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Austrália e Nova Zelândia 2023 | Japão goleia a Espanha e fica com a liderança do grupo C

Com apenas 22% da posse de bola, a letalidade nos ataques foi crucial para a vitória das japonesas

Na última segunda-feira (31), às 4h, Japão e Espanha se enfrentaram pela terceira rodada da fase de grupos da Copa do Mundo Feminina. O jogo definiria a liderança do grupo C, já que as duas seleções tinham seis pontos e estavam com a classificação garantida. O domínio espanhol da posse de bola demonstrou como a eficiência e a organização da defesa japonesa foram essenciais para a vitória, por 4 a 0, sobre a Fúria.

Pré-jogo e curiosidades

Japão e Espanha chegaram com um elenco reestruturado para a Copa do Mundo de 2023. A Fúria convocou 17 jogadoras que nunca haviam disputado uma Copa (com seis titulares na escalação deste jogo). No time japonês, sete titulares, além do técnico Futoshi Ikeda, estiveram presentes no elenco campeão — em cima da própria Espanha — da Copa do Mundo Feminina sub-20, em 2018.

O jogo esperado era de muito equilíbrio, algo comentado na transmissão da CazéTV antes de seu início. O Japão contava com a paciência e objetividade de seu jogo – o que fez de forma brilhante contra o time espanhol. Já a Espanha apostava  nas jovens novidades de seu elenco, composto por muitas atletas das categorias de base de gigantes europeus (como Barcelona e Real Madrid), além da efetividade no controle da bola.

A organização tática japonesa e o elenco estrelado espanhol — com Putellas, eleita a melhor jogadora do mundo pela FIFA — teriam pela primeira vez um desafio na Copa, já que as duas equipes ganharam facilmente de Costa Rica e Zâmbia. O Japão, inclusive, avançou às oitavas de final sem sofrer gols.

Escalações e esquemas táticos

O Japão veio a campo escalado em um 3-4-3, com Ayaka Yamashita no gol; Moeka Minami, Saki Kumagai e Hana Takahashi na defesa; Jun Endo, Honoka Hayashi, Fuka Nagano e Risa Shimizu no meio-campo; e Hinata Miyazawa, Riko Ueki e Hikaru Naomoto no ataque.

Quando o time trocava passes no meio de campo defensivo e se direcionava ao ataque, a formação tática era a mesma do esquema montado. Porém, o Japão passou quase toda a partida em seu campo de defesa, esperando a Espanha perder a bola para se lançar no contra-ataque. Assim, jogou em um 5-4-1, com Endo e Risa recuando para formar uma linha de cinco na defesa, e Hinata e Naomoto completando a linha do meio campo, que também marcava.

A tática funcionou perfeitamente: o time não tomou sustos na defesa e teve uma eficiência muito alta em seus contra-ataques.

Escalação do Japão [Imagem: Reprodução/Youtube/CazéTV]

A Espanha veio em um 4-1-2-3, com Misa Rodríguez no gol; Olga Carmona, Rocío Gálvez, Irene Paredes e Ona Batlle na defesa; Teresa Abelleira na volância; Alexia Putellas e Aitana Bonmatí no meio-campo ofensivo; e Mariona Caldentey, Jennifer Hermoso e Salma Paralluelo no ataque.

Na prática, o time variou alguns esquemas. Para se defender, a equipe alternou entre a forma como foi escalada e um 4-1-4-1, com as duas pontas recuando ao meio-campo, quase formando uma linha de cinco na defesa, e Teresa mais atrás.

Apesar das muitas variações, a Fúria foi dominante ofensivamente durante quase toda a disputa , propondo o jogo e criando os lances no meio-campo. Assim, jogou em um  2-3-2-3 (tática conhecida como WW, já que as jogadoras formam um desenho em W na defesa e no ataque), com as duas laterais formando uma linha junto à Teresa (apesar de Olga sempre estar um pouco mais avançada, às vezes chegando a fazer uma linha tripla no meio-campo ofensivo, ou quádrupla, se Teresa ou Batlle avançassem).

Contudo, a tática não funcionou como o esperado, já que deixou a dupla de zaga muito exposta — mesmo com Batlle e Teresa recuando um pouco. Isso facilitou os contra-ataques japoneses, que usaram dos espaços cedidos pela Espanha para atacar.

Escalação da Espanha [Imagem: Reprodução/Youtube/CazéTV]

Primeiro tempo: posse de bola x objetividade

A primeira chance do jogo foi com a Espanha, aos 5’. Em um cruzamento de Mariona, Aitana ficou a poucos centímetros de desviar a bola em direção ao gol. Do lado japonês, as jogadoras aproveitaram muito bem a primeira chance que tiveram: após uma jogada trabalhada em seu campo defensivo, aos 12’, Endo recebeu a bola um pouco à frente da linha do meio do campo e fez um ótimo passe enfiado para Hinata. O passe quebrou a marcação, e Hinata teve tranquilidade para chutar rasteiro no canto direito da goleira Misa e abrir o placar.

A Fúria continuou com o controle da bola e tentou algumas jogadas de ataque, como um chute fraco de fora da área de Paralluelo, aos 19’, para a fácil defesa de Yamashita. Porém, nenhuma das investidas resultou em uma grande chance criada, visto que a defesa do Japão funcionou muito bem.

Aos 29’, com o time espanhol no ataque, o Japão conseguiu criar um contra-ataque, puxado por Hinata, após um belo passe de Fuka. A camisa sete passou para Ueki, que cortou para a direita e chutou para fazer o segundo gol japonês em sua segunda chance criada no jogo. Ela ainda contou com um pouco de sorte, já que o chute desviou na zagueira Paredes, o que ajudou a desviar da goleira.

Ueki comemorando o seu gol contra a Espanha [Imagem: Reprodução/Instagram @fifawomensworldcup]

A Espanha seguiu com o mesmo jogo que fazia até então e, aos 36’, teve mais uma chance, após um cruzamento de Batlle e cabeceio de Hermoso, que parou nas redes por cima do gol. Aos 39’, um chute de fora da área de Paralluelo foi desviado pela zaga.

No minuto seguinte, aos 40’, Paredes errou um passe no centro do campo. Isso resultou em mais um contra-ataque do time japonês, com Ueki fazendo um ótimo passe e devolvendo a assistência que recebeu de Hinata, que precisou de apenas dois toques para dominar e chutar no gol.

O gol sacramentou a goleada de 3 a 0 antes do fim do primeiro tempo, o que nunca tinha acontecido na história da seleção espanhola em competições internacionais.

Segundo tempo: goleada histórica

A craque da partida e artilheira da Copa (com quatro gols), Hinata, foi substituída no intervalo para a entrada de Aoba Fujino.

Aos 48’, apareceu a primeira chance espanhola: a bola sobrou para Batlle, após um escorregão de Risa, mas o chute da lateral foi para fora. Aos 51’, o Japão teve mais um contra-ataque e, após uma sequência de tentativas com Ueki e Fuka, Risa cruzou para Naomoto no meio da área, mas a atacante pegou muito mal na bola e ela subiu demais.

Aos 55’, Paralluelo tentou um gol olímpico no escanteio, mas Yamashita tirou a bola com um soco. O jogo seguiu morno, sem grandes chances criadas para ambos os lados.

A Fúria tentou mudar sua situação na partida com algumas substituições. Ainda no intervalo, Olga saiu para a entrada de Oihane Hernández, que jogou um pouco mais recuada para dar mais segurança às zagueiras do time, além de ter invertido de lado com Batlle. Putellas, Mariona, Teresa e Paralluelo também foram substituídas ao longo da segunda etapa. Em cada alteração, alguma jogadora trocava de posição com a outra que havia acabado de entrar, assim como aconteceu com Batlle. Apesar da tentativa de mudança na escalação e nas posições individuais das espanholas, para tentar confundir a defesa japonesa, o time jogou como no primeiro tempo, o que não surtiu nenhum efeito positivo no jogo da Espanha.

Aos 82’, o Japão ainda fez mais um gol para selar o resultado em 4 a 0. Após uma cobrança longa de lateral, Mina Tanaka conseguiu dominar a bola, livrar-se da marcação, carregar a bola até a área e chutar no ângulo, sem chances de defesa para Misa. O time japonês ainda teve mais uma boa chance antes do final da partida, aos 90+1’, com uma falta que, apesar de muito longe, foi muito bem batida por Naomoto, parando nas redes por cima do gol.

Análises estatísticas

A Espanha terminou o jogo com 78% da posse de bola e com 87% de precisão nos quase 900 passes trocados. Entretanto, tomou quatro gols e não fez nenhum, o que demonstra a ineficácia da Fúria em transformar o controle da bola em chances reais de gol, evidenciando um jogo sem objetividade. Além disso, faltou organização no balanço defensivo do time: ele se jogava ao ataque, mas esquecia da importância de um bom posicionamento atrás para evitar contra-ataques japoneses. Assim, a dupla de zaga ficou muito exposta, o que cedeu espaços importantes para o Japão. Isso, somado a uma partida muito ruim das duas zagueiras — errando passes e perdendo muitos duelos com as atacantes japonesas —, foi essencial para a goleada que o time tomou.

O Japão fez um jogo extremamente defensivo, mas com muita qualidade e eficiência. O time impediu qualquer tentativa de jogada da Espanha e aproveitou muito bem as poucas chances que teve no jogo (quatro gols em sete finalizações). Além disso, fez uma partida muito limpa, cometendo apenas três faltas. Mesmo com pouca posse de bola, o Japão deu uma aula de aproveitamento e eficiência ofensiva, além de ter apresentado uma ótima organização.

Destaques

Ainda que várias jogadoras espanholas tenham bons números no jogo — principalmente na precisão dos passes —, o destaque vai para Salma Paralluelo. A jogadora de apenas 19 anos, apesar de ter errado alguns passes, foi quem mais arriscou e tentou lances agressivos — algo que faltou no resto do time —, com chutes de fora da área e dribles em direção ao ataque.

Do lado japonês,  os 45 minutos jogados por Hinata Miyazawa foram suficientes para elegê-la como a melhor jogadora da partida, com uma assistência e dois gols marcados. Além dela, Riko Ueki também fez uma excelente partida: deu uma assistência e marcou um gol em sua única finalização no jogo.

Hinata Miyazawa ganhando o prêmio de Player of the Match [Imagem: Reprodução/Instagram @fifawomensworldcup]

Outro destaque é o próprio técnico Futoshi Ikeda. O time japonês parecia muito bem treinado e estava preparado para combater as ofensivas espanholas através de sua organização defensiva. Assim, impediu a criação de jogadas por parte da Espanha.

Oitavas de final

Com o resultado da partida, o Japão garantiu o primeiro lugar do grupo C, com nove pontos. A Espanha se classificou em segundo lugar, com seis pontos. Nas oitavas de final, as seleções enfrentarão os classificados do grupo A. O Japão enfrenta a Noruega, dia 5, às 5h (horário de Brasília) enquanto a Espanha enfrenta a Suíça, no mesmo dia, às 2h.

Classificação final do Grupo C [Imagem: Reprodução/Instagram/@fifawomensworldcup]

*Foto de capa: [Imagem: Reprodução/Instagram @japanfootballassociation]

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