Por Aline Noronha (alinenoronha@usp.br)
No último mês, a cantora e compositora brasileira Marisa Monte se apresentou juntamente com a Orquestra Sinfônica da USP em um show inédito na Praça do Relógio. O evento que faz parte das comemorações ao aniversário de 90 anos da instituição foi organizado pela USP Diversa. Pela estimativa da Prefeitura do Campus, cerca de 55 mil pessoas estiveram presentes.
A apresentação, que foi gratuita e aberta ao público geral, contou com a arrecadação de alimentos não perecíveis e agasalhos para a organização não governamental Central Única das Favelas (CUFA). Segundo o anúncio feito durante o show, a estimativa foi de que 5 toneladas de alimentos foram doadas.
A estrutura do evento não conseguiu comportar a quantidade de pessoas que foram ao show e, sob o sol da tarde, o público estava impaciente para que a Marisa Monte chegasse ao palco, já que muitos estavam há horas esperando. Apesar da ansiedade geral, a atriz e apresentadora Paloma Angelo introduziu o concerto com uma fala sobre a USP enquanto instituição, suas iniciativas sociais, bem como os agradecimentos e outros avisos gerais sobre a acessibilidade de serviços básicos.
Paloma salientou as dificuldades que os alunos possuem em adentrar no ensino superior e permanecer nele, sendo a permanência o maior desafio. Para ela, nesse contexto, a USP Diversa entra como um programa de bolsas de estudo que auxilia estudantes em vulnerabilidade socioeconômica na continuidade de suas graduações.
Ela também explicou sobre a história do Relógio do Sol que em uma face contém referências à ciência e na outra à fantasia. O evento começou às 15h e, para a impaciência crescente do público, a introdução de Paloma durou até as 16h, quando Marisa Monte subiu no palco e iniciou o concerto.
“O Vilarejo é aqui hoje”, diz a cantora
Marisa Monte foi recebida com inúmeros gritos de alegria, gestos de carinho e emoção dos fãs. Sem dizer nada, a cantora iniciou o show com a música Magamalabares, o que trouxe ao público o alto astral que o concerto prometia.
Quando terminou a canção, Marisa agradeceu ao convite e a presença dos fãs. Ela afirmou que era emocionante poder participar do evento acompanhada pela orquestra sinfônica regida pelo maestro André Bachur no aniversário da maior universidade do país.
“Muito obrigada por terem vindo, que a música nos envolva e transporte para o mundo de sonho e emoção. Viva a educação! Viva a cultura!”
Marisa Monte
A cantora também expressou o seu contentamento em ser embaixadora da USP Diversa, relatou que se sentia feliz em ajudar os alunos cotistas a continuarem em uma universidade com mais inclusão e oportunidades.
Nas músicas consagradas, como Vilarejo e Ainda Bem, o público cantou alto como um coral e se emocionou ao ver a beleza da voz de Marisa Monte junto à magnitude da Orquestra Sinfônica da USP. Além de muitas pessoas, foi perceptível no evento a presença de inúmeros celulares que, de diferentes ângulos e lugares, buscaram eternizar o momento.
A cantora envolveu os fãs pela alegria que transmitia em estar ali por meio de sorrisos, leveza na voz e as repetições constantes de agradecimentos. Da mesma maneira, sua linguagem corporal, que era conduzida pela sonoridade da orquestra, transportava os espectadores para dentro das músicas, o que aumentou a imersão geral.
Arnaldo Antunes, I love you!
A última música oficial do concerto foi Amor, I Love You, sucesso da Marisa Monte que no Spotify é a quarta mais ouvida da cantora com mais de 56 mil reproduções. A canção conta com a declamação de Arnaldo Antunes do poema presente no livro O Primo Basílio (Companhia das Letras, 2015) do autor Eça de Queiroz, que inesperadamente foi feita também pelo integrante de Tribalistas no show.
O público não esperava a declamação ao vivo. Por essa razão, quando o cantor apareceu no palco, sua presença causou uma comoção geral de tal forma que a sua voz foi ofuscada pelos gritos da plateia. Arnaldo abraçou Marisa e depois cantou com ela o refrão final da música que foi pontualmente alterado para: “OSUSP, I love you. São Paulo, I love you”.
Logo após essa participação, Arnaldo saiu do palco rapidamente e em seguida voltou quando os fãs começaram a gritar por seu retorno em um único som. A nova expectativa era que ele cantasse ao menos mais uma canção com Marisa, o que não se concretizou.
A plateia postergou o fim
“Bom gente, o show terminou, né?”, disse Marisa Monte e a resposta dos espectadores foi uma evidente negativa. Por isso, ela cantou novamente Magamalabares com a orquestra sinfônica, o que finalizou o concerto da mesma forma que começou com palmas e alegria.
Em seguida, Marisa saiu do palco e rapidamente voltou por causa da aclamação dos fãs que buscavam estender o máximo possível o evento. Sem orquestra ou qualquer instrumento tocado por ela, a compositora cantou com o público Bem Que Se Quis que, com as palmas, continuou a música mesmo quando ela já não estava mais no palco.
*Imagem da capa: Atílio Avancini/Acervo Pessoal