[Não Se Pode Viver Sem Amor]
Imagine uma história comum: uma mulher resolve ir em busca do pai de seu filho, que um dia foi embora sem avisar. É isso o que se esperaria inicialmente do filme “Não se Pode viver sem amor”, se não fosse a personalidade um tanto misteriosa da criança em questão.
Gabriel (Victor Navega Motta) é um menino que vive apenas com a mãe, no interior do Estado do Rio de Janeiro. Um dia, sua mãe (Simone Spoladore) resolve levá-lo à capital, em busca do pai do menino. Seria uma trama comum, talvez até comum demais, mas logo percebemos que há algo de diferente na imaginação fértil dessa criança, que talvez não seja compreendida até o final do filme.
Durante a trama, é possível perceber diversas sutilezas e muitos momentos poéticos. Principalmente nas relações indiretas entre todos os personagens e nos laços que se formam entre suas, aparentemente distantes, formas de vida. Destaque para a relação da criança com o desconhecido, no caso, a neve.
Além da família em busca do pai misterioso, conhecemos João (Cauã Reimond), um falido que quer tirar sua namorada, Gilda (Fabiula Nascimento) da vida de dançarina de bordel e Pedro (Ângelo Antônio), professor e taxista nas horas vagas, aparentemente feliz e com um relacionamento estável, que ainda mora com o pai. Não é difícil concluir que essas histórias se cruzarão em determinado momento, o interessante é a forma como isso acontece.
O filme apresenta inconsistências, principalmente no início e na cena final. Apesar disso, tem um roteiro envolvente e gostoso de assistir. Vale também pela ótima atuação de Victor Navega Motta, capaz de prender a atenção do mais desinteressado espectador e de Simone Spoladore, vencedora do prêmio de melhor atriz no 38º Festival de Cinema de Gramado, que foi capaz de trazer um belo toque de realismo à película.
Por Paula Zogbi