Selfie é uma foto que alguém tira de si mesmo. O termo já é usado na internet há pelo menos uma década, mas se espalhou nos últimos dois anos, sendo escolhido pelo Oxford Dictionary como palavra do ano em 2013. Sua popularidade pode ser atribuída ao fato de que, com smartphones dotados de câmeras frontais, tornou-se fácil tirar fotos de si mesmo e publicá-las em redes sociais instantaneamente. Quase todas as pessoas tiram ou já tiraram selfies – não só jovens, mas também adultos, idosos, Barack Obama e celebridades na cerimônia do Oscar.
Existem selfies de diversos tipos, e nem sempre a intenção é parecer bonito. Selfies podem ser engraçadas, criativas ou bizarras. O blog Selfies at Funerals, por exemplo, reúne selfies tiradas em funerais. Em fevereiro, enquanto aconteciam as Olímpiadas de Inverno de Sochi, pessoas de vários lugares do mundo participaram da chamada Selfie Olympics no twitter, tentando tirar a selfie mais criativa possível.
Atividades como essas são novas, mas a selfie não. Há quem considere que o primeiro retrato tirado foi uma selfie – Robert Cornelius, um pioneiro em fotografia americano, tirou uma foto de si mesmo em 1839. Como o processo era lento, ele teve tempo de tirar a tampa da lente, sentar por um minuto em frente a câmera e tampar a lente de novo. Mesmo fotos no espelho já são encontradas no início do século XX. Isso sem contar com os autorretratos pintados ou desenhados, existentes desde os tempos mais remotos.
Hoje em dia, a selfie é o jeito mais prático de se obter uma foto de si, pois se torna dispensável a ajuda externa e é possível controlar o ângulo em que a foto é tirada, a quantidade de fotos, quais ficam e quais são deletadas. E ter uma foto de si mesmo pode ter várias utilidades: se identificar no perfil de uma rede social, provar que esteve em algum lugar, se conectar com amigos e familiares distantes ou simplesmente se sentir bem consigo mesmo.
A prática das selfies é muitas vezes criticada, geralmente por adultos que vinculam a ela ideias de narcisismo e futilidade, supostamente características da geração mais jovem. De fato, postar uma foto de si mesmo no Facebook é uma forma de chamar atenção, mas isso não se limita a fotografias. Recebemos atenção quando publicamos um texto ou contamos uma piada, e não há nada de errado nisso. Pode-se argumentar que as fotos são fúteis porque o valor é colocado na aparência, mas, num mundo em que todos são julgados constantemente por padrões estéticos (principalmente meninas jovens, que são as mais criticadas por postarem selfies demais) muitas pessoas acham algum conforto em poder controlar como elas são vistas.
Dias antes de dar uma entrevista à Rolling Stone defendendo as selfies, Ezra Koenig, vocalista da banda Vampire Weekend, escreveu em seu twitter: “A ascensão da selfie diz exatamente uma coisa sobre a sociedade moderna: as pessoas têm mais câmeras”. E é verdade. O fato de que há milhões de fotos sendo postadas na internet todos os dias não significa que as pessoas de hoje são mais narcisistas, mas sim que foram criadas as condições necessárias para isso acontecer. Afinal, se há algo intrinsecamente vaidoso em tirar uma foto de si mesmo, o que dizer de Van Gogh ou Frida Kahlo, que dedicavam grande parte de seus tempos para pintar seus próprios rostos? Certamente são atividades diferentes, mas se uma pessoa tira uma selfie e se sente bem o suficiente consigo mesma para compartilhá-la com o mundo, não há motivos para impedi-la.
Por Luiza Magalhães
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