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Musicais para todos os gostos: A história e variedade do gênero musical no cinema

“The time to sing is when your emotional level is just too high to speak anymore, and the time to dance is when your emotions are just too strong to only sing about how you feel.” — Bob Fosse (O momento para se cantar é quando o seu nível de emoção é muito alto para …

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“The time to sing is when your emotional level is just too high to speak anymore, and the time to dance is when your emotions are just too strong to only sing about how you feel.” — Bob Fosse
(O momento para se cantar é quando o seu nível de emoção é muito alto para apenas falar, e o momento de dançar é quando suas emoções são muito fortes para apenas cantar sobre como você se sente.)

 

Um pouco de história

“E então começar do princípio, é sempre o melhor lugar”, disse um dia a noviça rebelde. Para entender o que é e o que representa um filme musical, o melhor ponto de partida é o início. Enquanto o teatro musical vem desde os princípios da arte ocidental, o cinema musical dependia de um fator importante para existir: o som. Assim, quando surge o filme sonoro com O Cantor de Jazz (The Jazz Singer, 1927), surge também o filme musical. Essa é a primeira obra sonora e o primeiro musical produzido no cinema e, desde então, ambos foram se popularizando: o som soberano e o musical se adaptando como o gênero que é.

Já em 1930, na segunda edição da premiação do Oscar, o vencedor da categoria de “melhor filme” era um musical: Melodia da Broadway (Broadway Melody, 1929). Nesse momento, os Estados Unidos passavam por uma severa crise econômica que levou à “grande depressão” durante a década seguinte e filmes como O Picolino (Top Hat, 1935) e Vamos Dançar? (Shall We Dance?, 1937) estrelando Fred Astaire e Ginger Rogers serviam como um belo entretenimento para um público que estava carente dele. É nesse momento que a Disney lança Branca de Neve e os Sete Anões (Snow White and the Seven Dwarfs, 1937) fazendo história com o primeiro longa animado e que foi um sucesso, com produtos relacionados a ele sendo vendidos até hoje. 

Sobre entretenimento para gerar esperança no povo, talvez o maior exemplo seja O Mágico de Oz (The Wizard of Oz, 1939). A aventura de Dorothy pela estrada de tijolos amarelos é atemporal e admirada até hoje. Como esquecer o “somewhere over the rainbow” da Dorothy? O longa é considerado um dos dez melhores filmes dos últimos 100 anos pelo American Film Institute. No mesmo ano inicia-se a Segunda Guerra Mundial, que conta com a participação dos EUA, e Hollywood passa a produzir filmes incitando o nacionalismo e manejando sua política de boa vizinhança, o que se estende além do fim da guerra.

[Imagem: Reprodução/MGM Studios]
É o início da “era de ouro” dos musicais. Filmes como Cantando na Chuva (Singin’ in the Rain, 1952) e os sucessos da Marilyn Monroe como Os Homens Preferem as Loiras (Gentlemen Prefer Blondes, 1953) são dessa época. “Quando a guerra acaba, a política de boa vizinhança se intensifica. Filmes com artistas estrangeiros ficam mais comuns. Os filmes de Carmen Miranda eram um sucesso, mas o Brasil já estava no bolso”. Gerson Steves é ator, jornalista, diretor e autor do livro “A Broadway não é aqui: panorama do teatro musical no Brasil” e foi entrevistado pela Jornalismo Júnior para auxiliar na construção da matéria. “Era preciso conquistar novos mercados. Note a importância de An American In Paris (com Gene Kelly, 1951) e Gigi (1958)ambos com a starlet Leslie Caron”.

Contudo, a situação nos Estados Unidos começa a normalizar no fim dos anos 1950 e a demanda por esse tipo de entretenimento começa a cair. É quando a indústria começa a olhar para o teatro musical, mais especificamente para a Broadway, buscando se reinventar para agradar o novo público que surge.

 

A Broadway nos anos 1960 e a modernidade dos anos 1970

Nesse momento são lançados musicais de peças que já faziam sucesso como O Rei e Eu (The King and I, 1956) e Em Busca de um Sonho (Gypsy, 1962), um hábito que dura até os dias de hoje: por exemplo, o filme Em um Bairro de Nova York (In the Heights) que estava com a estréia prevista para esse ano. Desse intercâmbio nasce A Noviça Rebelde (The Sound of Music, 1965) e Amor, Sublime Amor (West Side Story, 1961) e Oliver! (1968), todos vencedores do Oscar de melhor filme, sendo Oliver! o último musical a receber esse prêmio no século 20.

[Imagem: Reprodução/20th Century Fox Home Entertainment]
No fim da década e durante boa parte da seguinte, o gênero sofre um forte declínio, mas ainda longe de morrer. Poucas produções marcantes são lançadas, mas é nesse momento, por exemplo que Bob Fosse dirige Cabaret (1972), trazendo mais dinâmica do que os filmes anteriores, se utilizando de vários cortes ao invés de manter a câmera estática como se estivesse assistindo a uma peça. Nesse momento, também começam a aflorar obras mais experimentais, críticas e de contracultura: o movimento hippie contra a Guerra do Vietnã inspira Hair em 1979 e temas sobre sexualidade e liberdade sexual surgem no trash The Rocky Horror Picture Show de 1975, que possui o recorde de filme que passou o maior tempo em cartaz, sendo exibido diariamente por décadas na sessão da meia-noite de cinemas alternativos de Nova Iorque. Isso foi ampliando as possibilidades sobre os assuntos que um musical poderia tratar e sobre como fazê-lo. Atualmente, já carregamos toda essa história cinematográfica e isso é palpável quando percebemos a variedade dos musicais mais recentes.

 

Porque não gostam 

Por mais que pareça que, nostalgicamente, os musicais eram absolutos como sucesso, é impossível agradar todos. Sempre existirá um público que recusa esse estilo de filme, seja por ser muito fantasioso ou por não se agradar com as histórias.

Não é difícil encontrar pessoas que se incomodam com as músicas repentinas, as coreografias e que sentem que isso quebra a cadência da obra. O jornalista e cineasta Duda Leite disse: “Acredito que são pessoas que não apreciam filmes não realistas, onde a fantasia é o principal aspecto (…) Mas também acredito que existe uma dose de preconceito um pouco descabido, já que os filmes musicais podem ser tão variados”. Existe uma noção de que as histórias são sempre rasas e com desculpas para números musicais, o que não se aplica.

É um gênero que pode ser chocante para quem nunca viu, especialmente nas primeiras músicas até entender como elas funcionam naquele universo. Um grande problema é que as canções contam a história tanto quanto as falas e, por isso, esse estilo exige um trabalho mais complexo para os tradutores. É essencial que o espectador compreenda o que está sendo dito para poder acompanhar o filme, seja dublando as músicas ou legendando-nas, mas essa parte não pode ser negligenciada, porque é fácil se deixar levar pela melodia e perder as informações que estão sendo passadas.

 

Porque gostam e o que eles representam

Então como que musicais fazem tanto sucesso ainda? Porque ele se reinventa! Talvez fosse incabível vender o mesmo modelo cinematográfico por quase um século, mas ao invés disso, a arte se adaptou ao público sem perder a sua origem cantada e, quem sabe, de entretenimento.

Moulin Rouge – Amor em Vermelho (Moulin Rouge!, 2001) traz um novo frescor ao se utilizar de músicas pop como Roxanne do The Police ou Material Girl da Madonna e retrabalhá-las como se estivessem na França do século 19. Assim como Mamma mia! (2008) que foi um sucesso ao se basear em canções da banda sueca ABBA pra trazer um filme leve e divertido.

[Imagem: Reprodução/20th Century Fox Home Entertainment]
As músicas são uma oportunidade de aprofundar mais o longa e assim ela deve ser tratada. Do mesmo modo que a fotografia ou a trilha sonora podem revelar mais sobre as personagens e seus relacionamentos entre si, as canções que fazem parte da narrativa também possuem esse poder. Em Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet (Sweeney Todd: The Demon Barber of Fleet Street, 2007), por exemplo, as músicas funcionam muito bem para passar os sentimentos de angústia e tensão ao longo do filme. Se houver coreografia, esta é mais uma camada para se considerar sobre a história da obra, seja passando um sentimento de amor, em duetos clássicos como o Cheek to Cheek do Fred Astaire e da Ginger Rogers em O Picolino; de alegria, como na canção-título de Cantando na Chuva, ou até de tensões, muito bem trabalhada em Amor, Sublime Amor (West Side Story, 1961) em que as coreografias de ballet se misturam com cenas de briga de rua.

A aura fantástica que parece cercar a obra nem sempre está presente, por vezes, a música está tão intrínseca na narrativa, seja com uma quebra de quarta parede do protagonista ou com o assunto que está sendo tratado, que é tão realista quanto qualquer outra obra de ficção. Os assuntos que podem ser tratados são variados, já que hoje em dia um filme ser musical é mais uma característica do que um gênero. Romance, comédia, suspense e drama, todos possuem expoentes cantados.

 

Alguns indicações para começar

Por ser um gênero tão variado, alguns filmes são injustamente menosprezados por parte do público por serem musicais, quando, na verdade, essa característica não vai definir a qualidade do longa. Steves afirma: “sugiro que a pessoa identifique seus gêneros narrativos preferidos: comédia, drama, guerra, tragédia, mistério. Ou seus gêneros musicais preferidos: rock, baladas, jazz, ritmos latinos, música erudita, pop. A partir daí, pesquisar que musicais melhor se encaixam em suas preferências!”. Seguindo esse critério, algumas obras de diferentes estilos serão indicadas neste texto, expondo a variedade existente no mundo musical.

Para quem se incomoda com as músicas repentinas ou com o excesso de músicas e gosta de histórias profundas:

[Imagem: Reprodução/Allied Artists-ABC Pictures]
Cabaret (1972): Além de ter uma história densa e crítica, tratando sobre alcoolismo, bissexualidade e a ascensão do nazismo na Alemanha do início da década de 1930; as músicas são muito bem trabalhadas porque, ao invés de números espontâneos, todas as canções acontecem no kit kat club, o clube noturno em que a protagonista Sally Bowles trabalha. Dessa forma, as canções fazem parte da história ao mesmo tempo que refletem o que está acontecendo naquele momento. O filme ganhou oito estatuetas da Academia, incluindo melhor diretor para Bob Fosse.

All that Jazz – O Show Deve Continuar (All that Jazz, 1979): Essa obra, também de Bob Fosse, se destaca por ser uma autobiografia do diretor. Baseando-se  em seus problemas com traição e adultério, e, nesse caso as músicas e danças que não são parte da história (afinal, ele era coreógrafo, então há vários números que acontecem em contexto de ensaio) aparecem apenas nos últimos minutos, durante um momento na consciência do protagonista.

Dançando no Escuro (Danser i Mørket, 2000) é a prova de que musicais podem ser tristes. Ainda que, ao contrário das indicações anteriores, as músicas não estejam de fato acontecendo durante a história, nesta obra elas acontecem na mente da personagem principal Selma, interpretada pela cantora Björk. Ela é apaixonada por musicais e acredita que lá sempre existem finais felizes, encontrando neles um refúgio. Acompanhamos a história dela sob sua ótica, tentando se manter bem mesmo com problemas financeiros e com a perda gradativa de sua visão, mas nos musicais tudo é colorido e vivo! Sob esse mote, o diretor Lars von Trier contradiz sua própria personagem.

Chicago (2002) foi o único musical deste século a receber o prêmio de melhor filme no Oscar, e não é por acaso. Baseado em um musical de sucesso da Broadway, ele gira em torno do estrelato de Roxie Hart (Renée Zellweger) após cometer um assassinato, criticando a imprensa e o sistema judicial no desenrolar da trama. É um filme divertido ainda que complexo. Todas as canções ocorrem como um parênteses da história, em um palco, como se fosse a próxima atração a se apresentar em um teatro de variedades no vaudeville, reforçando o sonho da personagem de um dia, efetivamente, estar nesse palco. É possível interpretar que todos esses números são parte de sua visão, dando um maior glamour para sua situação e como ela enxerga a si e àqueles com quem convive.

Yentl (1983): Dirigido e estrelado por Barbra Streisand, o interessante das músicas desse longa é que elas são todas cantadas pela protagonista e a história não é interrompida para que elas aconteçam. Na realidade, elas ficam de fundo para o que está acontecendo, porém não se trata apenas de uma trilha sonora, mas sim do pensamento da personagem. A história é de uma jovem judia que sonha em poder estudar e, para isso, se faz passar por um homem em outra cidade.

Para quem gosta de comédias, trashs, e nonsenses que a música é só mais um detalhe absurdo acontecendo:

[Imagem: Reprodução/Warner Bros Entertainment.]
A Pequena Loja de Horrores (Little Shop of Horrors, 1986): Uma planta alienígena que se alimenta de humanos. E que canta. A história vai acompanhar Seymour (Rick Moranis), que trabalha em uma floricultura e começa a cultivar uma planta exótica nunca antes vista. Ela começa a crescer e falar, exigindo que ele mate pessoas para alimentá-la, ao passo que ele tenta resistir à tentação de obedecer a persuasiva planta.

A Loucura da Marijuana (Reefer Madness, 2005): Paródia do filme de conscientização sobre maconha dos Estados Unidos da década de 1930 que zomba da demonização que ela tinha. Com direito a zumbis, assassinatos e violência gratuita, mas também com músicas muito boas.

The Rocky Horror Picture Show (1975): Com pitadas de terror, já é considerado um clássico. O filme é sobre um casal que acaba parando na casa do excêntrico Frank N. Furter (Tim Curry). A partir daí, mistura-se interferência alienígena, sexo e elementos futuristas.

Hair (1979): filme divertido, mas que ainda trata de assuntos importantes. Durante a Guerra Fria, os movimento de contracultura, especialmente contra a Guerra do Vietnã, ganhavam destaque, e é o movimento hippie que essa obra vai abordar. Mesmo com cenas bizarras, geralmente relacionadas ao uso de drogas, ainda é clara a crítica aos militares e à guerra. Músicas como Aquarius e Let the Sunshine In foram um grande sucesso desde a produção da peça anos antes do longa, ainda mais com a pegada disco dada pela banda The 5th Dimension.

Para quem gosta de terror, suspense e filmes mais sombrios:

[Imagem: Reprodução/Serendipity Point Films]

Stage Fright (2014): Um slasher que se passa em um acampamento de teatro musical e com ótimas referências, especialmente ao Fantasma da Ópera. Vários assassinatos acontecem durante a estréia de uma peça, com direito a todos os clichês desse estilo.
Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet (2007): A obra traz a história de um barbeiro que, movido por vingança, começa a matar seus clientes. Simultaneamente, ele faz um acordo com a dona de uma loja de tortas e entrega para ela a carne de suas vítimas. É uma história de morte, tensão, amor e loucura dirigida por Tim Burton.

Repo! The Genetic Opera (2008): Essa ficção científica futurista que mescla o canto lírico da ópera com o rock foi dirigida por Darren Lynn, responsável por Jogos Mortais (Saw) 2, 3 e 4 e ainda conta com a participação de Paris Hilton. Em um futuro distópico, as pessoas se viciam em cirurgias e uma empresa vende órgãos para elas, porém se elas não quitarem suas dívidas, são caçadas pelo Repo Man (Anthony Head), que recupera o órgão para a empresa.

Anna e o Apocalipse (Anna and the Apocalipse, 2017): É um filme clássico de zumbis, mas misturado com High School Musical. Começa como um filme adolescente como qualquer outro e termina como um filme de apocalipse zumbi. As músicas servem como um contraponto, abrangendo tanto o modo cômico quanto o desenvolvimento do enredo, mas não são desleixadas por esse motivo.

Para os apaixonados que gostam de uma história romântica:

[Imagem: Reprodução/Madeleine Films]
Duas Garotas Românticas (Les Demoiselle de Rochefort, 1967): Outro filme em que acompanhamos vários casais se formando e separando ao mesmo tempo, essa obra de Jacques Demy é um ótimo exemplo de como é um musical clássico da época. As coreografias e canções são contagiantes e o filme ainda conta com a participação de Gene Kelly falando francês.

Amor, Sublime Amor (1961): Uma reinvenção de Romeu e Julieta se passando nos Estados Unidos, vai contar a história de amor entre Maria (Natalia Wood) e Tony (Richard Beymer). Músicas de tirar o fôlego e cenas de balé belíssimas ajudam a desenvolver a história de um modo único e delicado.

Os Últimos Cinco Anos (The Last 5 Years, 2014): Essa obra praticamente não possui diálogos, é como se o casal se revezasse para contar sua história em esquetes cantadas, lembrando uma versão cinematográfica de um concept album – um disco em que as músicas contam uma história, como é o caso de Evita (1996) e The Wall (1982). O espectador acompanha de forma não linear os cinco anos do relacionamento deles, sendo que cada canção representa um momento dessa trajetória, desde quando eles começam a namorar até o divórcio.

Canções de Amor (Les Chansons d’amour, 2007): Dividido em três atos, essa obra vai abordar o amor e o luto de modo belo e delicado. Retrata a bissexualidade e o poliamor naturalmente, por mais que o foco do filme esteja longe de ser esse. As músicas são gostosas de ouvir e as personagens são facilmente amáveis.

Todos Dizem Eu Te Amo (Everyone Says I Love You, 1996): Até mesmo Woody Allen acabou se aventurando em fazer um musical. Nessa obra, vemos os encontros e desencontros amorosos de uma família, uma confusão que vai acontecendo conforme a história se desenvolve.

 

Mais indicações 

Para os fãs de Beatles, Across the Universe (2007) é uma boa pedida. Um musical só com músicas deles e muito bem contextualizado, principalmente por se passar em um momento semelhante ao do auge da banda britânica, articulando as canções com assuntos como a guerra e o movimento hippie. E para quem gosta de um clima um pouco mais intimista, a sugestão é Apenas Uma Vez (Once, 2007). O longa conta sobre um artista de rua e uma vendedora de flores que se aproximam devido ao amor pela música, e todas as músicas que aparecem são contextualizadas, sejam cantando um para o outro ou gravando com uma banda.

[Imagem: Reprodução/Sony Pictures Entertainment Inc.]
Outro modo de tentar entrar no mundo dos musicais, é começando pelos clássicos e ir se aventurando a partir daí, passando, inclusive, pelas produções nacionais. A sugestão de Duda Leite é “começar com Cantando na Chuva, seguir com Amor, Sublime Amor– que está sendo refilmado por Steven Spielberg, assistir a algum dos clássicos do genial Busby Berkely – que dirigiu vários filmes com a brasileira Carmen Miranda – aliás, nossa maior estrela dos musicais de todos os tempos, e fechar com O Fantasma do Paraíso de Brian de Palma, um musical de terror muito moderno para a época”.

Para quem prefere séries, Crazy Ex-Girlfriend (2015 – 2019) consegue ser cômico, ter bons arcos de desenvolvimento de personagens e ainda ser relevante para a atualidade. Cada episódio costuma ter duas canções e elas são sempre muito bem articuladas, uma vez que a protagonista Rebecca (Rachel Bloom) é uma grande fã de musicais.

Por fim, um tipo de musical que costuma ter uma aceitação maior entre os espectadores: as animações. “As pessoas aceitam melhor os números musicais em filmes de animação, já que, desde o princípio, não existe uma ligação com a realidade”, diz Leite. Desde clássicos da Disney como O Corcunda de Notre Dame (The Hunchback of Notre Dame, 1996) e Pequena Sereia (The Little Mermaid, 1989), até filmes mais recentes como Trolls (2016) são, não apenas queridos, como possuem um apelo com o público infantil que acaba gerando uma sensação de nostalgia no futuro quando eles crescerem.

O importante é se divertir. Cada filme tem suas particularidades e podem ser absolutamente diferentes, tendo a música como único fator comum. Porém, uma vez que se compreende que um filme ser musical não é informação o bastante para poder ou não apreciá-lo, abre-se um novo universo cinematográfico para explorar e compreender. Basta utilizar um pouco de imaginação. Como disse Willy Wonka: “não há vida que eu conheça que se compare com a pura imaginação”.

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