Este filme faz parte da 42ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. Para mais resenhas do festival, clique aqui.

O século XX foi o século das revoluções. Foi o tempo em que os jovens, principalmente, lutaram e exigiram liberdade. Queriam mudança, revolução. E o que sobrou para as gerações seguintes? Acomodarem-se no sofá enquanto desfrutam de toda a tecnologia existente, de smartphones e internet? Deixem os Velhos Morrerem (2018) explora o desejo que alguns membros da atual geração possuem: sentir emoções verdadeiras, não virtuais, ter uma causa para lutar, fazer história. Uma que seja diferente de curtidas no iInstagram.
Kevin (Max Hubacher), entediado com sua vida pacata e sem problemas, passa a ser assombrado por um fantasma punk, então decide iniciar uma nova forma de viver. Após destruir seu celular, junto a seu amigo Manuel (Julian Koechlin), decide formar uma comunidade. Para tal, utilizam uma casa abandonada que encontram; preparam uma espécie de casting para selecionar os membros do grupo e iniciam a “revolução”.
Apesar de querer viver como antigamente, Kevin descobre que nem todas as questões ligadas por esse tema são fáceis de lidar. Como quando sua namorada sugere que o grupo experimente o amor livre e sem rótulos, ou quando ele descobre que um dos membros da casa está usando heroína.

O filme utiliza um recurso bastante simples, mas que faz toda a diferença: o preto e branco. Nas cenas em que Kevin está vivendo a “nova” era com seus amigos, o longa é exibido nessa faixa de cinzas, o que serve para dar mais ênfase ao viver como as gerações revolucionárias do passado. Nas cenas fora desse contexto, o filme volta a ganhar cor. A trilha utilizada também soube dar este aspecto de passado punk, com muitas músicas de rock e heavy metal.
Porém, alguns pontos são questionáveis, como o fato de a mãe de Kevin, além de não saber o paradeiro do filho, também não se importar com isso. E seu pai, que indo morar com Kevin muda da água para o vinho. Do homem que trabalhava de terno para um sujeito totalmente liberal. Assim, de repente.
De qualquer forma, Deixem os Velhos Morrerem (2018) traz uma importante reflexão sobre como a história está sendo escrita pela nova geração.
Confira o trailer original:
por Crisley Santana
crisley.ss@usp.br