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Visca Barça! Barcelona derrota algoz e conquista a Champions League Feminina!

Com a vitória sobre o Lyon, time espanhol se tornou isoladamente a segunda equipe com mais títulos na competição
Por Breno Marino (brenomarino2005@usp.br)

No último sábado (25), Barcelona e Lyon se enfrentaram pela final da UEFA Womens’s Champions League, em Bilbao, na Espanha. O Estádio de San Mamés recebeu público recorde em uma final dessa competição continental: 50.827 espectadores. O número demonstra a popularidade que o futebol feminino vem ganhando e a paixão dos torcedores de ambos os clubes. 

Na competição, o Lyon é o maior vencedor, com um total de oito títulos, enquanto o Barcelona, campeão da última edição, contava com dois. Em todos os quatro confrontos entre as equipes, o time espanhol não venceu nenhum, incluindo duas finais de Champions League, em 2018/19 e 2021/22.

O retrospecto das equipes

Barcelona: a máquina de gols

No grupo A, o time da Catalunha teve como oponentes o Benfica (Portugal), Eintracht Frankfurt (Alemanha) e o Rosengård (Suécia). Demonstrando o seu favoritismo para a conquista do bicampeonato consecutivo, o clube passou em primeiro lugar sem dificuldades, com 16 pontos, sendo cinco vitórias e um empate.

Nas quartas de final, o Barcelona enfrentou o SK Brann Kvinner, da Noruega. Com uma vitória de 2 a 1 na ida e de 3 a 1 no jogo da volta, na Espanha, o time comandado por Jonatan Giráldez se classificou para as semis.

Na fase seguinte, contra o Chelsea, a equipe teve seu confronto mais complicado. Após perder o primeiro jogo, em Barcelona, por 1 a 0 — única derrota na temporada —, o time teve que contornar o resultado negativo na Inglaterra. Com uma jogadora a mais, após a expulsão de Kadeisha Buchanan, a equipe espanhola venceu a volta por 2 a 0, e conseguiu a vaga para a final do campeonato.

Na temporada, o time catalão já havia conquistado a Liga F, a Copa de La Reina e a Supercopa da Espanha. Além disso, somando todos os seus campeonatos, a equipe marcou um total de 202 gols em 45 jogos.

Lyon: a camisa mais pesada da Europa

Junto com SK Brann Kvinner (Noruega), Slavia Praha (República Tcheca) e St. Pölten (Áustria) no grupo B, o Lyon passou na primeira colocação, com 14 pontos no total: quatro vitórias e dois empates. Nas quartas de final, a equipe comandada por Sonia Bompastor, ex-jogadora do clube, atropelou a equipe do Benfica, no agregado de 6 a 2 — 2 a 1 na ida, em Portugal, e 4 a 1 na volta.

Nas semifinais, o Lyon teve um clássico pela frente: um embate contra seu rival local Paris Saint-Germain (PSG). Em jogos equilibrados tanto na ida quanto na volta, as Lyonnaises venceram por 5 a 3 na soma dos placares. A chance para a conquista de seu nono título continental estava garantida.

Lyon é o maior vencedor da Champions League feminina, com ampla margem sobre o segundo colocado [Reprodução/Twitter: @OLfeminin]

Na temporada, a equipe conquistou a Division 1 Féminine e perdeu apenas um jogo, contra o Bordeaux, pela liga nacional. Contudo, o Lyon foi eliminado na Copa da França para o Fleury 91, após disputa de pênaltis.

Pré-jogo: As escalações

Sem muitas mudanças, ambas equipes foram para o confronto com as escalações já esperadas. Por parte do Barcelona, em comparação ao último jogo contra o Chelsea, a única mudança foi a entrada de Mariona no lugar de Ona Battle. 

Ao contrário da partida contra o time inglês, em que estava no ataque, Fridolina Rolfö foi escalada como lateral. Escalado em um 4-3-3, o time catalão se comportava em um 3-3-4 ao ter a posse, com a lateral sueca quase virando uma ponta, dando apoio nas alas e aparecendo no ataque, enquanto Lucy Bronze e Walsh ajudavam na recomposição da defesa.

Escalação do Barcelona em arte da UEFA [Reprodução/Twitter: @UWCL]

Já o Lyon veio sem mudanças em comparação com a partida de volta contra o PSG. A equipe, escalada em um 4-3-3, mantinha a sua formação quando com bola, mas alternava para o 4-4-2, com Cascarino completando recuando para o meio quando o time perdia a posse.

Escalação do Lyon em arte da UEFA [Reprodução/Twitter: @UWCL]

O jogo

Primeiro Tempo — Controle Espanhol, mas poucas chances

A final começou com controle do time da Catalunha. Com superioridade na posse de bola, o Barcelona conseguia trocar mais passes, enquanto o Lyon se fechava e se preparava para uma chance de contra-ataque. O primeiro chute ao gol veio aos 5’, após jogada individual de Hansen, partindo da ponta para o centro e passando para Salma Paralluelo, que finalizou sem muito perigo para fácil defesa de Endler.

As primeiras chances do Lyon vieram aos 13’. Após escanteio, Lucy Bronze cabeceou contra seu próprio gol e acertou o travessão. A bola foi retirada pela defesa e, no lance seguinte, Bacha cruzou para a área, sobrando para Renard finalizar e acertar a trave de Cata Coll.

Com maior controle do jogo, o Barcelona tinha como sua válvula de criação a conexão entre Aitana Bonmatí e Graham Hansen pelo lado direito. Com a técnica da atual melhor do mundo, somada à velocidade e à condução da jogadora norueguesa, o Barcelona criava suas melhores chances e incomodava a defesa do Lyon. Por sua vez, a equipe francesa apostava na rapidez de Diani e Dumornay para avançar em contra-ataques, situações que não aconteceram com tanta frequência.

Aos 27’, Patri Guijarro roubou a bola perto da grande área, avançou e finalizou em cima da goleira. Logo após, a bola desviou na defesa, quase resultando em um gol contra, evitado em cima da linha pela lateral Bacha. Já aos 39’, Renard cabeceou em cima da goleira do Barcelona após escanteio. 

O Barcelona ainda teve uma chance de abrir o placar pouco antes do término do primeiro tempo, com chute de Graham Hansen rente à trave após passe de Lucy Bronze. Em resumo, o jogo estava muito truncado e nervoso, sem grandes chances para ambas as equipes.

Segundo tempo – As melhores do mundo decidiram!

Na volta do intervalo, as equipes mudaram as suas posturas, ampliando os espaços e, consequentemente, também errando mais. Com o Lyon mais aberto e avançado, o jogo tornou-se mais disputado e legal de se assistir. Logo aos 48’, em bola cruzada para a área, Horan ajeitou de calcanhar para Renard, que finalizou para cima da meta adversária.

O Lyon deixou de depender apenas dos contra-ataques para criar as suas chances, enquanto o Barcelona manteve sua tática de posse de bola, mas explorou um estilo de jogo mais reativo também.

Em meio às chances para os dois lados, foi necessária a aparição de individualidades para mudar os rumos da partida. Após passe de Mariona no campo de ataque, Aitana Bonmatí , avançou até a linha de fundo sem marcação e chutou cruzado de perna esquerda. O chute desviou na zagueira canadense Gilles e matou as chances de defesa da goleira do Lyon, abrindo o placar para o Barcelona aos 62’.

Com o gol, a partida ficou ainda mais aberta. O Lyon se mandou mais ao ataque, enquanto o Barcelona contava com as arrancadas de Hansen após roubadas de bola, explorando os espaços deixados pelo time francês. Em uma dessas chances, aos 74’, a ponta norueguesa conduziu até a grande área, partindo do meio campo, tabelou com Paraluello e finalizou. O chute foi precisamente bloqueado por Bacha, que salvou a equipe francesa mais uma vez na partida.

Em meio ao desespero, Bompastor fez alterações na equipe: começou a colocar suas atacantes do banco de reservas, no lugar de defensoras e meio-campistas. A jogadora Ada Hegerberg, atacante de 28 anos e maior artilheira da Women’s Champions League — esperança de gols do Lyon para empatar a partida —, entrou no lugar de Van de Donk, aos 80’. As alterações realizadas pela treinadora do time francês deixaram  mais espaços para o Barcelona explorar, ao mesmo tempo em que seu time seguia sem conseguir criar chances contundentes, encontrando uma forte defesa pelo caminho.

Aos 91’, Alexia Putellas, duas vezes nomeada melhor jogadora do mundo e ídola do time espanhol, entrou na partida no lugar de Walsh. Cinco minutos depois, como um roteiro de filme de Oscar, a jogadora fez o gol que definiria o resultado do embate. Na zona esquerda da grande área do time francês, Claudia Pina passou para Alexia, que finalizou forte e de canhota no canto superior da goleira Endler. 

Já em meio a comemorações na torcida, aos 97’, a árbitra Rebecca Welch apitou o fim de jogo. Título para o Barcelona e tabu de derrotas contra o Lyon quebrado.

Destaques da partida

Selma Bacha: mesmo com a derrota, a lateral francesa foi imprescindível para a manutenção da equipe na partida. Salvando o Lyon em cima da linha e impedindo uma chance clara de gol de Graham Hansen, Bacha ainda auxiliou na criação ofensiva e demonstrou técnica quando tinha a bola em seus pés.

Renard: zagueira de 1,87m de altura e uma das melhores do mundo em seu ofício, a jogadora não cometeu erros nos gols sofridos e era constantemente um perigo nas bolas aéreas ofensivas, vindas de escanteios e bolas paradas. A francesa demonstrou segurança e, em parte do jogo, conseguiu cobrir as investidas de Hansen pela direita.

Aitana Bonmatí: atual melhor jogadora do mundo, a espanhola fez o gol que abriu o placar da partida e encaminhou a conquista do Barcelona. Com a bola, mostrou o porquê de ter recebido a premiação da UEFA de Women of the Match, cadenciando o jogo, criando jogadas e mostrando habilidade para conduzir, ultrapassar a defesa e marcar o seu gol.

Aitana marcou na competição 6 gols e deu 5 assistências, sendo, junto à Paraluello, a artilheira do Barcelona no torneio [Reprodução/Twitter: @FCBfemeni]

Graham Hansen: mesmo não tendo participado de forma efetiva do placar, a ponta norueguesa  não deu descanso nenhum para a defesa adversária. Com jogadas rápidas e dribles desconcertantes, a maioria das jogadas do Barcelona passava pelos seus pés, seja em jogadas trabalhadas ou contra-ataques. 

Alexia Putellas: vindo de uma lesão séria, que a levou a ser banco da equipe catalã e da seleção espanhola, a jogadora fez o gol que consagrou a conquista do clube. Em apenas cinco minutos em campo, mostrou a estrela que possui, ao estar no lugar certo, na hora certa, e demonstrar toda a sua qualidade técnica. Além disso, sua comemoração eufórica mostra a paixão e identificação que sente pelo clube e pela torcida.

Alexia tomou cartão amarelo após sua comemoração [Reprodução/Twitter: @UWCL]

Ficha Técnica

Barcelona 2×0 Lyon

Data: 25/05/2024

Horário: 13 horas (de Brasília)

Barcelona (4-3-3): Cata Coll, Rolfö (Ona Batlle 66’), Engen, Irene Paredes, Lucy Bronze, Patri Guijarro, Walsh (Alexia Putellas 91’), Aitana Bonmatí, Graham Hansen, Salma Paralluelo (Brugts 84’) e Mariona (Claudia Pina 91’) 

Lyon (4-3-3): Endler, Bacha, Renard, Gilles (Becho 80’), Carpenter, Van de Donk (Hegerberg 80’), Egurrola, Horan, Cascarino (Majri 66’), Dumornay e Diani

Gols: Aitana Bonmati (62’) e Alexia Putellas (95’)

Cartões amarelos: Lyon — Renard (69’) e Endler (97’); Barcelona — Alexia Putellas (96’)

Árbitra: Rebecca Welch (Inglaterra) 

*Foto de capa: [Reprodução/Twitter: @UWCL]

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