayern de Munique, entre outros craques.
Soy loco por tri, América
Igualando-se a Santos e São Paulo, o Grêmio garantiu, em 2017, o título da Copa Libertadores da América. No grupo 8, considerado um dos mais “fáceis”, que contava com Guaraní (Paraguai), Deportes Iquique (Chile) e Zamora (Venezuela), o time garantiu a classificação em primeiro lugar com 13 pontos, dois a frente do segundo colocado.
Em dois jogos com vitórias apertadas, o Grêmio passou pelo argentino Godoy Cruz nas oitavas. Na fase seguinte, em duelo contra o Botafogo, os gaúchos garantiram a classificação com um gol de Lucas Barrios na partida de volta (depois de um empate sem gols no Rio). Na semifinal, contra o Barcelona de Guayaquil, o Grêmio passou após vencer no Equador por 3 a 0 e perder a segunda partida por 1 a 0.
Com bola no gramado e quase nenhuma confusão – situações atípicas em finais de Copa Libertadores –, o Grêmio consagrou-se campeão, vencendo o argentino Lanús nas duas partidas decisivas. Renato Portaluppi tornou-se o primeiro brasileiro a conquistar a taça como jogador (Grêmio, 1983) e técnico.
Gigante mundial
O Real Madrid dominou o cenário europeu em 2017. Depois de eliminar o Napoli, o Bayern de Munique e o Atlético de Madrid, a equipe merengue aplicou uma goleada na Juventus (4 a 1) e ergueu a 12ª taça da Liga dos Campeões. Além do cobiçado troféu, o time comandado por Zinedine Zidane conquistou a Liga Espanhola (2016/2017), a Supercopa da UEFA, a Supercopa da Espanha e o Mundial de Clubes.
Prorrogação na NFL
Pela primeira vez, o Super Bowl foi decidido na prorrogação. Na 51ª edição da final, disputada no NRG Stadium (Houston), em fevereiro, o New England Patriots, após uma virada inesperada, derrotou o Atlanta Falcons e levantou pela quinta vez o caneco.
A diferença de pontos chegou a 25 (28 a 3) para os Falcons no terceiro quarto, até o momento em que os Patriots acordaram na partida e conseguiram reverter o placar. O lance decisivo da disputa ocorreu logo no início da prorrogação. Ao ganharem o cara ou coroa, os Patriots, na primeira campanha, “liquidaram a partida” com um touchdown de James White, running back da equipe. Tom Brady conquistou, mais uma vez, o MVP da decisão.
Bola na cesta
Kevin Durant e Stephen Curry não deram chances para que o Cleveland Cavaliers, de LeBron James, repetisse a façanha de 2016 e virasse a série final da NBA. Em junho, o Golden State Warriors conquistou o quinto título de sua história ao vencer a quinta partida por 129 a 120 (4 a 1, na contagem geral).
Convidados para a tradicional visita à Casa Branca, o time negou-se a comparecer por não apoiar o presidente Donald Trump, caso que gerou polêmica entre o magnata e o craque do time, Curry.
No Brasil, a reviravolta entrou em cena. O Gocil/Bauru Basket, depois de perder as duas primeiras partidas, venceu os três derradeiros jogos contra o Paulistano/Corpore e conquistou o título do NBB. Com o resultado, a equipe do interior paulista afastou de vez o fantasma das duas edições anteriores, nas quais perdeu para o Flamengo.
Federer em Wimbledon
O veterano Roger Federer obteve mais uma façanha em sua trajetória esportiva. Ao derrotar o croata Marin Cilic, com parciais de 6/3, 6/1 e 6/4, em julho, o suíço se tornou o maior vencedor do torneio de Wimbledon (oito títulos).
A campanha do maior vencedor de Grand Slams foi irretocável. Sem perder nenhum set, Federer derrotou nomes como Mischa Zverev, Grigor Dimitrov, Milos Raonic e Tomas Berdych. Vale a pena destacar que o tenista, aos 35 anos no período, foi o mais velho da era profissional a erguer o troféu do campeonato.
Aposentadoria do “raio”
O homem mais rápido do mundo saiu de cena. Usain Bolt, detentor de oito medalhas de ouro em Jogos Olímpicos, disputou a sua última prova oficial no Mundial de Londres, em agosto.
Os resultados no torneio não chegaram nem perto das grandes conquistas do jamaicano. Dono das melhores marcas dos 100m e 200m, com 9s58 e 19s19, respectivamente, Bolt não obteve os resultados esperados.
Na prova dos 100m, em que dominou durante um longevo período, o atleta ficou apenas na terceira colocação. Ademais, o “raio” não conseguiu completar o revezamento 4x100m, devido às cãibras, em uma cena que chocou os amantes do atletismo.
Mayweather x McGregor
A luta entre o americano Floyd Mayweather e o irlandês Conor McGregor despertou o interesse de inúmeros apreciadores da sétima arte. O boxeador e o campeão do UFC, ambos conhecidos pelo exibicionismo, se confrontaram no ringue da T-Mobile Arena (Las Vegas), em agosto.
Promoção à parte, que rendeu cifras milionárias para os dois atletas, o resultado não surpreendeu quem acompanhou o embate. Mayweather controlou o oponente e o derrotou no décimo round, por meio de nocaute técnico. Com o resultado, o americano superou Rocky Marciano e encerrou a carreira com a marca de 50 vitórias e nenhuma derrota (contra 49 do campeão da década de 50).
Mais um ano dele
Com nove vitórias em 20 corridas disputadas, Lewis Hamilton conquistou seu quarto título na Fórmula 1. O destaque ficou, sobretudo, para a segunda metade do campeonato, na qual se distanciou de Sebastian Vettel, rival que o ameaçava. Em consequência do resultado, o piloto da Mercedes ultrapassou o número de conquistas de seu grande ídolo, Ayrton Senna.
Vale a pena destacar a aposentadoria de Felipe Massa. O piloto brasileiro defendeu, na modalidade, as escuderias Sauber, Ferrari e Williams. Dentre os fatos mais expressivos de sua trajetória, destacam-se o vice-campeonato em 2008 e as 11 vitórias gerais (sendo duas em Interlagos).