Em 2010, quando foi demitido de seu emprego em Chicago, onde trabalhava com finanças, Brandon Stanton não pensou que, apenas quatro anos depois, viraria fotógrafo, autor de um best seller e dono de uma das páginas mais populares do Facebook atualmente: a Humans Of New York.
A página – hoje com mais de sete milhões de curtidas – surgiu quando Brandon, ao invés de começar a procurar por outro emprego na área de finanças, decidiu que faria algo de que realmente gostasse. Assim, pegou a câmera profissional que havia adquirido mais cedo naquele mesmo ano de 2010, anunciou a sua família que seria fotógrafo e iniciou um tour por cidades dos Estados Unidos. Ao chegar aos seus destinos, Brandon andava à esmo pelas ruas, fotografando aquilo que capturasse sua atenção: mais tarde, postava as fotos em álbuns no seu perfil pessoal no Facebook.
Quando o roteiro de viagem do fotógrafo o levou até Nova York, os feedbacks sobre as fotos postadas anteriormente já indicavam que retratos de pessoas eram preferência do público – ainda pequeno – que o acompanhava. Portanto, ao andar pelas calçadas completamente lotadas daquela cidade nova, Brandon sabia que o lugar lhe renderia ótimas fotografias. Começou, então, a percorrer milhares de milhas à pé, fotografando os nova iorquinos e colocando seus novos retratos num álbum nomeado de acordo com sua primeira impressão da cidade:Humans Of New York. As fotos eram tantas que não couberam em apenas um álbum, e foi então que Brandon teve um ideia: tirar dez mil fotos e coloca-las num mapa interativo, isto é, criar um censo fotográfico da cidade. Para tanto, ele mudou-se para Nova York, com apenas seis meses de experiência como fotógrafo, pouco dinheiro e “a melhor ideia que teve na vida”.
Dada a quantidade de fotos, o fotógrafo decidiu criar uma página destinada exclusivamente para as fotografias tiradas em Nova York, dando a ela o mesmo nome de Humans Of New York. Foi aí que tudo começou a mudar. Com ajuda de família e amigos, ele conseguiu as primeiras centenas de curtidas, depois mais e mais, e de pessoas que não conhecia. Em algum momento durante essa jornada, Brandon começou a entrevistar as pessoas que fotografava e postar, juntamente com as fotos, pequenos depoimentos e trechos das entrevistas, mudando um pouco sua ideia inicial do mapa interativo. No entanto, foi justamente essa mudança que fez a audiência crescer significativamente.
Os trechos e falas das entrevistas revelam histórias reais, únicas e verdadeiras sobre pessoas também reais, únicas e verdadeiras. Assim, algumas delas são tristes, outras alegres, outra emocionantes ou surpreendentes: mas todas são, acima de tudo, humanas. O trabalho de Brandon torna-se poético ao realçar justamente um lado sensível e humano dos habitantes de uma cidade tão conhecida e marcada pela correria, frieza dos negócios e outros aspectos da selva de pedras.
O trabalho de Brandon inspirou o surgimento de diversas páginas do gênero. Atraídos pela ideia de apresentar ao mundo os humanos de suas cidades ou países, fotógrafos de Amsterdam, Paris e Índia, para citar apenas alguns, saíram as ruas entrevistando e fotografando seus habitantes. O sucesso foi grande: as páginas dessas localidades no Facebook tem todas mais de 100 mil curtidas cada.
Hoje, as fotos de Brandon foram reunidas em um livro, Humans Of New York, best seller número um do New York Times. Seu trabalho, ainda, recebeu do Conselho da Cidade de Nova York uma proclamação oficial pelas suas contribuições à cidade e as visualizações e curtidas na página no Facebook ajudam a arrecadar milhares de dólares para a caridade. Vale a pena conferir.
Por Isabela Augusto
isabelacaugusto@gmail.com
Minha netinha de apenas 1 ano de idade adora olhar esse livro
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