2015 pode não ter sido o melhor ano para muitas pessoas, segundo os memes da internet, mas no quesito álbuns musicais ele foi recheado de surpresas agradáveis. Tivemos bandas antigas que retornaram a atividade como New Order e Blur, tivemos artistas consagrados que lançaram discos como Madonna e Bjork, e estreantes que bombaram como Tobias Jesso Jr, James Bay e Shamir. Foi um bom ano para o pop com Carly Rae Jepsen, Meghan Trainor e Demi Lovato, para o Rap também, com The Weekend, ASAP Rocky e Drake, para o indie com Imagine Dragons e Chvrves, e inclusive para o rock com Muse, Noel Gallagher e The Libertines. Porém, nenhum deles entrou nessa lista de melhores discos internacionais, nosso top 10 contém o melhor do melhor. Álbuns que marcaram, que contaram histórias e se projetaram para além da trilha.
10. Adele – 25
Quem ainda não ouviu o primeiro single desse disco “Hello”? Por ter chego ao primeiro lugar das paradas de diversos países, várias versões já foram criadas, algumas em forma de paródia, outras como cover. O terceiro disco da cantora britânica foi lançado no final de novembro e já conquistou seu lugar nas listas dos melhores do ano. Mais uma vez Adele nos delicia com sua poderosa voz e canções sobre relacionamentos mal-resolvidos.
9. Sufjan Stevens – Carrie and Lowell
Sétimo disco do cantor norte-americano de indie folk. Sufjan Stevens é caracterizado, principalmente neste disco, por ser simples e delicado – Um piano ou um violão acompanhado da voz suave e tranquila do cantor. Carrie e Lowell são os nomes da mãe e do padrasto do Stevens. Eles foram casados por cinco anos, enquanto Carrie sofria de esquizofrenia, bipolaridade e abuso de medicamentos. Ela acabou morrendo em 2012 por causa de um câncer no estômago. O disco é recheado de histórias sobre família, depressão e solidão, quase como uma autobiografia íntima.
8. Jamie xx – In Colour
Jamie Smith é seu verdadeiro nome. Em seu primeiro disco solo, ele se apresenta como Jamie xx, uma clara referência a sua banda The XX. O seu novo estilo ainda lembra a sonoridade da banda – músicas feitas com sintetizadores, detalhes minimalistas e vocais sussurrados – mas o que o diferencia são as batidas mais eletrônicas e dançantes, como nas faixas Loud Places e Gosh. Jamie não se prendeu ao estilo do The XX, apesar de possuir alguns resquícios, In Colour explora uma gama de referências de diversos outros gêneros.
7. Florence + The Machine – How Big, How Blue, How Beautiful
Florence Welch e sua banda crescem a cada disco lançado. Tanto no quesito técnico, comercial quanto no mainstream e no carinho dos seus fãs. Florence tem uma capacidade extraordinária de transmitir seus sentimentos através de palavras. Neste terceiro disco, encontramos a cantora mais abalada emocionalmente, tanto é que o álbum é quase todo sobre coração partido.
6. Tame Impala – Currents
A banda encabeçada pelo peculiar Kevin Parker lançou seu terceiro disco em julho. A banda australiano é conhecida por revolucionar o rock psicodélico atual, influenciando tanto a cena local, quanto a do mundo inteiro. Parker já era conhecido por ser uma pessoa solitária e introspectiva, porém agora em Currents, isso ficou mais evidente. Ele ficou responsável sozinho por quase todo o processo de produção do disco: escreveu, gravou e mixou tudo. As faixas continuam na mesma pegada psicodélica da banda, só que com uma diferença drástica, que assustou os fãs: São músicas dançantes, com um apelo pop. Apesar desta grande mudança, a crítica abraçou o disco e o passou a idolatrar ainda mais este multi-instrumentista.
5. Courtney Barnett – Sometimes I Sit and Think, Sometimes I Just Sit
Outra australiana que chamou atenção foi Courtney Barnett, uma garota de 28 anos que cansou de tocar na banda dos outros, e montou sua própria. Sometimes I Sit… é a prova de que não é preciso anos de carreira para ser brilhante, Courtney conseguiu se sobressair no primeiro disco. A sonoridade deriva do grunge dos anos 90, pelos vocais graves e por vezes falados, e do rock de garagem, pelos riffs de guitarra distorcidos e poluídos. Em cada faixa, Barnett nos conta uma história diferente, e nos palcos, toma nossa atenção com sua guitarra de peso.
4. Father John Misty – I Love You Honeybear
I Love You, Honeybear é o segundo disco de estúdio do cantor folk Joshua Tillman, sob o pseudônimo de Father John Misty. Além de ser um disco sobre amor, ele é bem pessoal, já que é possível fazer referências com o mais recente casamento do norte-americano com sua esposa Emma. As canções são guiadas pelo violão, pelo piano e, principalmente, pela voz envolvente do Tillman, e como um todo formam uma belíssima declaração de amor, começando pelo título do disco.
3. FIDLAR – Too
FIDLAR é um acrônimo de “Fuck It Dog, Life’s a Risk” ou “Forget It Dad, Life’s a Risk”, o mantra do vocalista Zac Carper. Uma banda da Califórnia de Ska Punk ou Garage Punk, que regidos por tal mantra, canta letras de uma vida boemia, regada de rock e diversão. O segundo disco da banda, Too, porém, trás características diferentes: apesar de ainda levarem tais modelos de vida, eles perceberam que há consequências. São músicas sobre a chegada da vida adulta, a falta de dinheiro, a necessidade de trabalhar, bebidas, ressacas, relacionamentos, drogas, sexo, o que é percebido pelos títulos de algumas delas, como Bad Medicine, Bad Habits e Stupid Decisions.
2. Grimes – Art Angels
Claire Boucher, mais conhecida como a icônica Grimes, lançou seu quarto disco no começo de novembro e já encabeçou as listas de melhores discos do ano da mídia especializada. A capa não sugere dúvidas: Grimes está do mesmo jeito, esquisita, vanguardista e inovadora. Claire conseguiu, além de provar que há outras maneiras de fazer música pop sem cair nas fórmulas prontas, quebrar argumentos sexistas de que cantoras pop femininas são produtos pré-fabricados sem talento. Grimes escreveu um disco que pode tanto agradar o público de baladas noturnas quanto os críticos mais arrogantes. Se isso não é talento, eu não sei o que é.
1. Kendrick Lamar – To Pimp a Butterfly
Por fim, o disco que tem deixados os fãs de música de cabelos em pé. O disco que está em primeiro lugar de 9 entre 10 listas de melhores do ano. O disco que recebeu a maior pontuação da história do hip hop no site Metacritic (96 de 100). É o terceiro disco de estúdio do Rapper Kendrick Lamar, To Pimp a Butterfly. O álbum parece refletir uma mudança de paradigma do hip hop, como uma obra de consagração desse estilo. As letras? Sobre superação; Sobre ser negro e viver numa situação desfavorecida, para depois sair por cima e obter sucesso. Além disso, To Pimp a Butterfly não é um álbum só de hip hop – É de músicas de raiz negra como Soul, Funk, R&B e Jazz. Kendrick não apenas canta suas canções, interpreta, grita, chora, recita. Este disco não é um simples disco, é uma obra artística.
Por Lidia Matos
lidiamcapitani@gmail.com