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Apesar de tradicional, Suécia vai em busca de seu título inédito na Copa

Com uma grande tradição dentro do futebol feminino, título mais importante do esporte ainda faz falta ao time sueco

A seleção feminina da Suécia é, hoje, a terceira colocada no ranking mundial de seleções femininas da FIFA, atrás apenas da Alemanha e dos atuais bicampeões consecutivos da Copa do Mundo, os Estados Unidos – líder do ranking.

Apesar de nunca terem conquistado uma Copa do Mundo, a Blågult conta com uma grande tradição: são quatro pódios em oito edições de Copas, sendo um vice-campeonato em 2003. Além disso, é a primeira campeã europeia da história, com a conquista da Eurocopa de 1984, além de ter chegado longe em outras várias edições. Agora, na Copa do Mundo de 2023, busca chegar longe em mais uma competição, atrás do título inédito na competição.

Início da prática do futebol feminino no país

Por volta de 1920, foram formados vários times de futebol feminino na Suécia, que jogavam contra times masculinos mais velhos, com a receita de audiência direcionada para causas beneficentes e para a organização de associações esportivas. Houve tentativas de se criar um futebol feminino mais sério e regularizado, mas os especialistas em futebol masculino condenaram fortemente essa ideia.

O futebol feminino continuou com partidas esporádicas, sem regularidade e ligas, por muitos anos. Foi somente em 1950 que ocorreu o primeiro campeonato de futebol feminino na Suécia e só na década de 1960 que isso aconteceu em maior número – principalmente em torneios universitários -, o que impulsionou a modalidade entre as mulheres. Houve um crescimento muito rápido no esporte, já que em 1970, apenas 728 jogadoras de futebol feminino eram licenciadas, enquanto, em 1980, o número já era de 26 mil. Foi nessa época que o futebol feminino passou a ter apoio da Federação Sueca de Futebol e de parte da mídia.

Em 1973, ocorreu a primeira partida oficial da seleção feminina da Suécia, em um empate sem gols contra a Finlândia. Nos anos seguintes, mais partidas oficiais envolvendo a Suécia e outros países nórdicos (Finlândia, Dinamarca e Noruega) aconteceram, e, posteriormente, a seleção sueca também começou a jogar contra outros países europeus.

Histórico da Seleção

A Suécia foi uma das quatro seleções que participaram da primeira Eurocopa Feminina da história, em 1984, junto com Inglaterra, Itália e Dinamarca. Com início já na semifinal, eliminou a seleção italiana com duas vitórias nos jogos de ida e volta. Na grande final, enfrentou a Inglaterra e ganhou por 1 a 0 no jogo de ida, mas na volta perdeu pelo mesmo placar. Nos pênaltis, a Suécia levou a melhor e ganhou por 4 a 3, vencendo o primeiro título de Euro da história. Pia Sundhage, ex-atacante sueca e hoje treinadora da seleção brasileira, foi a artilheira com três gols marcados entre os seis da Suécia, melhor ataque do torneio.

Na edição seguinte, em 1987, chegou na final novamente após eliminar a Inglaterra na prorrogação por 3 a 2. Nela, enfrentou o país-sede, a Noruega, e perdeu por 2 a 1. Em 1989, começou nas quartas para eliminar a Dinamarca em dois jogos, com um placar agregado de 6 a 2, mas voltou a perder de 2 a 1 para a Noruega logo na semifinal. Apesar da eliminação, venceu a Itália na disputa para o terceiro lugar e teve o melhor ataque da competição, com nove gols – quatro deles foram de Lena Videkull, atacante sueca e uma das três artilheiras da Euro.

Em 1991, a Suécia decepcionou ao ser eliminada ainda na primeira fase da Euro para a Itália, assim como em 1993, mas nessa para a Dinamarca. Apesar desse momento ruim na Euro, participou da primeira Copa do Mundo Feminina da história, em 1991, e fez uma campanha muito boa: na primeira fase, passou em segundo lugar do seu grupo, atrás apenas do futuro campeão Estados Unidos. Nas quartas, eliminou a China, país-sede do torneio, com um gol de Pia no início de jogo para definir o placar final de 1 a 0. Só foi perder na semifinal, com um 4 a 1 para a Noruega. Na disputa para o terceiro lugar, goleou a Alemanha por 4 a 0, entrando para o pódio da primeira Copa do Mundo da história.

Na Copa do Mundo seguinte, em 1995, a Suécia decepcionou mesmo jogando em casa. Passou em segundo lugar do seu grupo, atrás da Alemanha, e foi eliminada logo nas quartas de final para a China – depois de um empate da Suécia no acréscimo do segundo tempo, os times mantiveram o placar de 1 a 1 na prorrogação e, nos pênaltis, a Suécia perdeu por 4 a 3 e foi eliminada. No mesmo ano, jogou a Euro, mas nela teve uma boa campanha: após perder de 2 a 0 para a Dinamarca, fez 3 a 0 para se classificar à semifinal. Nela, venceu a Noruega por 7 a 5 no agregado e chegou a mais uma final. Porém, perdeu para a Alemanha por 3 a 2. Em 1997, sediou a Euro junto com a Noruega, mas não conseguiu ter destaque no torneio, já que mesmo tendo vencido os três jogos na fase de grupos, foi eliminada pela Alemanha, por 1 a 0, logo na primeira fase de mata-mata.

Em 1999, houve mais uma edição de Copa do Mundo, mas após passar em segundo lugar do seu grupo, perdeu por 3 a 1 para a Noruega logo nas quartas de final. Dois anos depois, na Euro de 2001, a Suécia mostrou mais uma vez sua força no Velho Continente. Apesar de ter passado em segundo no grupo, atrás da Alemanha, venceu a Dinamarca na semifinal para chegar em mais uma final europeia. Repetindo o confronto da fase de grupos entre Suécia e Alemanha, em que a seleção alemã venceu por 3 a 1, os dois times se enfrentaram novamente em um jogo muito mais difícil e que só foi decidido na prorrogação, mas com o mesmo resultado: vitória da Alemanha, agora por 1 a 0.

A Copa do Mundo de 2003, em relação ao resultado, foi a melhor edição da seleção sueca: mesmo passando em segundo no grupo, atrás dos Estados Unidos, enfrentou um forte Brasil nas quartas (na última Copa, a seleção brasileira tinha ficado no pódio, com o terceiro lugar) e o eliminou, vencendo o jogo por 2 a 1. Ao tirar um dos favoritos da edição, a seleção sueca enfrentou o Canadá, na semifinal, e também venceu por 2 a 1, após uma emocionante virada. Na grande final, enfrentou a sua carrasca histórico, a Alemanha. E, mais uma vez, na prorrogação, a Suécia perdeu o jogo e foi vice-campeã para a equipe alemã, que venceu por 2 a 1. Apesar da derrota, o vice-campeonato superou a melhor classificação da Suécia em uma Copa – um terceiro lugar, em 1991.

Em 2004, foi a primeira vez em que a Suécia teve um certo destaque nas Olimpíadas, já que nas duas primeiras edições (1996 e 2000) a seleção não chegou a passar da fase de grupos. Dessa vez, não só passou da fase de grupos como também venceu seu primeiro confronto de mata-mata, batendo a Austrália por 2 a 1 nas quartas. Na semifinal, a seleção sueca perdeu por 1 a 0 para o Brasil e, na disputa pelo terceiro lugar, perdeu pelo mesmo placar para a Alemanha, ficando com a quarta colocação do torneio.

Na Euro de 2005, a Suécia se classificou em primeiro lugar no seu grupo, mas caiu logo em seguida, na semifinal, contra a Noruega. Apesar de dois gols de Hanna Ljungberg, o time norueguês venceu por 3 a 2, na prorrogação. Na Copa do Mundo seguinte, em 2007, a Suécia decepcionou, já que não passou nem da fase de grupos. Nas Olimpíadas de 2008, também não demorou muito para a eliminação da seleção sueca, já que, após se classificar em segundo lugar do seu grupo, perdeu por 2 a 0, na prorrogação, para a campeã europeia, Alemanha. No ano de 2009, em mais uma Eurocopa, a Suécia foi eliminada nas quartas, logo após passar em primeiro na fase de grupos, pela Noruega, que venceu por 3 a 1.

O momento da Blågult não era bom, e as eliminações precoces nos campeonatos anteriores comprovaram isso. O time voltou a ter destaque na Copa do Mundo de 2011, vencendo os Estados Unidos e os outros dois países de seu grupo para ficar com a primeira colocação e avançar para as quartas. Ao enfrentarem a Austrália, as suecas venceram por 3 a 1. Na semifinal, o time perdeu por 3 a 1 para o Japão, mas voltou a vencer na disputa pelo terceiro lugar, batendo a França por 2 a 1. Dessa forma, a Suécia voltou a entrar em um pódio, o que não acontecia desde a Copa de 2003.

Nos jogos olímpicos de 2012, a seleção sueca passou em primeiro lugar do grupo – empatada em pontos com o Japão, superou-o pelo saldo de gols -, mas perdeu por 2 a 1 para a França na fase seguinte, que se vingou do último mundial. Em 2013, a Suécia jogou a Euro como país-sede da competição. Na fase de grupos, duas vitórias e um empate lhe renderam o primeiro lugar entre as quatro equipes. Nas quartas, uma goleada por 4 a 0 contra a Islândia ajudou a empolgar a torcida. Mas o sonho do título em casa se encerrou na semifinal, já que a sua maior carrasca, a Alemanha, venceu o jogo por 1 a 0. Apesar da derrota, o time sueco fez um excelente campeonato, terminando como o melhor ataque, com 13 gols. Os destaques foram Lotta Schelin e Nilla Fischer – artilheira e vice-artilheira do torneio, respectivamente, com cinco e três gols. 

Na Copa do Mundo de 2015, a Blågult passou sufoco para se classificar, após empatar os três jogos da fase de grupos. Atrás de Estados Unidos e Austrália, garantiu a sua presença na próxima fase como uma das melhores terceiras colocadas do torneio. Apesar disso, perdeu logo nas oitavas, por 4 a 1 para a Alemanha. 

Em 2016, viveu o mesmo drama para se classificar às quartas dos jogos olímpicos no Brasil, já que, atrás de Brasil e China, passou novamente como uma das melhores terceiras colocadas. Mesmo com essa dificuldade, eliminou o grande favorito do campeonato: os Estados Unidos, campeões das Olimpíadas nas três edições anteriores (2004, 2008 e 2012). Após um empate em 1 a 1, a Suécia venceu a histórica seleção americana nos pênaltis, por 4 a 3. Na semifinal, ganhou do Brasil, time da casa, também por 4 a 3 nas penalidades, depois de um empate sem gols entre as duas seleções. Na final, mais uma derrota contra o time alemão, por 2 a 1, fez a seleção sueca ficar com o vice-campeonato.

No ano seguinte, em 2017, a Suécia ficou atrás da Alemanha em seu grupo da Eurocopa, e se classificou em segundo lugar, mas perdeu logo nas quartas, por 2 a 0, para a Holanda, país-sede do torneio. Em 2019, na Copa do Mundo, também passou em segundo lugar de seu grupo, ficando atrás dos Estados Unidos. Ao vencer o Canadá, nas oitavas, por 1 a 0, o time avançou às quartas para enfrentar a Alemanha. Apesar do péssimo histórico, a seleção sueca conseguiu vencer a alemã por 2 a 1 – a última vez que isso aconteceu, em um mata-mata de uma grande competição, foi em 1991, na Copa do Mundo. Depois de eliminar a sua maior rival, perdeu novamente para a Holanda, por 1 a 0, na prorrogação.

Nas Olimpíadas de 2020, venceu os três jogos da fase de grupos – incluindo os EUA e a Austrália – para ficar em primeiro, com a melhor campanha do torneio até então. Nas quartas, venceu o Japão por 3 a 1. Na semifinal, voltou a enfrentar a Austrália e venceu novamente, por 1 a 0. Na final, contra o Canadá, a Suécia começou vencendo o jogo, mas após sofrer um empate, em 1 a 1, perdeu nos pênaltis, por 3 a 2, ficando mais uma vez com o vice.

Em 2022, a seleção sueca disputou a Euro e, pelo saldo de gols, passou em primeiro lugar do seu grupo, que também tinha a Holanda. Venceu a Bélgica por 1 a 0 nas quartas, mas sofreu uma goleada da Inglaterra na semifinal, perdendo por 4 a 0.

Pia Sundhage e outros destaques

Pia Sundhage é um dos maiores nomes do futebol feminino sueco. Como jogadora, foi a artilheira – com quatro gols – da primeira Eurocopa realizada, ganhada pela Suécia. Também participou da ótima campanha da seleção sueca na primeira Copa do Mundo, em 1991, em que a Suécia terminou em terceiro lugar. Com a camisa da seleção nórdica, fez 71 gols em 146 jogos. Como treinadora, ganhou a medalha de prata nas Olimpíadas de 2016, além de ter ganhado o prêmio da FIFA de melhor treinadora do mundo em 2012, ano em que começou a treinar a seleção.

Além dela, outros nomes históricos da seleção sueca são Lena Videkull, Hanna Ljungberg e Lotta Schelin. Videkull esteve presente na conquista da Euro, em 1984, e na campanha da Copa do Mundo de 1991 – edição da qual foi a artilheira do time sueco, com cinco gols. Soma 71 gols em 111 jogos com a Suécia.

Ljungberg foi uma das artilheiras do time sueco, com três gols, na sua melhor campanha da história das Copas do Mundo, em 2003, quando ficaram com o vice-campeonato. Além disso, fez 72 gols em 130 jogos com a camisa da Suécia e é a segunda maior artilheira da história da seleção.

E Schelin, a maior artilheira da história da Suécia, com 88 gols em 185 jogos, é a mais recente da lista, já que se aposentou em 2017. Foi artilheira, com cinco gols, da Euro de 2013, em que chegaram na semifinal do torneio, e fez parte da campanha histórica da Blågult nas Olimpíadas de 2016, em que conquistaram a medalha de prata.

Relato de um absurdo recente

Em sua autobiografia recém lançada, a jogadora Nilla Fischer revelou algo assustador. De acordo com a atleta, as jogadoras suecas tiveram que raspar e mostrar as partes íntimas para um médico homem para poderem participar da Copa do Mundo de 2011. A medida absurda tinha como motivo a comprovação do sexo feminino entre as atletas convocadas.

Isso ressuscitou uma prática que aconteceu na década de 1960. Com muitos protestos já naquela época, os testes visuais de “verificação de sexo” foram banidos na mesma década. Os testes visuais foram substituídos por testes cromossômicos, e depois genéticos, até serem extinguidos de forma oficial em 1999.

Expectativas para a Copa do Mundo de 2023

No top-3 do ranking mundial da FIFA, Suécia busca fazer mais uma campanha de peso na competição. Se mantiver a expectativa em que foi ranqueada, seria o seu quinto pódio em toda a história da Copa do Mundo. Além disso, a seleção vem de um terceiro lugar na Copa de 2019 e dois vices nas últimas Olimpíadas de 2016 e 2020. Assim, com um estilo de jogo estabelecido e jogadoras de ponta em todos os setores do campo, o time sueco pode ser considerado como um dos favoritos à Copa, e pode sonhar com o título inédito.

Entre os destaques do time, pode-se citar a dupla de pontas Sofia Jakobsson, destaque da Suécia no último mundial, e Fridolina Rolfo, que vive o melhor momento de sua carreira e foi a estrela da final da última Liga dos Campeões, fazendo o gol do título do Barcelona. Para completar o ataque, Stina Blackstenius é a peça perfeita no sistema de ataque de Peter Gerhardsson, ajudando também na marcação, e substituiu a lendária Lotta Schelin como a atacante mais potente da seleção nórdica.

No meio campo, Filippa Angeldahl é quem comanda a posse de bola da seleção. Além de ser vista como o principal destaque do setor, mesmo com Caroline Seger, ela é a jogadora com mais partidas pela Suécia na história, com mais de 200, sendo convocada para a sua quinta Copa do Mundo. Na defesa, Magdalena Eriksson é o principal nome, tendo sido fundamental nas pratas olímpicas no Rio e em Tóquio e no pódio da Copa do Mundo na França.

*Foto de capa [Imagem: Reprodução/Instagram @swewnt]

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