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Da superação pelo riso: a hilária e competente Rachel Bloom

Ansiedade, obsessão amorosa, autossabotagem e depressão. Problemas psicológicos e sociais sendo cantados da maneira mais absurda e cômica possível. É isso que Rachel Bloom faz na série Crazy Ex-Girlfriend (The CW, 2015-presente), da qual é atriz, produtora e compositora. Rebecca Bunch, a personagem de Rachel, é inspirada na própria vida da atriz, que já viveu …

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Ansiedade, obsessão amorosa, autossabotagem e depressão. Problemas psicológicos e sociais sendo cantados da maneira mais absurda e cômica possível. É isso que Rachel Bloom faz na série Crazy Ex-Girlfriend (The CW, 2015-presente), da qual é atriz, produtora e compositora. Rebecca Bunch, a personagem de Rachel, é inspirada na própria vida da atriz, que já viveu uma depressão e luta diariamente contra a ansiedade.

 

Trajetória

A astrologia a determina como ariana: nasceu em 3 de abril de 1987, em Los Angeles. Com família judia, uma mãe música e um pai advogado, a menina, apaixonada por teatro, graduou-se na New York University Tisch School of the Arts e tinha o sonho de se apresentar nos palcos da Broadway. A vida, no entanto, levou Rachel a outro caminho.

Em 2010, escreveu, gravou e postou um vídeo no Youtube da música Fuck Me, Ray Bradbury, uma ode ao autor de ficção norte-americano que escreveu Farenheit 451. O clipe teve muita repercussão na internet e foi seguido por outros vídeos bizarros, mas engraçados e bem produzidos, em seu canal RachelDoesStuff (Rachel faz coisas). Um exemplo é a música I Steal Pets, na qual ela diz roubar os cachorrinhos das pessoas populares da escola e vesti-los como elas. Outro é Pictures of Your Dick, que dispensa explicações:

Nesse meio tempo, Rachel também trabalhou na equipe de redação de Seth Meyers no programa Saturday Night Live. Foi então que, em 2015, Aline Brosh McKenna (roteirista de O Diabo Veste Prada) convidou-a para um piloto de Crazy Ex-Girlfriend. Apesar de ter sido recusado pelas emissoras tradicionais norte-americanas, o episódio foi aceito pela The CW, que desde então tem sido fiel às ideias de Rachel e Aline.

 

Crazy Ex-Girlfriend, das músicas mais particulares aos quistos da sociedade

A premissa da série possui tom semelhante aos vídeos antigos de Bloom: uma mulher bem sucedida em Nova York que decide largar tudo e ir à West Covina, Califórnia, cidade de seu ex-namorado nunca superado, para tentar reconquistá-lo. A personagem, Rebecca, vive inúmeros episódios em que revela sua doentia obsessão pelo ex, com a qual estranhamente nos identificamos. Seja pela sinceridade na atuação ou pelo fato de Rebecca pôr em prática os planos mais absurdos de qualquer pessoa apaixonada, a série conquista. A genialidade no humor continua presente nas músicas, agora mais refinadas e com melhores cenários. Além disso, os gêneros mostram-se diversos, do típico estilo musical até hip hop, passando por pop e bossa nova.

O papel de Rebecca, sincero e certeiro, garantiu à Rachel um Globo de Ouro em 2016, prêmio que foi responsável pela renovação para a segunda temporada. Hoje, prestes a lançar a quarta e última, a série musical conquista cada vez mais telespectadores.

Há, ainda, constante debate sobre problemas sociais à medida que a ironia toma o lugar do moralismo típico ao se tratar desses assuntos. Por isso, Crazy Ex-Girlfriend revela-se atual e consciente, como felizmente tem se visto em outras séries com protagonismo feminino, como Killing Eve, Unbreakable Kimmy Schmidt e The Good Place. Numas mais explicitamente que noutras, importantes pautas sobre direitos humanos consolidam-se na televisão e provocam ainda mais motivação para o espectador continuar assistindo.

https://www.youtube.com/watch?v=Lu3FE7BswYI&t=10s

 

Outros assuntos tratados veementemente no programa, sobretudo na terceira temporada, foram transtornos psicológicos como ansiedade, depressão e borderline. A atriz, nesse aspecto, demonstrou-se corajosa por ter sido vítima de depressão nos últimos anos e ter colocado suas dificuldades no roteiro. Em entrevistas, Bloom conta que passou noites sem dormir nas gravações da primeira temporada, além de ter sofrido muito com o fato de se cobrar o tempo todo para realizar o melhor trabalho.

A mulher, assim, funciona como o espelho de uma geração exausta de suas inseguranças e bloqueios que impedem de prosperar enquanto profissionais. No final do dia, é possível notar que Rachel está no lugar certo. Com arte, consciência social e entrega pessoal, Crazy Ex-Girlfriend é um manifesto a uma geração (principalmente feminina) obcecada e louca, a que resta rir de si mesma.

Rachel Bloom pode representar muita coisa: mulher, millennial, qualquer pessoa apaixonada… Entretanto, é mais do que tudo isso, porque é capaz de inspirar, de lembrar ao público de que cada indivíduo importa, de que cada pessoa tem chance de superar uma depressão ou seus problemas pessoais, de que é possível ser feliz no trabalho, no amor, na vida ainda que para isso sejam precisas muitas risadas e músicas para nos acalentar.

Por Raul Garcia
raulgarcia@usp.br

 

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