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Exposição traz o surrealismo mexicano através de Frida Kahlo e demais mulheres

A partir dos anos 1980, uma complexa rede surrealista de personagens mulheres formou-se no México: partindo de um ponto anterior, quando eram apenas figurantes de seus maridos no mundo das artes, tornaram-se protagonistas de uma trama que tinha Frida Kahlo como ponto de destaque e intersecção. Para apresentar aos brasileiros uma mostra do que tais …

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A partir dos anos 1980, uma complexa rede surrealista de personagens mulheres formou-se no México: partindo de um ponto anterior, quando eram apenas figurantes de seus maridos no mundo das artes, tornaram-se protagonistas de uma trama que tinha Frida Kahlo como ponto de destaque e intersecção. Para apresentar aos brasileiros uma mostra do que tais artistas produziram, o Instituto Tomie Ohtake exibe a seus visitantes a exposição “Frida Kahlo: Conexões entre mulheres surrealistas no México”, repleta de obras inquietantes e que expõem a força da mulher presente no Surrealismo do país Latino-americano.

Com curadoria da historiadora de arte mexicana Teresa Arcq, a exposição conta com cerca de 100 obras de 15 artistas. Estas obras estão distribuídas em 11 núcleos que abordam, cada um, um tema constante das produções surrealistas. De todo este conjunto, destacam-se as 35 diversas obras de Frida Kahlo, que narrativizam sua própria história e seus sentimentos mais intrínsecos. Este é o maior conjunto de criações suas já exposto no Brasil – algo ainda mais relevante se levarmos em consideração o fato de Frida só ter pintado 143 telas durante toda sua vida.

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Entre as 20 pinturas de Frida Kahlo expostas, seis são autorretratos. Foto: Bruna Martins

Segundo Julia Lima, pesquisadora do núcleo de curadoria do Instituto Tomie Ohtake, esta exposição demorou cerca de dois anos para ser concluída, em meio a pesquisas e negociações com colecionadores, por exemplo. Mas todo o trabalho valeu a pena: hoje, a exposição provoca em seu público a reflexão sobre diversos temas que tangenciam a mulher e sua luta histórica por igualdade e liberdade na arte e na sociedade em geral, a partir da perspectiva surrealista. “A intensidade com que estas artistas se expressam tanto no âmbito artístico, quanto no político, estão presentes em toda exposição e tende a repercutir também nos visitantes”, afirma Julia.

O surrealismo como campo de criação

Através de pinturas, fotografias, esculturas, entre outras peças, a exposição traz diversos elementos que foram profundamente trabalhados pelas artistas – mexicanas e também, algumas, estrangeiras que se juntaram às primeiras por meio de um fluxo de criação comum – como a magia, a fantasia, a multiplicidade cultural de seu país e mesmo o próprio corpo feminino, sendo este encenado, muitas vezes, a partir da autorrepresentação.

Sigmund Freud, criador da psicanálise, também foi grande fonte de inspiração ao movimento surrealista – nascido na França durante a década de 1920, mas que ganhou grande força no México. Obras que trazem referências à interpretação dos sonhos ou à morte foram criadas seguindo esta linha de influência, a qual busca expressar através de técnicas diversas o funcionamento do inconsciente humano.

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Mulher saindo do psicanalista (1960, Remedios Varo). Foto: Bruna Martins.

Mulheres e sua arte em foco

Nascida no ano de 1907, em Coyoacán, no México, Frida Kahlo é com certeza uma das artistas de maior reconhecimento do país. Desde cedo se interessou pela cultura de seu povo, o que influenciou muito na concepção de suas obras mais tarde – afinal, Frida demorou certo tempo a se interessar por produzir arte. Teve uma vida muito conturbada e repleta de acontecimentos tempestuosos ou mesmo trágicos, como ter ficado com um dos pés atrofiado aos 6 anos devido a uma poliomielite, o acidente de ônibus que sofreu com o então noivo Alejandro Arias (que logo depois a abandonou) aos 18 anos e que lhe causou complicações para o resto da vida, e a perna que lhe foi amputada cerca de 30 anos mais tarde. Além de tudo isso, Frida conviveu durante muitos anos com a infidelidade de seu marido Diego Rivera e com a impossibilidade de ter filhos, que a levou a sofrer três abortos. De maneira notável, todos estes fatos influenciaram suas obras que trazem traços fortes e que instigam denúncia, seja à si mesma, ao marido Diego ou à sociedade.

Mas, além de Frida, outras artistas de enorme importância também têm seus quadros como parte desta exposição, como Maria Izquierdo, Remedios Varo e Rosa Rolanda. Todas elas seguiam em suas carreiras outras caminhos além do da pintura ou do artesanato, expressando sua criatividade e seu talento através da música, da moda e do teatro, por exemplo. De alguma maneira, todas ajudaram no crescimento profissional umas das outras, visto o compartilhamento de ideias e técnicas existente entre elas no universo surrealista.

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Trajes compostos expostos e que fazem parte da coleção Collection of Comisión Nacional para el Desarrollo de los Pueblos Indígenas. Foto: Bruna Martins.

Através desta variada mostra, é possível que os visitantes conheçam muito melhor a significante produção de Frida Kahlo atrelada à das demais artistas adeptas ao surrealismo que criaram impacto no cenário mexicano. E ainda dá tempo de conferir a exposição: ela ficará aberta até o dia 10 de janeiro de 2016, e pode ser visitada de terça a domingo, das 11h às 20h. O ingresso custa R$ 10,00 (a inteira), e pode ser comprado online, pelo ingresse.com, ou pessoalmente na bilheteria do Instituto Tomie Ohtake, que fica na Avenida Brigadeiro Faria Lima, 201 (entrada pela Rua Coropés, 88), em Pinheiros, São Paulo. Às terças-feiras, a exposição pode ser conferida gratuitamente.

 

Por Bruna Martins

bcmartins26@gmail.com

1 comentário em “Exposição traz o surrealismo mexicano através de Frida Kahlo e demais mulheres”

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