Embalado por muito rock and roll e músicas da época que até hoje são conhecidas em todo o Brasil, como Prova de Fogo, Splish Splash e aquela que dá nome ao filme homônimo, Minha Fama de Mau (2019) acompanha parte da vida e trajetória de Erasmo Carlos, interpretado por Chay Suede.
O gosto por conhecer mais a história de Erasmo no longa se dá pela combinação de boas atuações e uma montagem dinâmica e juvenil. O diretor conseguiu trazer traços de atualidade de forma natural, além de utilizar recursos de edição e roteiro que casaram muito bem com a proposta. A inserção, na edição, de histórias em quadrinhos deixou a estética do longa estilizada e muito bonita. Além disso, a quebra da quarta parede (quando o ator olha diretamente para câmera e conversa com o espectador) deu um tom informal. É como se o próprio Erasmo estivesse contando sua história para uma sala de cinema cheia.
Chay Suede está muito bem no papel. É engraçado nos momentos que precisa e consegue passar o charme do cantor. Falando nisso, a música é um elemento muito presente. Os atores cantam de verdade e fazem isso muito bem. Em coletiva de imprensa, eles comentaram sobre a experiência de cantar para o longa. Malu Rodrigues, que interpreta Wanderléia, explicou que sua bagagem atuando em musicais ajudou bastante.
Gabriel Leone, que dá vida a Roberto Carlos, é um ótimo coadjuvante. Ele e Suede fazem uma dupla que consegue justificar o surto das jovens da época e de hoje, como é retratado em diversos momentos, mas principalmente quando eles e Wanderléia formam o trio da Jovem Guarda.
É um filme que tem grande potencial para agradar os fãs do cantor e pegar pela nostalgia aqueles que conseguiram viver essa época. Mesmo sendo um filme musical, é preciso saber o momento de inserir as músicas, bem como saber dosá-las. O longa se torna cansativo em alguns momentos por usar canções na íntegra, o que deixa algumas cenas arrastadas. Apesar desse detalhe, o grande problema do filme é, na verdade, sua trama extremamente linear. Mesmo com uma pequena virada, parece que falta clímax, algo capaz de gerar emoção ou comoção em quem assiste.
Minha Fama de Mau tem público específico. Diverte e anima com suas canções mas a partir de certo ponto fica monótono. Estreia nos cinemas brasileiros dia 14 de fevereiro. Confira o trailer:
por Marcelo Canquerino
marcelocanquerino@gmail.com