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48ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo: cinema indiano e infância são focos da edição

Festival que ocorre de 17 a 30 de outubro apresenta uma série de homenagens, filmes restaurados e produções premiadas
Pôster da 48ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo
Por Samuel Cerri (samuel.cerri@usp.br)

A cidade de São Paulo recebe, entre os dias 17 e 30 de Outubro, a 48ª edição da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, com cerca de 415 filmes, masterclasses e outros eventos anexos ao famoso festival. A filmografia selecionada pela curadoria da Mostra conta com mais de 82 países e diversos gêneros cinematográficos, com atenção especial às produções feitas na Índia.

Confira a vinheta dessa edição:

Seguindo a tendência do último festival, o Norte do Brasil volta a receber parte da Mostra. Dessa vez, Belém (PA) foi a cidade escolhida para sediar o evento entre os dias 31 de outubro e 06 de novembro, após o que a organização considerou “um sucesso das exibições” em Manaus

Já o tradicional movimento promovido pelo Sesc em cidades do interior leva parte do festival para as sedes da instituição em Araraquara, Piracicaba, Presidente Prudente, Ribeirão Preto, Rio Preto, São Carlos, Birigui, Sorocaba, Jundiaí e Campinas, de 15 de novembro a 15 de dezembro.

Satyajit Ray recebe retrospectiva nessa edição da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, sendo um dos grandes nomes da cinematografia indiana [Imagem: reprodução/ IMDb]

O grande homenageado da edição é Satyajit Ray, cineasta, artista gráfico, compositor, roteirista, escritor, diretor de arte, de fotografia, de som e editor indiano. O cartaz dessa edição da Mostra e da 1ª Mostrinha fazem parte do storyboard de Satyajit e foram escolhidas por seu filho Sandip Ray, também diretor de cinema. 

A Mostra exibe uma retrospectiva das produções do cineasta, que conta com 7 filmes: A Canção da Estrada (Pather Panchali, 1955), seu primeiro longa e filme do qual foi retirado o cartaz do evento, O Invencível (Aparajito, 1956) e O Mundo de Apu (Apur Sansar, 1959), que compõem a chamada “Trilogia Apu”. Além desses, a homenagem conta com O Covarde (Kapurush, 1965), O Herói (Nayak, 1966), A Grande Cidade (Mahanagar, 1963) e A Esposa Solitária (Charulata, 1964), encerrando a homenagem a Satyajit.

Também são relembrados e recebem homenagem os 100 anos do ator italiano Marcello Mastroianni, com a exibição de Marcello Mio (2024), de Christophe Honoré, e a restauração de 6 filmes com sua participação, entre eles Três Vidas e Só uma Morte (Trois Vies et une Seule Mort, 1996) e Dois Destinos (Cronaca Familiare, 1962). Um longa que conta com sua participação, Olhos Negros (Oci Ciornie, 1987), ganha versão restaurada exclusiva do diretor Nikita Mikhalkov, com a aparição de uma personagem totalmente retirada do filme original.

Os 50 anos da Revolução dos Cravos também são celebrados com a exibição da cópia restaurada de Capitães de Abril (2000), de Maria de Medeiros. A diretora do filme vencedor do prêmio do júri de melhor filme da 24ª edição da Mostra participará de uma conversa com o público na programação do evento.

Ziraldo é mais conhecido por ser criador do “Menino Maluquinho”, mas também foi ativista político e responsável por desenhar a logo do Partido Socialismo e Liberdade (PSoL) [Imagem: Reprodução/ Instagram/ @ziraldooficial]

Outra pessoa agraciada na 48ª Mostra é o cartunista brasileiro Ziraldo, que faleceu em 2024. Em sua homenagem, a curadoria montou parte do itinerário de uma das novidades da edição: a 1ª Mostrinha, com a exibição de Menino Maluquinho – O Filme (1995), de Helvécio Ratton, e Menino Maluquinho 2 – A Aventura (1998), de Fernando Meirelles.

1ª Mostrinha e a preservação da infância

Estreando pela primeira vez nesta edição, a Mostrinha lança um olhar sobre a infância e a juventude, num momento que Renata de Almeida, diretora do Festival, classificou como “delicado”. “Temos que ter um olhar para a criança. A invenção da infância foi um marco civilizatório da humanidade, mas a infância está sendo perdida novamente”, declarou no evento de lançamento da Mostra no Espaço Augusta.

A diretora comenta a necessidade de uma formação de público no Brasil. “Achei importante a gente marcar e fazer a Mostrinha esse ano, com a discussão de formação de público, da infância e das crianças serem criadas não para o ódio, o que é feito desde o começo [da infância].”

A Mostrinha também comemora os 30 anos do Castelo Rá-Tim-Bum (1994–1997), programa infantil de TV brasileiro famoso nos anos 90 e 2000. Entre as produções de um dos programas infantis mais populares da da TV Cultura está seu tema de abertura, composto por André Abujamra, o Ratinho tomando banho ao som de Meu Pé, Meu Querido Pé, de Hélio Ziskind, e o “Senta que lá vem história”, quadro do Castelo Rá-Tim-Bum que exibia contos para crianças.

O Studio Ghibli também marca presença no evento. O estúdio, famoso pelas produções animadas do animador Hayao Miyazaki, como o laureado do Oscar A Viagem de Chihiro (Sen to Chihiro no Kamikakushi, 2001) e Princesa Mononoke (Mononoke-hime, 1997), aparecerá com a exibição de Ponyo: uma Amizade que Veio do Mar (Gake no ue no Ponyo, 2008). A animação venceu o prêmio Fundação Mimmo Rotella, no Festival de Veneza, no ano de lançamento. Juntamente ao clássico japonês, será revisitado a versão restaurada do indiano Kummatty – O Bicho-Papão (Kummatty, 1979), de Govindan Aravindan.

Cena de Kummatty, filme indiano que será restaurado para a 1ª Mostrinha [Imagem: Reprodução/ IMDb]

Outros filmes integram a lista geral: a coprodução holandesa-belga Corações Jovens (Young Hearts, 2024), o francês O Grande Natal dos Animais (Animal Tales of Christmas Magic, 2024), o francês Angelo na Floresta Misteriosa (Angelo Dans la Forêt Mystérieuse, 2024), a coprodução entre Luxemburgo, Holanda e Bélgica A Raposa e a Lebre Salvam a Floresta (Fox & Hare Save the Forest, 2024) e o indiano Boong (2024), todos inéditos no Brasil.

A abertura da Mostrinha ocorre dia 17 de outubro, na Sala São Paulo, com a exibição de A Arca de Noé (2024), dos diretores Sérgio Machado e Alois di Leo. Após a sessão, o público poderá conversar com os dubladores da obra, entre eles Marcelo Adnet, Alice Braga e Rodrigo Santoro. Outro detalhe sobre o longa é que O. Naresh Kumar, produtor indiano, também fez parte da criação do filme, consolidando a participação de destaque do país na 48ª Mostra.

“Foco Índia” e produções orientais

A Índia bate uma série de recordes quando se trata de produção cinematográfica. Hoje, é o país que mais produz filmes no mundo, a maioria vindos de seu maior expoente: Bollywood, que Renata de Almeida classificou como “cinema pós-colonial”. “Temos muito o que aprender [com o cinema indiano]. São sessões cheias, há o Bollywood, mas há também o cinema popular.”

Renata destacou a diversidade por trás das produções: “estudamos a produção deles e são 21 línguas, cada região tem sua indústria de cinema. É uma diversidade tão grande dentro do próprio país que decidimos fazer uma aula magna sobre o cinema indiano. Eles podem ser um parceiro muito importante de negócios”.

Tudo que Imaginamos como Luz (All We Imagine as Light, 2024) foi exibido no Festival de Cannes e ganhou o  grande prêmio do júri no evento [Imagem: Reprodução/ IMDb]

Além da retrospectiva de Satyajit Ray e da masterclass “A evolução do cinema e as mudanças sociais e culturais da Índia”, o Foco Índia contará com a exibição total de 30 filmes, dentre eles Tudo que Imaginamos Como Luz (All We Imagine as Light, 2024), segunda produção da diretora Payal Kapadia e vencedor do prêmio Grand Prix em Cannes, Na Barriga de um Tigre (In the Belly of a Tiger, 2024), de Siddhartha Jatla, e Roubado (Stolen, 2023), do estreante Karan Tejpal, exibido no Festival de Veneza. A Mostra traz ao Brasil uma delegação da Índia formada por cineastas, produtores e atores contemporâneos.

O Oriente Médio também recebe destaque na seleção de filmes. Contos de Gaza (Gazan Tales, 2024), do palestino Mahmoud Nabil Ahmed, Happy Holidays (2024), do palestino Scandar Copti, e A Lista (The List, 2023), da iraniana Hana Makhmalbaf, são algunas das produções que integram o itinerário, que conta com outros 8 longas-metragem.

O documentário Israel Palestina na TV Sueca 1958-1989 (Israel Palestina Pa Svensk TV 1958-1989, 2024), do sueco Göran Olsson, também compõe parte da exibição [Imagem: Reprodução/ IMDb]

Segundo Renata de Almeida, a recente escalada de conflitos no Oriente Médio, com a invasão de Israel em Gaza, Cisjordânia e Sul do Líbano, pode trazer polêmica para essa parte da Mostra, mas ela não pode ser evitada. “Não acredito que a gente tenha que fugir das polêmicas e da discussão. A Mostra existe para se poder discutir e discordar de maneira civilizada. A tentativa do Festival é contribuir com um debate civilizado novamente” contou a diretora.

Filmes em destaque

Maria Callas (Maria, 2024), de Pablo Larraín, faz a abertura da 48ª Mostra dia 16 de outubro e é um dos mais aguardados filmes do evento. Além dela, outra seleção muito esperada são os concorrentes à próxima edição do Oscar de Melhor Filme Internacional, que somam 13 candidatos nessa edição da premiação. São eles: O Banho do Diabo (Des Teufels Bad, 2024), Julie Permanece em Silêncio (Julie Zwijgt, 2024), Segundo Prêmio (Segundo Premio, 2024), As Antiguidades (Antikvariati, 2024), Vermiglio (2024), Afogamento Seco (Sesės, 2024), Sujo (2024), O Vidreiro (The Glassworker, 2024), Sob o Vulcão (Pod Vulkanem, 2024), Grand Tour (2024), Ondas (Vlny, 2024), Dahomey (2024) e o mais aguardado do público brasileiro: Ainda Estou Aqui (2024), que conta com Selton Mello, Fernanda Torres e Fernanda Montenegro no elenco.

Anora (2024), vencedor do Palma de Ouro em Cannes, Linha Verde (Green Line, 2024), vencedor do prêmio Mubi de filmes no Festival de Locarno, Memórias de um Caracol (Memoir of a Snail, 2024), melhor filme no Festival de Cinema de Animação de Annecy, Manas (2024), de Marianna Brennand, Melhor direção na Jornada dos Autores em Cannes, e Pequenas Coisas como Estas (Small Things like These, 2024), que abriu o Festival de Berlim, também constam na programação da 48ª Mostra.

IV Encontro de Ideias Audiovisuais

O 4º Encontro de Ideias Audiovisuais acontece entre os dias 24 e 26 de outubro, na Cinemateca Brasileira. O evento é gratuito e aberto ao público geral, que deverá fazer o credenciamento via formulário online. O “III Mercado”, o “VIII Fórum” e o “VIII Da Palavra à Imagem” compõem a grade dessa edição.

A programação do “III Mercado” contará com a participação da delegação indiana, para discutir temas do mercado audiovisual. Já o “VIII Fórum” aborda a relação entre a produção audiovisual e cinematográfica com o streaming e a situação desses setores pós-pandemia.

“Da Palavra à Imagem” traz seis editoras com potenciais livros para serem adaptados ao cinema. A Mostrinha garante espaço exclusivo de livros infantis durante essa parte do evento. Também é promovida uma masterclass sobre adaptações literárias para o audiovisual. 

O “Da Palavra à Imagem” leva ainda o lançamento dos livros Vinte e Cinco: Escritos de Cinema (Companhia Editora de Pernambuco, 2024), com sessão de autógrafos do autor Luiz Joaquim, e O cinema de perto: prosa e poesia (Record, 2024), do escritor Carlos Drummond de Andrade, seguido de uma conversa com o editor Cassiano Elek Machado.

Premiações

A 48ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo concede seu tradicional Prêmio Humanidade para o cineasta haitiano Raoul Peck, responsável pelo documentário Eu Não Sou Seu Negro (I Am Not Your Negro, 2016), indicado ao Oscar de Melhor Documentário em Longa-Metragem no ano seguinte do lançamento do filme. Sua recente produção Ernest Cole: Achados e Perdidos (Ernest Cole: Lost and Found, 2024), vencedor de melhor documentário em Cannes em 2024, será exibida de forma inédita no Brasil no Festival.

Ao final do evento, serão concedidos ainda: Troféu Bandeira Paulista — os mais bem votados do público da seção Competição Novos Diretores —, Prêmio da Crítica, escolha de jornalistas para melhor filme estrangeiro, Prêmio ABRACCINE, para diretores estreantes escolhido pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema, Prêmio Paradisio, escolhido entre a seção Mostra Brasil, e o 3º Prêmio Brada de Direção de Arte.

A Netflix volta a entregar, pela segunda vez, um prêmio concedido a um filme brasileiro participante da 48ª Mostra que não tenha contrato com nenhum serviço de streaming. O filme vencedor será adquirido pela plataforma e ganhará exibição internacional.A compra de ingressos permanentes, avulsos e pacotes para participar da Mostra em SP podem ser adquiridos através do aplicativo oficial do Festival ou do site da Velox. A Mostra On-line pode ser acessada nos aplicativos Sesc Digital e Spcine Play. O Evento também conta com exibições gratuitas e ao ar livre, além de salas de cinemas, espaços culturais e Centros Educacionais Unificados (CEUs), que podem ser consultados aqui.

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