Entre os ícones de filmes de terror que se consagraram no gênero, os bonecos assassinos levaram grande parte dos nomes. Brinquedo Assassino (Child’s Play, 1988), com o famoso Chucky, Annabelle (2014) e Boneco do Mal (The Boy, 2016) foram só algumas das figuras que personificaram o terror em elementos do mundo infantil. Com o passar dos anos, esse uso ficou cansativo e previsível, e os bonecos perderam o poder de assustar, até mesmo, as crianças. Para dar uma virada na história dos brinquedos assassinos, o produtor James Wan decidiu unir a figura de boneca com a de robô para criar um novo símbolo das telonas: M3gan (2022). A boneca androide que cuida, apoia e, acima de tudo, protege seu usuário, promete não só fazer parte, como entreter toda a família.
Na história, Cady (Violet McGraw), de nove anos, perde os pais em um acidente e passa a morar com sua tia, Gemma (Allison Willians), que trabalha em uma empresa de criação de brinquedos. Quando a relação entre as duas não funciona facilmente, Gemma decide dar continuidade ao projeto que estava desenvolvendo, a boneca M3gan, e usar a sobrinha de teste. Nesse processo, Cady não só se apega, como passa a depender emocionalmente da robô, e esta, por sua vez, aprende a proteger a menina a qualquer custo. Entre a transição de boneca boa e eficiente para maligna e inconsequente, a dependência de Cady aumenta e sua relação com a tia piora. Essa trama, que se mostra rasa, simples e até familiar, acerta em cheio ao reconhecer seus defeitos e abraçá-los com humor, o que transforma o clichê em puro entretenimento.
Com a viralização do trailer meses antes de seu lançamento, M3gan teve uma forte repercussão na internet e um marketing pesado. No filme, algumas cenas deixam claro que o seu propósito é virar meme e, ao tratar do contato da geração mais nova com a tecnologia, o longa se reafirma ao procurar o público que mais a consome: os jovens.
Apesar de se vender como terror, a trama não acende nenhuma faísca de medo no telespectador, contando com pouquíssimos jumpscares e cenas de gore que não chegam até o final. Por esse motivo, o filme não perde telespectadores, mas ganha alguns, já que a trama ofusca elementos assustadores com risadas e identificação, tratando de temas como família e dependência da tecnologia.
Sem trazer nenhuma inovação para o terror, e muito menos para o cinema, M3gan garante um bom entretenimento em sua simplicidade. O longa surge como alternativa para os amantes de filmes assustadores enjoados com a mesmice, enquanto abre uma porta para o alcance do gênero a muito mais pessoas. Não é à toa que o sucesso de bilheteria nos Estados Unidos já tem a sequência confirmada para 2025.
O filme estreia no dia 19 de janeiro nos cinemas. Confira o trailer abaixo:
*Imagem de capa: Reprodução/Blumhouse Productions