Foto: Daniel Terra
Na última noite de sábado, 21 de abril, ocorreu em São Paulo, no Auditório Ibirapuera, a perfomance da artista brasileira multicompleta, Letrux, (nome artístico para Letícia Novaes). A setlist conteve as músicas do seu primeiro álbum solo “Letrux Em Noite de Climão” vencedor como “Melhor Disco do Ano” pelo Superjúri do Prêmio Multishow 2017 e “Melhor Produção de Disco”, pelo Women’s Music Event Awards, da Vevo. O disco recebeu uma série de elogios da crítica especializada e explora temas da individualidade e sexualidade, além de faixas em inglês.
Todo esse repertório foi executado em um ambiente muito agradável, projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer que faz com que o público consiga escutar de qualquer posição em que estiver, devido a sua excelente acústica, comportando muito bem todas as pessoas, sem superlotação, mesmo com todos os ingressos vendidos. Ademais, os intérpretes de libras, Elaine Sampaio e Fabiano Campos, deram um show de representação, não apenas traduzindo as falas e canções mas sendo uma unidade ativa do evento, incluindo a acessibilidade para que todos espectadores pudessem usufruir do melhor no dia.
A platéia estava realmente ativa e presente no momento, cantando com vontade todas as músicas. A faixa “Ninguém Perguntou por Você”, claramente é uma das melhores nessa coletânea, muito bem estruturada e deixando os presentes se levarem pela boa vibração do espetáculo. Houve reciprocidade da cantora para com fãs. A interação de Letrux com o público é uma das coisas que mais chamam atenção no seu show, os trata como verdadeiros conhecidos e nesses instantes é possível captar sua personalidade única.
Momentos incríveis marcaram o show, como quando ela tirou os sapatos de salto alto em meio a apresentação para ficar mais confortável, contou histórias hilárias que estão contidas em seu livro “Zaralha – abri minha pasta” e tomou um comprimido, deixando sua espontaneidade transparecer (algo que pode não ser bem absorvido para pessoas mais tradicionais).
Com tanta simpatia e carisma, pensa errado quem acha que falta técnica na voz. Seu timbre é muito marcante e encaixa perfeitamente com o estilo musical, algo que surpreende, visto que é um estilo muito peculiar e pouco visto no cenário musical brasileiro. Seu lado cênico também não deixa a desejar. Mostrou muita expressividade, se entregou de corpo e alma e evidenciou o amor por tudo aquilo que faz.
Outro aspecto importante para artistas é a moda e ela prova como o modo de vestir está ligado intrinsecamente com a personalidade de cada indivíduo. A escolha do look não foi por acaso, todo o vermelho foi devido a sua conexão com os orixás e sua vertente religiosa.
Ainda nesse âmbito de crenças, foi incrível ver sua conexão com os signos até na hora de anunciar sua equipe musical: Arthur Braganti – teclado, Natália Carrera – guitarra e programações, Martha de Vasconcellos – guitarra, Thiago Rebello baixo e Lourenço Vasconcellos – bateria, explicando previamente a personalidade de cada um de acordo com o zodíaco.
Já no encerramento, os fãs pediram bis e ela, claro, não negou. Cantou mais uma vez a música “Que Estrago”, uma de suas mais célebres canções, com a cantora Luiza Lian, deixando todos os presentes satisfeitos.
O evento, em síntese, foi demasiadamente agradável. Por isso, buscar conhecer essa artista singular presente no cenário musical brasileiro pode ser interessante justamente pela sua essência, que está em falta em muitos cantores.
Por Daniel Terra
danielterra@usp.br