por Fernanda Giacomassi
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Com as câmeras cada vez mais leves e a tecnologia digital mais acessível, as experimentações em torno do cinema e da dança aumentaram significantemente. Isto origina novas estéticas, novos modos de percepção, novas expressões e, é claro, uma nova cara intercultural para o fazer cinematográfico. Experiência desafiadora tanto para os diretores quanto para os atores, é certo que a presença da dança em filmes, sejam eles musicais ou não, potencializa a mensagem do enredo para além do que possa ser dito.
A aluna da Universidade federal fluminense Ana Paula Nunes, em sua tese de conclusão de curso, Cinema e dança – uma constante negociação entre duas linguagens nos primeiros filmes, destaca que nas primeiras tentativas de mesclar estas duas artes as dançarinas eram amadoras e logo foram substituídas por profissionais de cabarés ou teatro musical. Um exemplo significante em que a dança popular teve grande destaque é Paris é assim (So This is Paris, 1926), de Ernest Lubitsch, em que centenas de pessoas se agitam freneticamente no ritmo de Charleston em um baile. O filme ficou tão conhecido que até hoje existem diversas refilmagens caseiras tentam reviver essa divertida pérola cultural.
A partir de 1927, com o advento do cinema falado, também chamado de filme sonoro, centenas de longas musicais foram realizados, oficializando a união das duas artes numa fórmula de sucesso. Na década de 30, Busby Berkeley migrou da Broadway para coreografar e dirigir no cinema, onde colocou em prática diversas experimentações que imortalizaram rostos como o de Carmem Miranda.
Ao longo dos anos, a dança no cinema foi conquistando outros formatos e principalmente valores, sendo responsável por transmitir mensagens sociais de superação, igualdade e amizade. Pautando-se na ideia de que ela deixa transparecer o melhor das pessoas, diversos diretores apostaram na criação de filmes em que esta é a protagonista do enredo e não apenas um elemento ornamental.
Acessório ou ponto de partida, a verdade é que cenas de dança, sejam elas divertidas ou românticas, solo ou em grupo, deixam o filme muito mais interessante para o público, pois conseguem trabalhar com mais sentidos humanos, criar mais conexões e despertar mais sentimentos.
Para parar com a ladainha, vamos a algumas cenas de danças que, sejam em filmes mais atuais ou mais antigos, demonstram bem esta mistura de artes.
Dirty Dancing – Ritmo Quente (Dirty Dancing, 1987)
Com um Oscar e um Globo de Ouro de melhor canção original, não seria surpresa que a coreografia que acompanha (I’ve Had) The Time of My Life, também fosse incrível e memorável.
PS: Patrick Swayze, este homem maravilhoso que nos deixou em 2008, começou a sua carreira como bailarino clássico, só se dedicando a carreira de ator mais tarde.
Os Embalos de Sábado à Noite (Saturday Night Fever, 1977)
Falar sobre um ator versátil é falar sobre John Travolta. Hoje, com 61 anos, o ator é uma máquina de sucessos com mais de cinquenta filmes lançados. Fala a verdade, eu duvido que você não solta o Travolta que está dentro de você todas as vezes que You Should be Dancing (Bee Gees) toca naquele final de festa de formatura!
Dança comigo? (Shall We Dance?, 2004)
Sexy, é assim que eu defino esse tango de Richard Gere e Jennifer Lopez. No filme, o personagem de Gere, John Clark, um homem com um emprego maravilhoso, uma esposa charmosa (Susan Sarandon) e uma família amável, sente que algo ainda falta em sua vida e vê na dança a possibilidade de reacender suas paixões.
As Branquelas (White Chicks, 2004) – Batalha de dança
Esta divertidíssima história sobre dois agentes do FBI muito atrapalhados ganhou ainda mais pontos com o público por esta batalha de dança ao som da diva Beyonce. Na cena, as irmãs Vandergeld e suas amigas desafiam o grupo no qual estavam os agentes disfarçados, porém elas não contavam com os passos de Break dos dois amigos.
Por se completarem tão bem, esperemos, nós cinéfilos, que a dança e o cinema permaneçam juntos por mais infinitas produções.