Por Diego Coppio (diegocopio@usp.br)
A seleção norueguesa chega à Copa do Mundo de 2023 com esperanças de deixar para trás os desempenhos aquém do esperado nos últimos torneios internacionais. Sob o comando de Hege Riise, a maior jogadora da história do país, as escandinavas contam com o retorno de jogadoras estreladas para alcançar um bom desempenho no torneio.
Uma potência decadente
A Copa sediada na Austrália e na Nova Zelândia representa uma oportunidade para o país escandinavo revisitar seu passado glorioso no futebol. Desde 2013, com a derrota para a Alemanha na final da Eurocopa, as norueguesas não tiveram boas campanhas.
No recorte da Copa do Mundo, a situação é ainda pior: desde a conquista do título mundial, em 18 de junho de 1995, na Suécia, as melhores campanhas das norueguesas foram os quartos lugares de 1999 e de 2007. Desde então, a Noruega tem amargado campanhas fracas, com a eliminação para a Inglaterra nas quartas de final da última edição do torneio, em 2019, e uma goleada histórica na Eurocopa de 2022, quando perderam novamente para as inglesas, dessa vez por 8 a 0.
Apesar desse retrospecto, a Noruega é uma seleção tradicional na história do futebol feminino profissional. A equipe esteve presente nas nove edições da Copa do Mundo e é uma das quatro seleções que conquistaram a taça, ao lado de Estados Unidos, Alemanha e Japão. Nos anos 1990, terminaram entre as quatro primeiras em todas as edições, além das conquistas da Eurocopa, em 1987 e 1993, e do ouro nas Olimpíadas de Sydney, em 2004.
A aposta em Riise
Em busca de retomar o caminho das vitórias, a Associação Norueguesa de Futebol apostou em Hege Riise — estrela do time na década de 1990 — para assumir a comissão técnica. Ela substituiu Martin Sjögren após a eliminação na Eurocopa de 2022.
Campeã da Copa do Mundo de 1995, Riise busca repetir o feito na área técnica. [Reprodução/Instagram: @Kvinnelandslaget]
O currículo de Riise como treinadora fala por si: a norueguesa foi assistente de Pia Sundhage na seleção norte-americana entre 2009 e 2012, e tetracampeã da Toppserien — a liga norueguesa de futebol de mulheres — de 2016 a 2019, pelo LSK Kvinner.
Pia Sundhage e Hege Riise comandando a seleção dos Estados Unidos. Será que elas se enfrentarão nesta edição? [Reprodução/Instagram: @Kvinnelandslaget]
Apesar do retrospecto da Noruega de Riise não ser muito inspirador, com quatro vitórias, três empates e quatro derrotas, a treinadora acredita que seu maior impacto no time foi a retomada da confiança das atletas e a melhora do desempenho em campo. “Contra times melhores, nós focamos na defesa e em contra-ataques. Esse foi o ponto de partida. Estou muito satisfeita pois o desempenho em campo foi ainda melhor que os resultados”, contou a treinadora ao Fifa+.
A esperança de gols da treinadora está no retorno de peças importantes do setor ofensivo, como Ada Hegerberg, Caroline Graham Hansen e Sophie Roman Haug, que desfalcaram o time nos últimos jogos por lesões.
Ada Hegerberg e a luta por salários iguais
Esta edição também marca o retorno de Ada Hegerberg à Copa do Mundo. A atleta, pentacampeã europeia com o Lyon da França e primeira vencedora da Bola de Ouro Feminina, anunciou em 2017 que se afastaria da seleção por discordar da forma com que a Associação Norueguesa tratava o futebol de mulheres.
Uma das principais reivindicações de Hegerberg foi a necessidade de equivalência de salários entre o futebol masculino e feminino, tanto entre clubes, como entre os selecionados nacionais.
Em 2022, a atleta anunciou seu retorno à seleção. Apesar de a Associação Norueguesa ter dobrado os salários das atletas ainda em 2017, o retorno de Hegerberg se deu por sua boa relação com a nova presidente da Associação e ex-jogadora, Lise Klaveness.
“Eu tive muito tempo para refletir nos últimos dois anos. Fui capaz de ter discussões honestas com a federação, por meio da Lise primeiramente. Estou feliz em estar apta a voltar com o time e começar uma nova história”, declarou Hegerberg.
Apesar do retorno em alto nível e com um hat-trick no primeiro jogo — uma vitória de 5 a 1 sobre Kosovo —, Hegerberg desfalcou a equipe por alguns jogos devido a lesões recorrentes. Em 2020, a atleta rompeu os ligamentos do joelho e ficou vinte meses fora dos gramados. Desde então, Hegerberg vem sofrendo com a questão física, o que pode ser um grande obstáculo para a Noruega.
A Noruega na Copa do Mundo de 2023
A Noruega estreia em jogo contra a Nova Zelândia na abertura da Copa, quinta-feira, 20/07, às 4h (BRT), no Eden Park, em Auckland. Além das anfitriãs, as norueguesas enfrentarão, na fase de grupos, a estreante Filipinas e a Suíça, que faz sua segunda participação na história do torneio.
*Imagem de capa: Reprodução/Instagram @kvinnelandslaget
Excelente texto!