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Cobertura: Jornalismo em Imagem e Som

A Jornalismo Júnior promoveu, no último final de semana, um dia para discutir o jornalismo no meio audiovisual com o evento Jornalismo em Imagem e Som. As quatro mesas de debate reuniram designers, cineastas, ilustradores, publicitários, roteiristas, produtores de podcasts e, claro, jornalistas que conversaram sobre as novas formas de se comunicar com o público. …

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A Jornalismo Júnior promoveu, no último final de semana, um dia para discutir o jornalismo no meio audiovisual com o evento Jornalismo em Imagem e Som. As quatro mesas de debate reuniram designers, cineastas, ilustradores, publicitários, roteiristas, produtores de podcasts e, claro, jornalistas que conversaram sobre as novas formas de se comunicar com o público. Afinal, nem só de papel e texto respira o jornalismo.

Jornalismo em Imagem e Som: Fotojornalismo

Fotojornalismo foi o primeiro tema a ser debatido na nossa roda de conversa, que reuniu fotógrafos que registram lutas diárias e fazem um trabalho de acordo com o que acreditam. A mediadora da mesa, Amana Salles, é mestranda em Meios e Processos Audiovisuais (ECA-USP) e tem uma longa carreira em diversos campos da fotografia. Amana coordenou a discussão em torno das dificuldades de ser fotojornalista mulher num meio tão cheio de homens.

Os fotógrafos basearam suas falas em seus portfólios e as experiências advindas do ofício de registrar o real. Iniciando a fala, Mel Coelho contou sua trajetória pela fotografia até se deparar com o coletivo Manana, que tem como objetivo dar espaço para as mulheres que estão começando na fotografia e se deparam com uma área majoritariamente masculina. Também proclamando o discurso do coletivismo e sororidade, Tuane Fernandes, que trabalha para a Mídia Ninja e o Jornalistas Livres, falou sobre como crescer com uma mãe ativista formou sua consciência dos movimentos sociais e a força para levantar as bandeiras que acredita.

A fotógrafa Karime Xavier, com sua longa experiência em retratos e fotojornalismo, mostrou um pouquinho do seu trabalho e nos contou que os anos de experiência não tornaram mais fácil o registro de cenas cruéis. “Eu posicionei a câmera no quadro que eu queria e virei o rosto, deixa ela fotografar sozinha (…) enquanto isso o porco gritava e chorava” falou sobre o ensaio feito da Operação Carne Fraca. Ela mencionou também o cuidado com luz, enquadramento, criatividade, distribuição de elementos e outros aspectos analisados ao fazer uma foto. Esse cuidado advém da longa experiência com retrato e como aprendeu a influência que a liberdade de criação tem no resultado final. Tal liberdade também importante para o fotojornalismo, por mais que sob perspectiva diferente. Por fim, Guilherme Santana, ressaltou que agarrar a oportunidade e ter o olhar crítico no momento certo o ajudou a trilhar sua carreira. Também explicou sua paixão pelo jornalismo literário fez crescer o desejo de contar histórias das pessoas comuns, conseguindo na fotografia realizar isso.

Na rodada de perguntas, o público perguntou sobre como era para elas ser mulher numa carreira composta majoritariamente por homens. As fotógrafas contaram que nas grandes redações, com expressivos elencos de fotojornalistas, mulheres ocupam pouquíssimas vagas. Assim como por terem pouco espaço, encontram entraves no reconhecimento em premiações. Além do preconceito na delegação de funções: homens são enviados para cobrir manifestações e mulheres para fazer cobrir culinária. Mesmo assim, elas aprenderam a extrair experiência desses trabalhos até caminharem independente dessas redações e registrarem as ruas. Questionaram também os melhores equipamentos para o trabalho em fotojornalismo, e a resposta foi consoante entre todos da mesa: equipamento diverge para o tipo de trabalho que se deseja fazer, mas o mais importante é agarrar o momento certo e sentir que aquilo deve virar fotografia.

Jornalismo em Imagem e Som: Podcast

Com aquele gostinho de um episódio de podcast, quatro vozes conhecidas da podosfera compuseram a segunda mesa do evento, que propunha discutir os caminhos da nova mídia que ainda calcanha espaço no Brasil. Ira Morato, fundadora do podcast Ponto G, foi a mediadora da mesa que parecia mais uma conversa de bar. Compuseram também o papo os podcasters Ken Fujioka, apresentador do Naruhodo, Paulo Carvalho, ator e criador do Caixa de Histórias e Marcela Ponce  que além dos múltiplos jobs é fundadora do Baseado em Fatos Surreais.

O podcast chegou ao país por volta de 2006, composto por produtores unicamente masculinos. Desde então, a mídia cresce pouco a pouco e acolheu uma maior diversidade de gêneros. Como dito na conversa, a podosfera é uma grande comunidade onde seus integrantes se ajudam. Quem apresenta um programa, faz uma pontinha em outro, uma entrevista para um terceiro e assim vai. Sendo assim, foi ressaltado a importância da divulgação falada entre o público. O jargão comum de cada programa, “indique para um amigo”, é um dos maiores responsáveis pela difusão da mídia.

Por mais que sejam fundadores de seus programas, ainda é muito difícil conseguir retorno financeiro suficiente para viver de podcast. Os quatro podcasters comentaram a diversidade de trabalhos que fazem simultâneos à gravação do programa, e como lidam com a agenda muito cheia. “Eu comecei o projeto em abril, maio do ano passado, fiquei sem meses, até o final do ano sem publicar nada, tentando arrumar agenda mesmo para gravar. No começo eu gravava muitos só com o celular, mas precisava de pessoas com histórias”, comenta Marcela Ponce, fundadora do recém nascido Baseado em Fatos Surreais. Ken Fujioka nos contou que sua sala de estar é seu estúdio de gravação, espaço da casa e ateliê da esposa. Todos na mesa trabalham com o que Ira Morato chamou de “apadrinhamento”, que consiste em apoio financeiro dos ouvintes para financiar o podcast.

A plateia perguntou sobre o que é mais importante num podcast “qualidade de conteúdo ou qualidade técnica?”. A resposta foi unânime: qualidade de conteúdo conta muito mais que técnica. “Meus primeiros programas eram gravados com o celular na mesa de casa e foi por muito tempo assim“, diz o apresentador de Naruhodo. O podcast conquistou espaço na gigante família B9 e hoje tem mais de 100 episódios publicados. De fato, um conteúdo atraente consegue fidelizar o público e atrair mais ouvintes. Foi falado também sobre os processos de pré e pós produção de um episódio. Ira conta que para o Ponto G é essencial a pauta criada pelas roteiristas para que o programa flua. “Eu e outras apresentadoras falamos, mas toda a pesquisa delas (as roteiristas) e o caminho do roteiro são essenciais para que saibamos o que falar”, conta. Outros da mesa comentaram o quão essencial é a decupagem das horas gravadas e a lapidação com efeitos sonoros e músicas que dão o tom desejado para o episódio.

E para finalizar o episódio ao vivo que foi a mesa de debate, os podcasters fizeram um “jabá” dos seus programas e convidaram todos do auditório a mergulharem no universo da podosfera.

Jornalismo em Imagem e Som: Documentários

A terceira mesa teve como tema os documentários. Ela contou com a presença do documentarista e professor Renato Levi, a cineasta Lygia Barbosa, o jornalista e documentarista Tarso Araújo, a produtora, diretora e roteirista Joana Mariani e a diretora e roteirista Tati Toffoli. A discussão pautou logo de início um pequeno histórico do audiovisual, e uma análise de seu cenário atual. ”Uma área que não está em crise é o audiovisual” afirmou Renato. Em seguida, cada participante fez um pequeno relato de sua trajetória profissional.

        Logo depois, o debate se encaminhou para a proximidade entre documentário e jornalismo. Para Tarso, este traz uma visão de contexto e relevância para aquele. Lygia contou toda sua experiência na produção no filme ”Laerte-se”, sobre a cartunista Laerte, lançado pela Netflix em todo o mundo. De acordo com ela, diversas pessoas vieram agradecer pelo longa, devido à importância do tema que retrata.

        Em um dos questionamentos da platéia colocou-se em pauta os webdocumentários, plataforma que cresce no exterior. Os palestrantes entraram em consenso que, no Brasil, eles são quase inexistentes. A última pergunta falava sobre o alto custo da produção audiovisual no país, que pode acabar elitizando o meio. Para Tarso, a produção em si não é cara, principalmente falando-se de documentários, mas sim a distribuição. Ainda foi colocado por todos que novos meios de financiamento existem e estão surgindo, como por exemplo ONGs, fundações e Lei do Audiovisual, por exemplo.

Jornalismo em Imagem e Som: Reportagem Visual

        A última mesa do evento foi sobre Reportagem Visual. Para isso, contou com a presença do fotógrafo e professor na PUC-SP Cristiano Burmester, da designer Mayra Fernandes da Mundo Estranho, a ilustradora e infografista Erika Onodera e do jornalista e designer Rodolfo Almeida do NEXO. Foi colocado logo de início que o meio visual no jornalismo permite a combinação de várias ferramentas como fotos, desenhos, gráficos e etc. Seguindo o padrão, todos os palestrantes contaram suas histórias profissionais e apresentaram alguns de seus trabalhos. Em seguida, eles explicaram alguns conceitos do meio como os infográficos, que nada mais são do que passar informações utilizando do meio visual.

        O debate encaminhou-se para as produções online. Rodolfo contou que no NEXO, um veículo totalmente digital, tudo já é feito pensando-se nos mobiles o que, no entanto, limita um pouco a produção. A plateia questionou depois como os palestrantes adquiriram os conhecimentos e habilidades para o exercício de seus cargos. ”Eu desenho super mal” confessou Mayra, assim como Rodolfo. Para Cristiane o tempo na revista Época foi essencial para esse aprendizado. Apesar de um consenso, em relação ao ”aprender na prática”, foi acrescentado ainda, que cursos podem ajudar a mexer nas ferramentas essenciais como o Photoshop e o InDesign.

        A última pergunta foi sobre o tempo de produção médio dos palestrantes e seus prazos. ”No NEXO a produção é de três por semana” disse o designer. Já Mayra comentou que os prazos são maiores para ela: ”Em torno de dez dias”. Cristiane, que agora trabalha como autônoma, conta que os seus variam muito:”depende de quem fez o pedido” referindo-se às revistas semanais ou mensais. Por fim, Rodolfo deixa uma dica: ”Fazer as coisas fáceis para ter tempo de fazer as mais difíceis”. Assim, para ele, cumprindo  os prazos diários, tem-se tempo para os projetos mais demorados.

Por Larissa Santos | André Romani 
larissasantos.c@usp.br | andreromani@usp.br

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