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Sergio Y. vai à América: um livro fofo

Só fui perceber o quão acertado era o tom de “Sergio Y. vai à América” quando tentei resumir sua trama numa linha única de pensamento a uma amiga. “Parece ser um livro bem alternativo, né? Muito louco”, ela comentou. É e não é. Vejamos porquê. “Sergio Y…”, segundo romance do diplomata paulistano Alexandre Vidal Porto, …

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Só fui perceber o quão acertado era o tom de “Sergio Y. vai à América” quando tentei resumir sua trama numa linha única de pensamento a uma amiga. “Parece ser um livro bem alternativo, né? Muito louco”, ela comentou. É e não é. Vejamos porquê.

“Sergio Y…”, segundo romance do diplomata paulistano Alexandre Vidal Porto, narra o processo pelo qual Armando, um psiquiatra de elite, remonta a passagem de um dos seus pacientes, o tal Sergio do título, por seu consultório. À época de sua terapia, Sergio é um adolescente inteligente e melancólico, que decide procurar ajuda por conta própria. Diz que quer ser feliz. Não é um caso particularmente dramático.

Após algumas semanas de consulta, interrompe as sessões para viajar com a família a Nova York nas férias. Lá, tem uma epifania, decide o que quer da vida e abandona a terapia. Anos depois, somos informados que ele foi assassinado aos 23 anos por sua vizinha — ela o jogou do prédio onde moravam. Além disso, havia se mudado para Nova York, estudado gastronomia e acabado de inaugurar um restaurante de altíssimo potencial. Além disso, havia se descoberto transexual e mudado seu nome para Sandra.

É um bocado de informação, o que colabora fortemente para a impressão de que o romance seja “muito louco”. Mas, francamente, a trama em si talvez seja o elemento de menor importância na conjuntura final.

O tema central da obra é a felicidade — o que ela é e a trajetória que as pessoas percorrem para atingi-la, o velho conflito entre ser e querer ser. Por ser um tema tão universal, a narrativa razoavelmente incomum não se sobrepõe a todo o resto; tampouco descamba para uma dissecação sociológica da identidade da protagonista ausente. Ela mais serve como um dos múltiplos retratos dessa questão. Isso é ótimo.

A prosa, uma mistura das lembranças de Armando com monólogos de algumas personagens centrais, com e-mails e cartas, é bastante imersiva, pacata, e — por que não? — fofa. Armando é um narrador obstinado e pacato. Aborda os assuntos com o máximo de clareza possível, mas sem comprometer a indispensável subjetividade. Escreve com sobriedade e carinho, que permeiam o tom familiar do livro. Seu processo de assimilação é um testemunho valioso de um exercício de alteridade e vale muito a leitura.

Por Laura Castanho
laura.castanho.c@gmail.com

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