Por Fernanda Franco (fernanda.francoxavier@usp.br) e Henrique Giacomin (henrique.giacomin@usp.br)
A Bienal Internacional do Livro de São Paulo, maior evento literário da América Latina, começou sua 27ª edição nesta sexta-feira (06) no Distrito Anhembi, zona norte da capital. Com duração de 10 dias, o evento segue até 15 de setembro oferecendo diversas atrações para variados gostos e idades, como palestras, contação de histórias, sessões de autógrafos, podcasts ao vivo e, claro, muitos livros.
Com o tema “Quem lê faz grandes amigos”, a edição deste ano – além de celebrar a literatura – destaca o potencial dos livros em criar conexões entre diferentes pessoas, classes sociais, gerações e culturas. São, ao todo, 227 expositores e cerca de 700 autores em 75 mil metros quadrados. O espaço é 15% maior que o da última edição, no Expo Center Norte, que recebeu 660 mil visitantes e chegou a interromper a venda de ingressos para evitar superlotação no último fim de semana.
A expectativa da Câmara Brasileira do Livro (CBL), organizadora do evento, é que a Bienal de 2024 receba mais de 600 mil visitantes até a data de encerramento. Os ingressos para cada dia custam R$35,00 a inteira e R$17,50 a meia-entrada. A venda online é feita pelo site oficial da Bienal.
27º capítulo: uma experiência nova e única
Além do espaço maior e das novas editoras participantes, como a Drummond Livraria, o programa principal se divide em dez áreas: Arena Cultural, Auditório Ziraldo, BiblioSesc, Cozinhando com Palavras, Espaço Educação, Espaço Infâncias, Espaço Cordel e Repente, Papo de Mercado, Prêmio Jabuti e Salão de Ideias.
O Auditório Ziraldo é um dos cinco espaços oficiais que homenageiam o escritor, cartunista e ícone da literatura infantil brasileira, que morreu em abril aos 91 anos. Com uma vasta obra que encanta crianças e adultos até hoje, esses espaços promovem atividades entre autores e leitores.
Outra novidade é a Arena Podcast Skeelo, em que influenciadores do mercado editorial – os BookTubers e BookTokers – fazem entrevistas com autores enquanto o público acompanha a gravação. Na sexta, a convidada foi a influenciadora Ana Júlia Barros, mais conhecida pelo perfil @anajulivros.
O convidado de honra desta edição da Bienal é a Colômbia, que tem um estande próprio sob o lema “A selva e suas histórias possíveis”. A delegação convidada traz uma comitiva de chefs de cozinha, acadêmicos e 17 autores renomados, além do grupo musical Cimarrón. Em abril, a Bienal do Livro de Bogotá teve o Brasil como homenageado.
Destaques do primeiro dia
O primeiro dia foi marcado pela presença de muitos estudantes por meio das excursões escolares de várias regiões de São Paulo. Apesar do frio, muitas pessoas já aguardavam no local do evento antes mesmo da abertura, às 9h. Ainda assim, não chegou a ser superlotado.
A fila para entrada não foi demorada, exceto para o circular gratuito perto da estação Portuguesa-Tietê, o tempo médio de espera foi de 30 minutos. Uma vez dentro do pavilhão, muitos estandes e atrações chamam a atenção do público. Os descontos variam de editora para editora, chegando até 80%.
Entre os famosos, o ator Murilo Rosa e o cartunista Mauricio de Sousa marcaram breve presença. A Arena Cultural é o espaço em que ocorrem as principais palestras do dia. A Jornalismo Júnior acompanhou as palestras dos influenciadores Gabriel Dearo e Manu Digilio, que conversaram sobre a criação da série de livros As Aventuras de Mike (Outra Palavra, 2019-2023) e até sobre uma possível adaptação para o cinema.
Mônica Sousa, filha do cartunista e empresário Mauricio de Sousa, abordou o seu papel dentro da área comercial na empresa da família e o legado criativo do pai. Mônica, junto da mediadora Renata Sturm, contou um pouco da história do pai como empreendedor, explicando a jornada da Turma da Mônica dos quadrinhos até os mais diferentes e inovadores produtos encontrados no mercado, como a série Mônica Toy (2013).
Ainda na Arena Cultural, as escritoras Cidinha da Silva, Elizandra Souza e o poeta Sérgio Vaz promoveram um bate-papo sobre o cotidiano e a escrita na palestra “Narrativas da vida urbana”. Eles discutiram temas como a decolonialidade na crítica literária, a dificuldade que escritores pretos e periféricos encontram para terem seus livros publicados, bem como destaque no mercado editorial, e a intencionalidade na escrita ao abordar temas da vida cotidiana na metrópole.
Na palestra “A Arte de Narrar Histórias”, no estande da Editora Senac, a palestrante e professora, Elaine Gomes promoveu reflexões de forma divertida e cativante sobre as possibilidades de contar histórias, além das práticas para contar diferentes narrativas e chamar a atenção do público.
[Imagem: Henrique Giacomin/Acervo Pessoal]
A magia está no ar
Pelo pavilhão, pode-se ver famílias, escolas, blogueiros e visitantes atrás de bons livros e, principalmente, boas amizades com expositores e outros visitantes. Foi o que disse a visitante Lilian Rizzo à Jornalismo Júnior, que frequenta a bienal desde criança, ela vai ao evento não só pelas promoções mas principalmente pelos contatos com diferentes autores e para acompanhar as novidades literárias.
Entre aqueles que pretendem aumentar consideravelmente suas bibliotecas particulares, é comum o uso de uma mala de viagem para carregar grandes quantidades de livros adquiridos.
Um dos destaques do pavilhão é a presença de muitos espaços para fotos. Os estandes possuem áreas instagramáveis do universo dos livros, como Harry Potter (Rocco, 1998-2007) e A Hipótese do Amor (Editora Arqueiro, 2022), além de atividades interativas. Para as crianças, se destacam os estandes da Panini, da Bic e da Faber Castell.
Dicas e lembretes
Acesse o site da Bienal do Livro SP para conferir as atrações e se programar com antecedência. Apenas um dia de visita não é suficiente para aproveitar todo o evento. A estação de metrô Portuguesa-Tietê da Linha 1-Azul é a mais próxima do Distrito Anhembi. Ao lado da estação, atravessando o Shopping Convém, há ônibus circulares gratuitos de ida e volta que funcionam de 1h antes até 1h depois do evento.
De segunda a sexta, a Bienal funciona das 9h às 22h, e, aos finais de semana, das 10h às 22h – com entrada permitida até às 21h. Apenas no dia 15, último dia do evento, o horário será das 10h às 21h, com acesso até às 19h. Para entrar no evento é preciso do ingresso (impresso ou no aplicativo Fever) e documento com foto. Não há acesso a Wifi gratuito no pavilhão, por isso a Jornalismo Júnior recomenda o ingresso em papel ou baixado no celular para evitar eventuais transtornos com o sinal de internet.
Foto de capa: [Imagem: Henrique Giacomin/Acervo Pessoal]