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O Ladrão do Tempo – boa premissa, mau desenvolvimento

Matthieu Zéla, um executivo de televisão de uma emissora londrina, é, aparentemente, um homem comum de meia-idade. Porém, sua aparência não revela seu verdadeiro tempo de vida: o ano é 1999, e ele nasceu em 1743, em Paris. Com 256 anos, Matthieu parou de envelhecer no final do século XVIII e, nesses mais de duzentos …

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Matthieu Zéla, um executivo de televisão de uma emissora londrina, é, aparentemente, um homem comum de meia-idade. Porém, sua aparência não revela seu verdadeiro tempo de vida: o ano é 1999, e ele nasceu em 1743, em Paris. Com 256 anos, Matthieu parou de envelhecer no final do século XVIII e, nesses mais de duzentos anos, ele se apaixonou por diversas mulheres e vivenciou grandes eventos que marcaram a História nesses seus quase três séculos de vida. Essa é a sinopse de O Ladrão do Tempo, livro de estreia de John Boyne (autor de O Menino do Pijama Listrado e outras obras de sucesso), o qual, apesar de ter uma ótima premissa, não cumpre totalmente com o que se propõe.

Narrado em primeira pessoa, o romance é intercalado por capítulos que se passam no ano “atual” (1999) e outros em que o protagonista narra suas aventuras durante os longos anos de sua vida. A primeira aventura vivenciada pelo personagem acontece em 1758, quando este, mesmo ainda jovem, decide abandonar Paris após presenciar o assassinato de sua mãe pelas mãos do padrasto. Levando consigo seu meio-irmão mais novo, Tomas, ele toma um barco com destino à cidade de Dover, e é nesse mesmo barco onde conhece seu primeiro (e talvez o mais verdadeiro) amor: uma jovem chamada Dominique Sauvet, a qual se une aos dois para começar uma nova vida na Inglaterra.

A relação entre Matthieu e Dominique é um dos pontos mais fortes da narrativa, pois, além de ser uma relação conturbada, a história dos dois é contada de forma a nos criar expectativas sobre como ela acabaria, já que sabemos desde o começo que seria de forma trágica. Além disso, o livro também aborda a relação entre o protagonista e as várias gerações de sobrinhos descendentes de seu meio-irmão Tomas, pelos quais Matthieu se sente responsável e impelido a proteger, já que todos estranhamente parecem seguir o mesmo destino: nascem, se reproduzem, e morrem de alguma forma não natural. Aliás, lidar com a morte é o maior desafio que o protagonista tem que enfrentar, já que ele está destinado a ver as pessoas ao seu redor partirem enquanto continua a não envelhecer. Porém, falta no romance um maior aprofundamento na subjetividade do personagem, principalmente no que diz respeito à morte, sendo que, ao longo da narrativa, apenas vemos Matthieu tendo que lidar com a perda de várias pessoas que fizeram parte de sua vida, mas pouco sabemos sobre como o personagem se sente em relação a tudo isso.

Outro ponto mal explorado na narrativa são os eventos históricos que o protagonista vivencia durante sua longa existência. De fato, ele passa por diversos momentos que marcaram o mundo entre os séculos XVIII e XX, como a unificação da Itália, a Revolução Francesa, a Hollywood dos anos 1920 e a quebra da Bolsa de Nova York. Porém, todos esses cenários são mal aproveitados à medida que o autor foca em situações pouco empolgantes em detrimento de acontecimentos que melhor se relacionariam com cada momento histórico, além de apresentar diversos personagens secundários pouco carismáticos e que, em sua maioria, pouco acrescentam ao romance.

O Ladrão do Tempo apresenta uma narrativa pouco empolgante e que decepciona aqueles que esperavam uma história de tirar o fôlego, tendo apenas alguns momentos isolados que empolgam e prendem o leitor, podendo ser tidos como os únicos pontos positivos de um livro que muito promete e pouco entrega.

Por Diego Andrade
diego13.andrade@gmail.com

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