Como convencer um fã de Star Wars desiludido após os acontecimentos do Episódio IX (2019) a continuar a acompanhar essa que é uma das maiores franquias da história do cinema? The Mandalorian mostra que “this is the way”.
Na estreia de seu segundo ano, o faroeste espacial premiado no Creative Emmy Awards 2020 com cinco estatuetas técnicas mostra mais daquilo que agradou os fãs, e prova que esse “é o caminho” — tradução da frase do credo de Din Djarin — na forma como o Universo de Star Wars é desenvolvido.
Esta resenha pode conter spoilers.
A ‘Força’ de seu segundo ano
A série obtém sucesso na maneira como explora o relacionamento de Mando e baby Yoda — que agora sabemos que se chama Grogu —, utilizando a criança e a preocupação paternal de Din Djarin como grande condutor da narrativa, além de alívio cômico. A grande jornada de retorno de Grogu à alguém de sua espécie é a grande narrativa da temporada.
The Mandalorian mantém a fórmula de aventuras episódicas. No entanto, não há nenhum episódio que funcione como filler por definição — ou seja, quando um episódio é utilizado para mostrar uma história fechada e que não influenciará o restante do enredo. O desenvolvimento das personagens também é muito positivo neste segundo ano: Mando ter seus princípios questionados, Grogu ser colocado diante de seus medos, e Cara Dune com seus traumas com a república são exemplos que trazem uma empatia pelas personagens para além da missão.
Cânone
O melhor da segunda temporada de The Mandalorian é a forma como a série expande o universo de Star Wars e interage com núcleos e personagens já estabelecidos nele. Um dos destaques é o episódio The Jedi, em que Mando se encontra com Ahsoka Tano e a ajuda a liberar um vilarejo. Mas a aparição da personagem, uma das mais queridas do cânone, não é gratuita. Muito da inserção do cânone já estabelecido nas séries animadas do Universo se deve à contribuição produtiva de Dave Filoni — diretor e supervisor das séries The Clone Wars (2008-2020) e Star Wars Rebels (2014-2018).
No final de The Clone Wars, que ocorre simultaneamente aos acontecimentos de Star Wars Episódio III: A Vingança dos Sith (2005), Ahsoka tem seu grande ato na defesa do planeta Mandalore, em que ajuda Bo-Katan a derrotar o líder Sith Darth Maul e reconquistar o trono de Mandalore. Por isso a inserção da personagem se mostra como uma decisão acertada e lógica da produção.
O último ato do episódio final não apenas preenche todas as expectativas daqueles que vinham acompanhando Mando e Grogu, mas também entra para o imaginário de carinho que os fãs têm pela franquia e do porquê participam daquelas histórias.